Você ainda usa ganchos que funcionam como ponto de ancoragem para as cordas na sua carroceria de madeira? Se sim, saiba que eles foram proibidos! Agora, o motorista deve usar fixadores metálicos. Essas mudanças aconteceram graças ao Contran. A gente explica:
Novas regras para amarração de cargas
Tudo começou com a Resolução 552, editada em 2015. Ela proíbe o uso de cordas para amarração de cargas e permite que sejam usadas apenas para amarrar a lona. No lugar das cordas, devem ser usadas cintas e faixas.
Essa resolução também impedia a fixação de pontos de ancoragem na madeira e inviabilizava a fabricação das carrocerias de madeira. Imagine todo motorista que possui esse tipo de implemento tendo de substituir as carrocerias?
Para que isso não acontecesse, mais tarde o Contran emitiu uma nova resolução, a 588. Essa exigia que as carrocerias de madeira tivessem chassi e travessas metálicas, proibindo o uso dos ganchos direto na madeira.
Falamos também com Carlos Rodrigues, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Carrocerias de Madeira, para saber o posicionamento da associação sobre o assunto. Clique aqui e ouça o podcast.
Depois, houve outra resolução, a 631, que obriga as novas carrocerias de madeira a serem construídas com madeira de alta densidade e resistência, além do uso de fixadores metálicos de perfil u. Um fixador também fica preso diretamente na madeira da carroceria, como o antigo gancho, mas existem algumas diferenças.
Gancho x fixador metálico
A principal é que o gancho era fixado apenas com um parafuso na vertical. O novo fixador metálico possui três parafusos – um na vertical e dois na horizontal – o que permite que sua base tenha mais sustentação.
Além disso, um laudo feito pela USP apurou que antes de romper, o novo dispositivo suporta uma carga bem mais elevada que a suportada pelo antigo gancho. Mas fique atento: não vale fabricar por conta própria. O fixador precisa ser homologado, assim você se certifica de que ele atende à todas as exigências do Contran.
Quanto custa?
Fazer as alterações na carroceria de madeira para adequá-la às leis do Contran pode pesar no bolso, mas a alternativa é mais barata que substituir o implemento, que seria necessário caso o órgão tivesse exterminado as carrocerias de madeira.
O Pé na Estrada se baseou em uma carroceria de madeira com 16 ganchos de cada lado para fazer o cálculo. Com 32 ganchos ao total, para fazer a substituição o motorista desembolsaria R$ 960,00, já que cada dispositivo de metal custa R$ 30,00.
Mas no caso desse motorista, será necessário também substituir as travessas, já que os ganchos antigos as danificaram. Cada travessa custa R$ 200,00. Então, no final, o custo pesa um pouco mais.
Segurança em jogo
Como mostrado na reportagem do Jaime Alves no Pé na Estrada, as cintas realmente são mais resistentes que as cordas. O Pé na Estrada é a favor da segurança, mas sabe que ela depende de outros fatores que vão além dos mecanismos do caminhão e do implemento.
Um transporte seguro depende da atenção e prudencia do motorista, mas também é responsabilidade do poder público, que tem obrigação de garantir que os estradeiros trafeguem por estradas em boas condições e tenham pontos de apoio para descanso à sua disposição. É isso o que vemos acontecer na prática?
Veja a reportagem do Jaime Alves falando sobre esse assunto:
Por Pietra Alcântara