Neste segundo semestre, especialmente nos últimos meses e após a Fenatran 2017, muito ouve-se falar sobre a retomada da economia. Como você enxerga essa retomada? O Pé na Estrada está sempre no trecho ouvindo o que os estradeiros têm a dizer e, apesar das indicações de retomada, ainda existem muitas reclamações sobre o preço instável do combustível, a falta de oportunidades para motoristas, principalmente os iniciantes ou com pouca experiência e o valor do frete que não aumenta por nada.
O parceiro Zé Messias comentou na nossa página, falando sobre a retomada da economia: “Gostaria de acreditar, mas com os combustíveis e derivados subindo a toda hora, vai ser difícil acreditar nesse governo”.
O Junior Silva completou sobre o mesmo assunto: “É difícil acreditar… Não é o que parece na prática!”.
Então, fica a pergunta: onde está a tal retomada da economia e por que ela ainda não reflete a realidade dos estradeiros?
Crescimento do PIB
O principal motivo que faz os economistas falarem em retomada da economia é o crescimento do Produto Interno Bruto, ou simplesmente PIB. O PIB é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária, indústria e serviços. Ele mede quanto, do total produzido, ‘cabe’ a cada brasileiro se todos tivessem partes iguais. As informações são do G1.
No primeiro trimestre do ano, o PIB teve alta de 1%, após oito trimestres consecutivos de queda. No terceiro trimestre, o crescimento foi de 0,1%, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Segundo os dados do IBGE, foi o consumo das famílias brasileiras, que cresceu 1,2% em comparação com o segundo trimestre do ano, que impulsionou esse pequeno aumento. Apesar de reduzido, esse crescimento é significativo.
Queda da inflação
Há pouco mais de um ano, o Brasil enfrentava um cenário de juros e inflação altos e a pior recessão da história. De um patamar de 9,28%, no ano passado, a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) agora está em 2,46% nos últimos 12 meses encerrados em agosto. Isso significa que o custo de vida dos brasileiros não aumentou.
Segundo informações do Portal Brasil, o aumento da produção agropecuária e a queda na taxa de juros no banco central teve influência na queda da inflação. Atualmente, o preço do grupo de alimentos e bebidas acumula uma deflação de 2,01% nos últimos 12 meses.
Fenatran 2017
Esta edição do evento foi chamada de “Fenatran da retomada”, já que o clima de reaquecimento da economia estava presente nas montadoras expostas na feira. Houve lançamentos de veículos de carga de diferentes segmentos e as vendas durante o evento foram positivas. Tudo isso pode impulsionar a economia e trazer mais oportunidades de carregamento para motoristas em 2018.
Vendas de caminhões
Em novembro, segundo dados da Anfavea, as vendas de caminhões tiveram crescimento de 44% em relação ao mesmo mês de 2016 e esse é o melhor resultado do segmento desde dezembro de 2015. Os números de vendas de veículos de carga aumentaram no segundo semestre de 2017 e se as transportadoras estão investindo na compra de caminhões, quer dizer que há demanda. Outro fator que impulsiona a venda de veículos de carga é a necessidade de renovação de frota, uma vez que algumas transportadoras adiaram a aquisição de novos caminhões devido à crise econômica. Espera-se que a procura por caminhões novos aumente em 2018 e que logo isso reflita em abertura de vagas para motoristas.
Vagas para motoristas
De modo geral, o número de vagas formais geradas pelas empresas privadas em 2017 até outubro é tão baixo que chegou a ser considerado irrelevante para o IBGE. Segundo o instituto, praticamente 100% das vagas geradas pelo setor privado foram informais, o que dificulta a obtenção de números mais específicos. Calcula-se que 75,5% dos 2,3 milhões de postos de trabalho gerados no ano, ou cerca de 1,743 milhão de vagas, foram na informalidade.
Em 2016, as contratações das montadoras apresentavam números baixos. Aqui no Pé na Estrada, continuamos a receber vagas de transportadoras para serem anunciadas, tanto no programa de TV quanto no nosso portal e nas redes sociais, mas em número bem reduzido quando comparamos com anos anteriores. Até 2014, recebíamos anúncios de abertura de vagas semanalmente. Em 2016, o número de anúncios de vagas diminuiu bastante. No primeiro semestre de 2017, entretanto, tivemos um bom aumento nos anúncios de vagas, principalmente para vagas de agregamento.
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E o preço do frete?
Durante este ano, recebemos muitos recados e reclamações sobre o preço do frete, que não tem sido o suficiente para arcar com os custos das viagens, segundo os próprios estradeiros. Uma das causas é o preço instável do diesel, que aumenta e diminui constantemente graças às novas políticas da Petrobrás, que permitem que a empresa altere os preços de acordo com o mercado internacional. Outro fator é o aumento das taxas de PIS e Cofins sob o combustível, que buscam atingir a meta de déficit para 2017.
Na nossa página no Facebook, os parceiros do trecho sempre comentam sobre a instabilidade do preço do combustível
“O último aumento foi de 10 centavos por litro, isso no ano me custa 2 mil reais a menos no bolso!”, explicou o parceiro Marcos Filho.
“Não vi baixa no preço do diesel e sim no valor do frete”, comentou o parceiro Orlando Batistão.
Você sabe como funciona o frete? Clique aqui e ouça o podcast.
Infelizmente, todos os aspectos da chamada “retomada da economia” não são o suficiente para recuperar o preço do frete, não com os reajustes praticamente diários no preço do diesel. Uma maneira de fazer com que o preço do frete melhore é não aceitando fretes que não pagam os custos da viagens e fazendo cálculos antes de aceitar a carga. Hoje, existem vários aplicativos que fazem esse cálculo para o estradeiro e ainda organizam os lucros do frete em tabelas, para que você tenha um planejamento financeiro. Clique aqui e assista a matéria do Jaime Alves que fala sobre esses aplicativos.
Veja também: 5 fatos que mostram que existe esperança para o transporte no Brasil.
Por Pietra Alcântara