O mercado automotivo vive um momento de incerteza. O tarifaço dos Estados Unidos e a crescente ameaça das montadoras chinesas que operam no Brasil levaram a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) a revisar suas projeções para o segundo semestre de 2025.
A entidade reajustou as estimativas com base nos cenários interno e externo. A seguir, confira o desempenho do setor de veículos pesados em julho e no acumulado do ano.
Caminhões: Produção, Vendas e Exportações em julho de 2025
Em comparação com julho de 2024, a produção de caminhões cresceu 1,3%. Foram produzidas 12,1 mil unidades, frente a 11,9 mil no mesmo mês do ano anterior.
As vendas, no entanto, apresentaram queda de 6,6%. Em julho deste ano, 10,6 mil caminhões foram emplacados, contra 11,4 mil em julho de 2024.
As exportações registraram alta expressiva de 84,4%, com 2,8 mil unidades enviadas ao exterior, frente a 1,5 mil no mesmo mês do ano passado.
Caminhões: Acumulado de janeiro a julho de 2025
No acumulado do ano, a produção cresceu 2,8%, somando 78,4 mil unidades contra 76,3 mil no mesmo período de 2024.
As vendas caíram 4,1%, com 65,4 mil caminhões emplacados entre janeiro e julho deste ano, ante 68,1 mil no ano passado.
Já as exportações apresentaram forte crescimento de 89,8%, totalizando 16,2 mil unidades, contra 8,5 mil em 2024.
Ônibus: Produção, Vendas e Exportações em julho de 2025
A produção de ônibus aumentou 31,8% em julho, com 2.894 unidades produzidas, frente a 2.196 em julho de 2024.
As vendas recuaram 4,4%, com 2.381 unidades emplacadas, contra 2.490 no mesmo mês do ano passado.
As exportações cresceram 52,4%, com 599 unidades enviadas ao exterior, ante 393 em julho de 2024.
Ônibus: Acumulado de janeiro a julho de 2025
A produção acumulada de janeiro a julho cresceu 10,5%, com 18.636 ônibus fabricados, frente a 16.864 no mesmo período do ano anterior.
As vendas avançaram 23,5%, com 14.016 unidades emplacadas, contra 11.350 em 2024.
As exportações cresceram 52,3%, com 3.861 unidades enviadas, ante 2.535 no mesmo intervalo de 2024.
Novas projeções da Anfavea para o 2º semestre de 2025
A Anfavea revisou suas projeções para o segundo semestre de 2025. A expectativa de crescimento nas vendas caiu de 6,3% para 5%. A estimativa de produção foi mantida em 7,8%, enquanto a previsão de crescimento nas exportações saltou de 7,5% para 38,4%.
Segundo a entidade, o principal fator para a revisão nas exportações foi a surpreendente recuperação do mercado argentino, que voltou a demandar volumes significativos de veículos brasileiros.

Avaliação da Anfavea sobre o mercado
Apesar da leve queda nas vendas, o forte desempenho nas exportações compensa os resultados e permite à Anfavea manter a previsão de 2,749 milhões de unidades produzidas em 2025 — uma alta de 7,8% em relação a 2024.
“Apesar dos juros elevados e do aumento acima do razoável na entrada de produtos importados, precisamos continuar recuperando os volumes de produção, o que gera ganhos e empregos para toda a cadeia automotiva”, afirmou o presidente Igor Calvet.
Os veículos chineses já somam quase 88 mil emplacamentos no acumulado do ano, um crescimento de 41,2% em relação ao mesmo período de 2024, com estoques ainda elevados no país.
A participação dos eletrificados leves nas vendas cresceu de 6,7% para 10,9% em um ano, impulsionada principalmente pelos veículos híbridos produzidos no Brasil.
O emplacamento de 160 ônibus elétricos nacionais em julho estabeleceu um novo recorde, comemorado pela Anfavea como uma conquista industrial e ambiental relevante.
Pressões regulatórias e cenário internacional
A Camex (Câmara de Comércio Exterior) definiu que a cota ampliada de veículos desmontados (CKD e SKD) terá validade de seis meses, medida que atendeu a um pleito da fabricante chinesa BYD. Em contrapartida, o governo antecipou para janeiro de 2027 a aplicação da alíquota cheia de 35% para a importação desses veículos — antes prevista para julho de 2028.
Julho também marcou o lançamento do programa Carro Sustentável, que já impulsionou em 16,7% as vendas no varejo dos modelos inscritos, nas três primeiras semanas de vigência.
Por outro lado, a entidade demonstrou preocupação com o tarifaço imposto pelo governo dos EUA, que eleva os impostos sobre máquinas rodoviárias e agrícolas brasileiras.
A medida pode aumentar em US$ 960 milhões os custos de exportação e comprometer os volumes enviados aos Estados Unidos, um dos principais destinos das máquinas autopropulsadas fabricadas no país.
“Quanto à resolução da Gecex, que zerou o imposto de importação para CKD e SKD via cotas por seis meses, consideramos uma solução alinhada à política industrial vigente. No entanto, este é o limite aceitável para não comprometer empregos e investimentos da cadeia automotiva nacional”, concluiu Calvet.
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Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.