Na semana passada, um incidente em um viaduto da pista expressa da marginal Pinheiros, na cidade de São Paulo, chamou a atenção do público para um problema sentido na pele por caminhoneiros todos os dias: a falta de infraestrutura nas estradas. Dados mostram que uma em cada cinco pontes ou viadutos no Brasil precisa de reforma.
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O viaduto localizado na segunda via mais movimentada da capital paulista, com trafego diário de 450 mil veículos, cedeu cerca de dois metros na madrugada da última quinta-feira, 15, provocando a interdição da via e longas filas que se estenderão pelos próximos dias.
Pelo menos 20 km de extensão do viaduto estão interditados e não há previsão de reabertura total. Segundo a gestão Bruno Covas, estudos e obras de escoramento serão feitos no período para avaliar a situação.
Hoje, uma em cada cinco pontes ou viadutos sob jurisdição federal requer intervenções. Na cidade de São Paulo, vistoria da própria prefeitura em 185 pontos constatou a necessidade de manutenção em 33 —as licitações para essas obras, porém, estão suspensas.
O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), vinculado ao Ministério dos Transportes, tem um programa para cuidar das cerca de 8.000 pontes e viadutos sob sua jurisdição. O próprio órgão detectou que 1.712 das estruturas (21%) necessitam de ajustes. Destas, 920 foram consideradas prioritárias.
Problemas de estrutura
A Pesquisa CNT de Rodovias 2017 apontou que 64% das pontes e viadutos em rodovias não têm ou acostamento ou defensa (guard-rail) completos, situação que agrava os riscos aos usuários. Em 10% dos casos, não há as duas coisas – nem acostamento nem defensa.
Os dados contabilizam apenas estradas e dizem respeito a esses recursos de segurança na superfície da ponte, sem levar em conta outros problemas estruturais.
A estrutura de uma ponte ou viaduto sofre um tipo diferente de desgaste. Pela natureza da construção, pontes e viadutos se movimentam verticalmente ou horizontalmente.
O movimento vertical ocorre pela entrada de uma quantidade expressiva de peso na estrutura, como um caminhão carregando 40 toneladas. O horizontal se dá pelo tráfego desse peso pela estrutura, gerando um movimento de “vai e vem”. Esses dois tipos de movimento causam desgaste e, por isso, esse tipo de construção precisa ser avaliada de tempos em tempos.
Existem, inclusive, normas que estabelecem regras para a inspeção de estruturas de concreto como pontes, viadutos e passarelas. Uma das diretrizes especificada pela norma 99452/2016 diz que inspeções rotineiras, que avaliam a conservação de estruturas e incluem uma nota de classificação devem ocorrer, no máximo, uma vez por ano.
Já inspeções especiais, que são mais detalhadas, devem ocorrer a cada 5 anos. Além dessas, existem também as inspeções extraordinárias, que são ordenadas em ocasiões excepcionais e emergenciais.
Quem cuida de pontes e viadutos no país?
A atribuição de fiscalizar e manter a integridade dessas estruturas é da administração responsável pela malha viária específica. É da Prefeitura de São Paulo, portanto, a responsabilidade por inspecionar e reparar pontes dentro da cidade. O governo de cada unidade federativa deve zelar pelas obras em rodovias estaduais, enquanto a União cuida das que pertencem a estradas federais.
No caso de rodovias sob concessão, a fiscalização é de responsabilidade pública, e a manutenção, da concessionária. No caso da rodovia dos Imigrantes, por exemplo, que liga São Paulo à Baixada Santista, quem deve verificar os riscos de seus viadutos e pontes é a equipe do DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem).
A partir dessa aferição, a concessionária é quem fica responsável por fazer eventuais obras. As informações são da Folha de S. Paulo.
Outras pontes
Por aqui no Pé na Estrada sempre falamos sobre trechos que precisam de manutenção, em especial pontes e rodovias. No início deste ano, por exemplo, uma ponte rompeu na BR 265 devido sua estrutura desgastada. Os destroços atingiram um motorista de caminhão que passava pelo local, mas ninguém saiu ferido.
Dois meses após o ocorrido, a passagem foi reinaugurada e hoje está liberada para a circulação de veículos. A fonte das informações é o Portal G1.
Mas nem todos os casos são resolvidos com tanta agilidade. Um exemplo é a ponte que caiu há quase 3 anos na MA 119, no Maranhão. Alguns motoristas ainda arriscam fazer a travessia do trecho em duas barras de ferro, que improvisam uma passagem no local onde a antiga ponte ficava. O risco de queda é grande.
Outro exemplo é a ponte da BR 153, a Belém-Brasília, na altura do Rio das Almas, em Ceres, no estado de Goiás. Com quase 190 metros, a ponte balança quando os veículos passam. Por causa de problemas na estrutura, não dá mais para liberar a passagem de veículos nos dois sentidos ao mesmo tempo. As informações são do Jornal Nacional.
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Por Pietra Alcântara