Todo mundo sabe que usar o celular ao volante é infração de trânsito e coloca não só o motorista, mas todos que estão na via, em risco. Essa, inclusive, é uma das 4 infrações mais comuns no trânsito. Pesquisas internacionais apontam que o risco de se envolver em um acidente quando o motorista está usando o telefone móvel eleva-se até quatro vezes.
As principais desculpas apresentadas foram o uso de aplicativo e a realização ou recebimento de ligações importantes ou urgentes.
O alerta ocorre em meio aos constantes flagrantes de motoristas utilizando o celular no trânsito, mesmo sabendo dos riscos. Balanço do Detran SP aponta crescimento de 20,6% nesse tipo de sanção, aplicada por agentes do órgão no primeiro semestre deste ano, em relação ao igual período de 2017.
Juntas, as noves cidades da Baixada Santista tiveram 900 autuações entre janeiro e julho do ano passado. A quantidade se elevou para 1.086 no mesmo intervalo deste ano. O que dá uma média de uma sanção a cada quatro horas. Essas multas não levam em conta as aplicadas nas estradas ou por fiscais dos municípios.
Mortes por dia
Para especialistas, na direção, o efeito no trânsito de manter os olhos vidrados na tela do celular coincide ao de consumo de álcool. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) o uso do celular ao volante é a terceira maior causa de mortes no trânsito – atrás apenas de dirigir embriagado e excesso de velocidade.
A entidade calcula que, ao menos, 150 pessoas morrem por dia no País em decorrência de acidentes automotivos por distração causada pelo telefone móvel. Veja também: Acidentes fatais – imprudência no trânsito pode ser mortal.
“Usar o celular ao volante é um risco tanto para o condutor quanto para as outras pessoas. É preciso mudar de atitude e, para isso, o Detran.SP busca formar e educar o cidadão, mas também fiscalizar a fim de garantir o cumprimento das leis e salvar vidas”, afirma o diretor-presidente do órgão paulista, Maxwell Vieira. “Afinal, a imprudência é um dos maiores fatores que causam acidentes no trânsito, que chega a matar 37 mil pessoas por ano no País”, completa.
Cerco
O maior volume de multas aplicadas pode ser explicado pelo cerco mais rigoroso à prática. E também na quantidade de atividades que os aparelhos modernos realizam. Antes, usar o telefone era sinônimo de fazer ligações – que, apesar dos riscos, o condutor mantinha uma das mãos ao volante e os olhos fixos no trânsito. Agora, os smartphones concentram um grande número de atividades: mandar mensagens de texto, conferir as redes sociais, usar aplicativos de comunicação instantânea e de navegação via GPS.
A diversidade gera problemas. O sociólogo Eduardo Biavati, especialista em segurança no trânsito, cita que o risco de acidentes ao dirigir e enviar mensagens aumenta 23 vezes. “Não existe comunicação, por mais urgente, que não seja possível aguardar 10, 15 minutos até o motorista chegar ao seu destino”, diz.
Biavati explica que uma mensagem se texto, mesmo que curta, consome segundos fatais da atenção do motorista. “É inquestionável que a distração ao digitar mensagens é maior do que ao falar. Envolve as dimensões cognitiva, visual e motora”, diz ele.
Um campo de futebol
Estudo feito pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi) concluiu que desviar o olhar para responder a uma mensagem no celular a 80 km/h equivale a dirigir pela extensão de um campo de futebol inteiro com os olhos fechados. Se essa velocidade fosse a metade, o carro “dirigiria sozinho” por uma extensão de 12 veículos populares enfileirados.
Como solução, Biavati indica o desenvolvimento de tecnologia que impeça a utilização do aparelho com o veículo ligado. Algumas montadoras já oferecem esse recurso em celular ligado ao carro. Os desenvolvedores de softwares para aparelhos móveis também prometem sistemas para o trânsito mais seguro. A aposta é um novo recurso que permite a resposta de mensagens por comandos de voz.
Adaptado de A Tribuna