O mercado de caminhões vive um momento de instabilidade por conta da alta dos juros. A única ressalva, no último mês, fica por conta das exportações. Os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) retratam um crescimento dos pesados enviados a outros países.
Veja os números de agosto de 2025: Produção, Vendas e Exportações
A queda na produção de caminhões, comparando agosto deste ano com o do ano anterior, foi de 22,9%. No mês passado, a indústria produziu 10,1 mil veículos, enquanto em agosto de 2024, 13,1 mil.
Nas vendas, a queda foi de 22,9%. Em agosto deste ano, foram emplacados 8,9 mil veículos, contra 11,5 mil caminhões de agosto de 2024.
Já as exportações tiveram aumento no volume de 88,1%. No mês passado, foram enviados 2,8 mil caminhões para o exterior. Já em agosto do ano anterior, 1,5 mil.
Os números do acumulado do ano não são diferentes
Como colheita de um ano que a taxa Selic está elevada, atingindo o setor de pesados, o reflexo também cai sobre o acumulado. Na produção, a queda foi de 1,0%. Com isso, a produção de caminhões do ano até o momento foi de 88,5 mil, enquanto de janeiro a agosto de 2024, foi de 89,4 mil veículos.
Já as quedas dos emplacamentos atingiram 6,7%. De janeiro a agosto deste ano, foram vendidas 74,3 mil unidades, já no mesmo período do ano passado foram 79,6 mil.
Todavia, o crescimento das importações no acumulado cresceu 89,6%. Até o momento, foram exportados 19 mil caminhões, enquanto de janeiro a agosto de 2024, foram 10 mil.
O que diz a Anfavea sobre o mercado
Segundo a Anfavea, a melhor notícia para a indústria no mês de agosto foi a exportação de 57,1 mil unidades, melhor resultado desde junho de 2018.
Esse volume representou uma alta de 19,3% sobre julho e de 49,3% sobre o mesmo mês do ano passado, e teve como grande responsável a Argentina, que já responde por 59% dos embarques no ano.
O acumulado geral de janeiro a agosto soma 313,3 mil unidades, 12,1% acima das exportações nos primeiros oito meses de 2024.
No setor de pesados, o Brasil exportou para a Argentina 11 mil caminhões, cerca de um aumento de 45% em relação a 2024, com 4 mil veículos mandados para o país vizinho.
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Por outro lado, em agosto, a China foi o principal porto de origem dos importados emplacados pela primeira vez na história, superando a Argentina, que ocupa esse posto desde o início dos anos 1990.
Conforme a Associação, entre todos os segmentos de autoveículos, o que mais sofre os efeitos dos juros elevados, da alta inadimplência e da desaceleração da atividade econômica é o de caminhões.
Em agosto, pela primeira vez houve queda na produção acumulada em relação a 2024. O recuo é de apenas 1%, mas indica uma inversão da curva de crescimento que se mantinha ao longo dos primeiros sete meses do ano. O mercado interno de caminhões já vinha em retração desde abril.
“No caso dos caminhões, nem a alta das exportações está sendo suficiente para sustentar os níveis de produção, o que já começa a se refletir em perdas de postos de trabalho nas fábricas de pesados”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.
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Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.