O Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas no Brasil, lançado pela [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, apresenta a primeira estimativa da frota em operação no Brasil, cerca de 1,65 milhão, sendo 1,35 milhão de tratores, 217 mil colheitadeiras e 82,5 mil pulverizadores.
Para efeito de comparação, circulam no Brasil mais de 2,2 milhões de caminhões. Tanto as máquinas agrícolas quanto os veículos de carga compartilham um dado preocupante: a idade média acima de 15 anos.
Brasil tem mais de 1,65 milhão de máquinas agrícolas
O relatório aponta desafios para a renovação tecnológica, marcada pela dependência de crédito e pela crescente adesão à locação, além de destacar tendências como maior conectividade, máquinas inteligentes e interesse em alternativas energéticas, como etanol e biometano.
Segundo Luis Vinha, sócio-diretor da [BIM]³, “o estudo abrange máquinas agrícolas em culturas-chave como milho, soja, trigo, cana de açúcar, café, algodão e arroz, consolidando-se como a pesquisa mais completa já desenvolvida para compreender o presente e projetar o futuro da mecanização do agronegócio nacional”.
A idade média da frota é de 15 anos — 18 nos tratores, 10 nas colheitadeiras e 8 nos pulverizadores — e mais da metade já supera os 15 anos de uso, evidenciando a permanência de equipamentos defasados em operação. Outro dado relevante é que apenas 33% das propriedades rurais têm acesso à internet.
Quem compra mais máquinas agrícolas?
No recorte por perfil, proprietários e familiares próximos respondem por mais de 70% das aquisições, o que reforça o peso estratégico desse investimento. Embora os homens ainda liderem as decisões, algumas culturas já registram maior protagonismo feminino, no café, por exemplo, as mulheres tomam 18% das decisões.
O estudo também revela que 11% das propriedades alugam tratores, 38% recorrem à locação de colheitadeiras e 19% utilizam pulverizadores alugados. A prática cresce diante da dificuldade de financiamento, que segue como variável crítica para a mecanização agrícola no Brasil.
Embora os produtores recorram majoritariamente aos bancos públicos, a burocracia continua sendo um entrave, atrasando processos e retardando a renovação da frota.
Esse cenário, somado ao alto custo dos equipamentos, reforça a busca por locação e abre espaço para soluções financeiras mais ágeis e inovadoras.
“O crédito precisa acompanhar o novo ciclo de modernização do campo. Sem mecanismos mais rápidos e acessíveis, a demanda reprimida não se converte em investimento, e o país posterga ganhos de produtividade e competitividade”, analisa Boschi.
Qual máquina é a mais usada?
Na análise por cultura, os tratores marcam presença em praticamente todas as lavouras. Já as colheitadeiras mostram menor penetração: 55% na soja, 45% no milho e 35% no algodão. Os pulverizadores aparecem em 30% da soja e em 25% do milho.
“Esse comportamento demonstra que quanto maior o valor agregado do equipamento, menor a presença — como no caso das colheitadeiras. Os pulverizadores autopropelidos foram introduzidos mais recentemente e competem com outras estratégias de pulverização”, explica Gregori Boschi, sócio-diretor da [BIM]³.
Qual o combustível mais usado?
Assim como nos caminhões, o diesel deve seguir como combustível predominante nos próximos anos, representando 96% da matriz em tratores, 90% em pulverizadores e 86% em colheitadeiras.
Porém, a transição energética no agro brasileiro já dá sinais: o etanol desponta como alternativa em 19% das colheitadeiras e 13% dos pulverizadores, enquanto o biometano ganha espaço em 9% dos tratores e pulverizadores e 11% das colheitadeiras.
Conclusão e projeção das máquinas agrícolas no Brasil
Com base em sua metodologia de projeção, a [BIM]³ estima que, até 2030, a frota agrícola brasileira deverá alcançar cerca de 1,8 milhão de unidades — 1,48 milhão de tratores, 231 mil colheitadeiras e 89 mil pulverizadores — com detalhamento por estado.

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.