As emissões de Carteiras Nacionais de Habilitação nas categorias D e E caíram 30,88% nos últimos 10 anos. Os dados são do Ministério dos Transportes e se referem às expedições de CNHs de todo o Brasil.
A contabilização levou em conta 2015 até os dias de hoje.
O tema da ausência de motoristas profissionais foi debatido no primeiro Fórum Pé na Estrada. O desinteresse é tão grande que, nos últimos anos, a procura pelas categorias profissionais só registrou queda.
Procura por CNHs D e E cai gradativamente
Uma pesquisa apresentada por James Theodoro, da Korsa Seguros, mostra que 90% dos motoristas não querem que os filhos sigam a profissão. Além disso, o estudo aponta que 30% dos motoristas devem se aposentar nos próximos anos.
Ou seja, trata-se de uma categoria muito envelhecida e que não tem profissionais suficientes para uma reposição.
A redução nas emissões dessas categorias evidencia a escassez de novos motoristas para manter a profissão ativa, uma atividade essencial, mas cada vez menos atrativa.
Segundo dados do Ministério dos Transportes, em 2015 foram emitidas 11.705.367 CNHs nas categorias D e E. Já em 2025, até agora, foram apenas 8.091.240.

A análise mostra uma queda média de pouco mais de 3% ao ano. Comparando esse ritmo com o cenário atual, a tendência é que o desinteresse continue e que até se acentue nos próximos 10 anos.
Estados com menores emissões de CNHs D e E
Entre os estados com menores emissões de CNHs D e E estão Tocantins, Paraíba e Rio Grande do Norte. O valor da mudança de categoria pode ser um dos fatores que explicam esse resultado.

Esse tema já foi abordado pelo Pé na Estrada em relação ao custo da 1ª habilitação. Embora esta matéria não trate especificamente da CNH inicial, os dados da SENATRAN mostraram uma taxa expressiva de não habilitados no Nordeste (71%) e no Norte (64%).
Por outro lado, os estados com maiores quedas nas emissões das categorias profissionais são: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Esse dado acompanha a lógica, já que são as regiões que mais emitem CNHs ao nível profissional.

Entendendo o problema
As quedas nas categorias profissionais vêm aumentando progressivamente. Não é o mesmo caso da 1ª habilitação, mas há alguma relação.
Por exemplo, enquanto na CNH inicial o problema é o custo — o que leva muita gente a dirigir moto e carro sem documento —, nas categorias profissionais isso não existe. Um autônomo só pode transportar cargas de empresas se comprovar a habilitação correta.
No entanto, para chegar às categorias D e E, é preciso passar antes pela 1ª habilitação.
Se os jovens deixam de tirar a carteira por questões financeiras, inevitavelmente as categorias profissionais também serão afetadas.
O governo já manifestou preocupação com a queda na procura pela regularização. Uma das propostas em discussão é não exigir mais o curso do CFC para o candidato.
Outra medida foi a criação da CNH Social, que prevê a 1ª habilitação gratuita para pessoas de baixa renda. O projeto já foi aprovado, mas com a exclusão do exame toxicológico obrigatório nesta fase inicial.
Atitudes do mercado
O mercado já percebeu há algum tempo a escassez de motoristas profissionais e busca alternativas para enfrentar o problema. Algumas empresas incentivam a troca de categoria para trabalhadores que já atuam com veículos menores.
Outras se associam a instituições como o Sest Senat para custear a mudança de categoria para interessados.
A Mercedes-Benz, por exemplo, mantém programas voltados a mulheres, oferecendo a primeira oportunidade de ingressar no setor.
São muitas iniciativas, mas ainda insuficientes diante de um cenário pouco promissor. Afinal, o transporte de cargas e passageiros seguirá essencial nos próximos anos.
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Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.