A corrida pelo primeiro caminhão elétrico pesado viável no mercado está animada. No mês passado mostramos como a Mercedes-Benz entrou no páreo com a apresentação do E-Fuso. Por aqui, essa tecnologia já é usada por algumas empresas, como a Corpus, que possui um caminhão de lixo 100% elétrico. Na Fenatran 2017, a MAN apresentou um caminhão elétrico fabricado no Brasil. Na última semana foi a vez do esperado caminhão da Tesla, o Tesla Semi.
A empresa nunca fez veículos comerciais antes, mas ainda assim afirma ter desenvolvido o melhor, mais moderno, mais seguro e mais econômico caminhão jamais fabricado no mundo. Veja as características desse pesado.
Capacidade, autonomia e velocidade
O Tesla Semi é um cavalo mecânico preparado para um PBTC de 36 toneladas, o máximo permitido nas estradas americanas. Ele é rápido na partida, faz de 0 a 100 km/h em 5 segundos quando está só com o cavalo e em 20 segundos acoplado a carreta com carga total.
Para garantir essa performance ele conta com 4 motores, um em cada roda. Cada um com mais de 250 cavalos, ou seja, são mais de 1.000 cavalos acompanhados de muito torque. O torque garante o desempenho na subida. Segundo a empresa, enquanto um caminhão a diesel sobe a 72 km/h uma rampa de 5%, o Semi alcançaria 105 km/h.
A Tesla garante que o veículo possui autonomia de 800 km, isso com peso máximo e a velocidade de cruzeiro. Na hora de “abastecer”, a marca terá grandes carregadores superpotentes que em 30 minutos já recarregam o suficiente para mais 650 km. A ideia é que os motoristas possam fazer essas recargas nos clientes ou nos postos durante os descansos obrigatórios.
Segurança
A Tesla garante que o caminhão é um dos veículos mais seguros já produzidos no mundo. Segundo a empresa, todos sairão de fábrica com um pacote que inclui freio emergencial automático (aquele que freia mesmo sem reação do motorista para evitar colisões – já existe em outras marcas), mantenedor de faixa de rolamento (não deixa o veículo sair da faixa se identificar que o motorista está dormindo ou não está respondendo aos estímulos), alerta de colisão frontal e até um sistema que identifica falta de resposta do motorista e chama a emergência se entender que ele teve um mal súbito ao volante.
Outro diferencial é o vidro. A fabricante garante que ele é praticamente inquebrável. Nos Estados Unidos é útil para evitar rachaduras por pedras soltas por exemplos, no Brasil seria uma ótima ferramenta contra os ataques com pedras tão comum em nossas rodovias. O centro de gravidade baixo, por conta das baterias, ajudam na estabilidade.
A telemetria também vem de fábrica, com diagnóstico remoto, alerta de manutenção preventiva, rastreamento e comunicação com a base. Tudo isso porém outras montadoras já oferecem, mas geralmente como opcional.
Motorista e automação
O Tesla Semi chega ao mercado com um nível 2 de automação (de um escala que vai de 0 a 5), ou seja, ainda depende totalmente do motorista. Mas a cabine é um assunto a parte. Feito para distâncias curtas e médias, o caminhão não tem leito. Já o motorista ganha um lugar novo, no centro. Segundo a Tesla, essa posição diminui pontos cegos. Aliás, nem retrovisor o Semi tem, ele possui câmeras dão a visão geral do caminhão. Não existe painel como estamos acostumados, o motorista tem o volante e duas telas touch de 15 polegadas onde encontra toda informação necessária. O caminhão, obviamente, é automático e a cabine tem 1,98 m de altura interna.
Embora esteja no nível 2 de automação, a Tesla garante que já seria possível andar em sistema comboio, com motorista apenas no primeiro caminhão. Isso garantiria, inclusive, um custo de operação ainda menor.
Custo de operação, preços e prazos
A pergunta que não quer calar é: quanto vai custar toda essa tecnologia? Será que vai mesmo funcionar? A Tesla garante não apenas que vai funcionar como que o caminhão não vai quebrar nos primeiros 1,5 milhões de quilômetros.
Realmente são muito menos partes, não tem transmissão, diferencial, a energia dos freios é aproveitada para reabastecer a bateria e, ainda segundo a empresa, nunca deixa na mão. Como são 4 motores, é muito difícil que todos deixem de funcionar ao mesmo tempo e ele funciona com apenas parte deles rodando. Ou seja, se houver um problema com um motor, dá tempo tranquilamente de chegar a um ponto de manutenção com a força dos outros.
Com tudo isso, a Tesla garante que o Semi tem um custo por km rodado 20% mais baixo que um caminhão a diesel. Claro que essa métrica vale para os Estados Unidos. Aqui os preços de diesel e energia são muito diferentes, mas com a subida constante do combustível, provavelmente seria viável aqui também.
O preço não foi revelado, mas a empresa diz que o investimento se paga em 2 anos. Se fosse possível realmente colocar os veículos em comboio, a Tesla garante que o custo cairia ainda mais e ficaria até mais barato que mandar a mercadoria por trem.
O veículo começará a ser produzido em escala comercial em 2019 e quem já fizer suas reservas agora, terá o caminhão em mãos em dois anos.
Para mais informações, assista ao vídeo da marca.
E você, confia nos caminhões elétricos para o futuro do transporte?
Por Paula Toco