De grãos a estradas: como o B100 começa a ganhar espaço

MercadoDe grãos a estradas: como o B100 começa a ganhar espaço

A Volkswagen Caminhões e Ônibus e a EcoRodovias iniciaram testes para avaliar o rendimento e a confiabilidade do B100, biodiesel 100% renovável de origem vegetal.

O estudo busca compreender a eficiência do combustível em condições reais de trabalho, medindo desempenho, consumo, impacto no ciclo de manutenção (como desgaste do motor e substituição de peças) e confiabilidade na operação.

Como funciona o B100?

Produzido integralmente a partir de soja, o B100 se apresenta como alternativa mais sustentável ao diesel fóssil e, segundo estudos da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Abiove e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pode reduzir em até 90% as emissões de CO₂.

Durante 12 meses, quatro caminhões Volkswagen rodarão com o combustível: um Meteor 29.530 (guincho), dois Delivery 11.180 (guincho) e um Constellation 17.190 (pipa).

O abastecimento ficará a cargo de um caminhão comboio da Petroservice, subcontratada da F8 Fuel, que operará a partir de um tanque instalado na base de Atendimento ao Usuário (SAU 2), em Araraquara (SP).

Outras iniciativas do B100 no Brasil

Essa não é a primeira iniciativa com B100 no país. A Amaggi, gigante do agronegócio, já opera uma frota de 103 caminhões Scania Super R500 abastecidos exclusivamente com o biodiesel produzido pela própria companhia.

Os veículos passaram por ajustes técnicos, como modificações no catalisador, vedação reforçada nos tanques, válvulas mais resistentes, válvula limitadora de pressão (FOU) e um software para identificação do combustível utilizado.

Na concessionária paulista, os testes da VW estão alinhados às metas de redução de emissões previstas na Agenda ESG 2030 da EcoRodovias.

Volvo FH B100
FH com motor flexível em combustível diesel

Outro fabricante que aposta no biocombustível é a Volvo. Durante a Fenatran 2024, a marca apresentou o FH B100, caminhão desenvolvido para operar tanto com biodiesel puro quanto com qualquer mistura de biodiesel e diesel.

O motor exclusivo e os sistemas reforçados permitem flexibilidade no uso do combustível, com redução de até 90% nas emissões de CO₂.

No entanto, a marca só comercializa o FH mediante consulta e autorização da ANP.

Apesar de ter eficiência energética menor, consumo de 3% a 4% acima do S10, o B100 é mais barato.

Conclusão:

O B100 já se mostra uma solução viável, mas ainda enfrenta desafios de regulamentação e infraestrutura de abastecimento. Para grandes grupos como a Amaggi, que produzem seu próprio combustível, a adoção é altamente vantajosa.

Já para concessionárias de rodovias, os testes têm caráter estratégico, servindo de vitrine tecnológica e ambiental.

O futuro dependerá, sobretudo, da demanda do mercado e da evolução regulatória no Brasil.

Jornalista do Pé na Estrada, Rodrigo Samy

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.

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