Dia 12 de julho o o IBGE divulgou o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de junho de 2021, trazendo alerta às empresas do transporte, devido a nova alta no subgrupo de combustíveis.
As informações também foram publicadas pela CNT. O setor de transportes foi o que mostrou a maior variação acumulada em 12 meses, de 15,05%, considerando todos os grandes grupos de atividades que compõem o índice.
O aumento do preço dos combustíveis registrado pelo Índice
Dentro do grupo de transportes, o subgrupo de combustíveis foi o que apresentou a maior alta, de 43,92% em 12 meses, comparado com a categoria referente a veículo próprio (5,50%), sendo o subgrupo de transporte público o único com queda (-0,81%).
Em relação aos combustíveis, o maior acúmulo de aumento se mostrou no etanol, sendo 59,61%, seguido da gasolina (42,21%), e do óleo diesel (40,74%). Vale notar que o valor acumulado em 12 meses para os combustíveis foi em grande parte influenciado pelos aumentos acelerados dos preços entre fevereiro e março de 2021.
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Diante da crise hídrica atual vivida pelo país, o acréscimo do preço da energia elétrica (1,95%) mostrou grande contribuição para a inflação ocorrida em junho. As estiagens influenciaram igualmente o aumento do preço do etanol entre maio e junho (2,14%).
No que tange aos combustíveis, a gasolina, o etanol e o óleo diesel também mostraram aumento de preços tanto em maio (2,87%, 12,92% e 4,61%, respectivamente) quanto em junho (0,69%, 2,14% e 1,10%, respectivamente). Esse resultado contrasta com as quedas de preço dos combustíveis observadas em abril, no contexto de políticas de isenções tributárias e cortes de exigência do teor do biodiesel no diesel no período.
A alta no índice IPCA
O IPCA geral, no acumulado dos últimos 12 meses (8,35%), está bem acima do teto da meta (5,25%), definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Caso continue sofrendo pressões, ou seja, se a inflação continuar aumentando, o Banco Central pode rever para cima as metas da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), que já sofreu três aumentos em 2021, chegando ao nível atual de 4,25%, em vista de, entre outras razões, estimular a poupança, tornar mais caro o acesso ao crédito e diminuir o ritmo de reaquecimento da demanda da economia.
O impacto no setor de transportes
Esse cenário pode não ser favorável para o transportador. Para as empresas do setor, o impacto mais direto deve ocorrer na tomada de crédito com custo maior, dificultando alguns investimentos em um período de crise por conta da pandemia de coronavírus. Outro risco é o possível desaquecimento da economia, que pode diminuir a procura pelas atividades e serviços do meio, importante intermediário entre o produtor e o consumidor, podendo acender um sinal de alerta nas empresas do transporte.
Outro impacto no setor por conta do aumento no preço dos combustíveis é a ameaça de greve. O aumento e a imprevisibilidade dos valores têm despertado forte descontentamento em transportadores e motoristas autônomos. Autônomos alegam que o aumento visto no diesel não é repassado ao frete, inviabilizando a atividade.
Movimentos entre os dias 25 e 26 de julho não evoluíram para um greve generalizada, mas demonstraram que o setor está pressionado, situação parecida com o cenário de 2018.
Por Daniel Santana com informações da Agência CNT Transporte Atual