Antes de pegar a carga ou a estrada, muita gente se preocupa com o que levar na bagagem, nos documentos e com os horários da partida ou de chegada. Porém, poucos se perguntam se o corpo está pronto para a jornada.
Aqui no Pé na Estrada sempre há uma reportagem que orienta o caminhoneiro na hora da partida. Recentemente foi publicado uma assim: Documentos necessários para transporte de cargas: saiba quais são eles.
Mas ainda no preparo, um detalhe aparentemente simples que faz a diferença é ir ao banheiro antes de sair.
O urologista Joabe Carneiro explica que em um acidente de trânsito com a bexiga cheia amenta a chance de maior risco da ruptura desse órgão. Isso acontece porque quando está cheia, a bexiga está distendida, com maior pressão interna e com capacidade de absorção dos impactos.
Em casos de trauma abdominal ou fraturas na bacia, por exemplo, a ruptura pode causar complicações graves, como infecções generalizadas por todo o corpo.
Dirigir com a bexiga cheia ocasiona diversas implicações
“A bexiga fica bem protegida na cintura pélvica, com vários ossos e musculatura ao redor. Mas a parte superior, chamada cúpula vesical, fica mais desprotegida. Em um trauma abdominal com a bexiga muito cheia, essa região pode romper”, explica o médico.
Segundo Carneiro, se a bexiga se rompe, pode ocorrer infecção generalizada, que pode ser fatal. Por isso, recomenda-se esvaziar a bexiga antes de qualquer viagem.
“Quando há ruptura da bexiga por trauma, às vezes o impacto não é nem tão forte, mas se ela estiver muito cheia, o órgão pode se romper. É como uma bola cheia que estoura quando apertada, a urina cai na cavidade abdominal, causando inicialmente irritação e depois quadro de abdômen agudo traumático”, acrescenta.
Antônio sobreviveu à ruptura da bexiga e deixa um recado
O contador Antônio Cláudio Gaurão, que sofreu um acidente na Avenida Paralela, em Salvador, há três anos, teve ruptura da bexiga e passou por cirurgia de emergência. Após a experiência, ele reforça a importância de ir ao banheiro antes de dirigir:
“Tive um impacto muito forte e precisei de cirurgia de emergência. A recuperação foi complicada, com duas bolsas por cerca de 30 dias. Nunca mais vou dirigir com a bexiga cheia. É muito sério. É melhor ir ao banheiro e nunca correr esse risco.”
Direção com a bexiga cheia: risco oculto em acidentes
Além das complicações físicas, reter urina por longos períodos traz outros efeitos. Estudos mostram que a concentração cai e o estresse aumenta, pois o corpo ativa uma resposta de urgência e o cérebro foca no desconforto, diminuindo a atenção do motorista e retardando o tempo de reação.
O desconforto e a pressão na região pélvica também causam dor, contrações musculares e dificuldade de manter a postura, especialmente em viagens longas. Isso pode levar o motorista a mudar de posição constantemente, tirando o foco da estrada ou prejudicando reflexos em emergências.
A retenção de urina ainda favorece a proliferação de bactérias na bexiga, aumentando o risco de infecções urinárias. Em casos extremos ou repetidos, pode comprometer a função renal.
A bexiga cheia pode aumentar a pressão arterial, pois pressiona os rins, e o corpo reage elevando a pressão para manter o fluxo sanguíneo adequado. Essa é uma das razões pelas quais é importante esvaziar a bexiga antes de medir a pressão arterial. Portanto, vale se precaver.

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.