Acessibilidade é um tema recorrente e que ganhado espaço no dia a dia inclusive do transporte. Há muitos anos já existem leis que exigem a acessibilidade em ônibus urbanos, ou seja, esses ônibus são obrigados a ter dispositivos que facilitem a entrada de pessoas com dificuldade de locomoção. A partir de julho deste ano a obrigatoriedade será estendida também para os ônibus rodoviários, e é aí que entra o Soul Class, o micro-ônibus inclusivo da Iveco Bus, encarroçado pela Caio Induscar.
Qual a novidade desse ônibus inclusivo?
A originalidade está na forma de permitir a acessibilidade, que não acontece por rampas nem elevadores. Com o Dispositivo de Poltrona Móvel (DPM), o assento desce até o passageiro para levá-lo ao veículo. Ao voltar para dentro do ônibus, o passageiro fica posicionado exatamente como os demais. Por isso é chamado de ônibus inclusivo.
O dispositivo elétrico que faz a movimentação do passageiro é operado pelo condutor do micro-ônibus. A cadeira de rodas viaja no porta-malas do veículo.
Qual a diferença entre acessibilidade e inclusão?
Como a maioria das pessoas não possui dificuldades de locomoção, não param para pensar no assunto, mas uma coisa é bem diferente da outra. Criar acessibilidade é garantir que algo esteja disponível também para quem tem essas dificuldades. Por exemplo, um cadeirante antigamente não conseguia pegar um ônibus, pois não pode subir as escadas. Hoje em dia é obrigatório que o ônibus urbano tenha rampas ou elevadores para que esse cadeirante consiga entrar.
Porém, via de regra, as soluções encontradas para permitir essa acessibilidade colocam o cadeirante em um local separado do veículo, não permitindo sua interação com as demais pessoas. Quem nos conta mais sobre isso é Alessandro Fernandes, criador do Blog do Cadeirante.
“Na maioria dos veículos a gente fica em local separado, sem poder conversar com as outras pessoas. Uma vez viajei com minha mulher e o local para cadeirante era no porta-malas. Me senti uma verdadeira mala e ela ainda ficou duas fileiras pra frente. Ou seja, não pudemos ficar juntos nem conversar o caminho todo.”
É para resolver esse tipo de questão que falamos em inclusão. Inclusão não é apenas permitir que se faça, mas que se faça nas mesmas ou praticamente nas condições do restante da população.
“Eu achei a solução fantástica. Não existe nada parecido e é um grande ganho para os cadeirantes.” afirma Alessandro.
Segurança e rentabilidade
Além da inclusão existem duas outras vantagens no conceito. Para o usuário, é muito mais seguro, pois ao invés de fazer a viagem em sua cadeira, ele vai em um banco, com cinto de segurança e encosto para a cabeça. Em caso de acidente, a chance de fraturas é muito menor.
Para o operador a vantagem é a capacidade do veículo. Um box para cadeirante ocupa o espaço de duas ou quatro poltronas, além disso, se não há ninguém com dificuldade motora naquela viagem, o espaço vai vazio. Tudo isso é perda de receita para o operador. Mas neste caso o número de assentos se mantém o mesmo e, caso não haja portadores de dificuldades motoras na viagem, o assento pode ser ocupado por qualquer pessoa.
Detalhes do veículo
O motor localizado a frente da cabine diminui o calor e os ruídos no interior do veículo e principalmente perto do motorista. O Soul Class ainda é equipado com motor FPT Industrial F1C de 3 litros, injeção eletrônica tipo common-rail, 4 cilindros em linha e 16 válvulas, totalizando 170 cv. Com tecnologia EGR, o veículo dispensa o uso de Arla 32.
Veja o dispositivo em funcionamento e tire dúvidas com este bate-papo com executivo da marca (clique aqui).
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.