segunda-feira, setembro 16, 2024

Pesquisa mostra envelhecimento e desvalorização do caminhoneiro autônomo

Apesar de ser o responsável por 80% da carga de todo o país, o caminhoneiro autônomo, na maior parte homem, com idade média de 46 anos, está enfrentando dificuldades.

Mesmo há 17 anos na profissão, trabalhando 12 horas por dia a R$ 39,50 por hora, pouco cuida da saúde e muitas vezes faz uso de remédios e outras drogas para ficar acordado por mais tempo.

Os recortes são da pesquisa encomendada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e apresentada na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.

Pesquisa conversou com mais de mil caminhoneiros autônomos

A pesquisa foi realizada com 1.006 caminhoneiros de todas as regiões do Brasil, em pontos de concentração, postos de combustíveis, paradas de descanso e áreas portuárias, para abordar diferentes realidades deste profissional que transporta 80% da carga.

O assessor da CNTA, Alan Medeiros, que apresentou os dados, chamou atenção para o envelhecimento da categoria, a insegurança nas estradas, a necessidade de ofertar paradas para descanso e exames toxicológicos gratuitos, além de linhas de crédito para a renovação da frota.

“Quase metade dos caminhoneiros acredita que nunca há, por parte do governo federal, ações de fato para incentivar a categoria a permanecer na estrada”, afirmou Alan Medeiros.

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“Sobre se ele quer permanecer ou não na profissão, 46% dizem que sim, mas 54% pensam em sair. E aí, os senhores imaginam, os profissionais já estão envelhecendo, a média é de 46 anos, não querem ficar na profissão, os jovens são poucos, qual vai ser o futuro do transporte rodoviário de cargas no nosso país?”, questionou.

Quase 2 milhões trabalham no transporte de cargas

O presidente da CNTA, Diumar Bueno também defendeu que se deem condições para o caminhoneiro: um ganho razoável, segurança, renovação da frota e frete direto sem empresas intermediadoras.

“Não é para bater de frente com as transportadoras. O que a gente precisa é qualificar melhor os caminhoneiros”, defendeu Bueno. “Hoje eles são altamente explorados pelos atravessadores, agenciadores de carga, empresas registradas que não têm um caminhão, se valem só do autônomo.”

Os representantes do governo federal presentes na audiência disseram que muitos dos dados apresentados na comissão coincidem com informações do próprio governo.

A importância do transporte rodoviário para o Brasil

O superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), José Amaral Filho, chamou atenção para a situação que um país tão dependente do transporte rodoviário pode enfrentar nos próximos anos, especialmente no transporte de grãos.

“O Brasil vem batendo recorde atrás de recorde. Só que não vem acontecendo da mesma forma a expansão dos profissionais da categoria de transporte”, afirmou Amaral Filho.

Dnit destaca a instalação dos Pontos de Parada

Já o coordenador-geral de Operação Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Leonardo Rodrigues, abordou a instalação dos pontos de parada e descanso nas rodovias federais. O assunto, disse, vem sendo discutido e é um desafio.

“Não é simplesmente disponibilizar um espaço. Tem que discutir política de higiene e segurança dos trabalhadores”, observou. Por outro lado, ele lembrou que hoje há 94 pontos credenciados pelo Dnit na malha federal – o que ainda é pouco. Há questões orçamentárias também, segundo ele, que impedem avanços.

A recomendação do presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens), Norival de Almeida Silva, é que o Brasil não espere um apagão no transporte para olhar para a situação dos caminhoneiros autônomos.

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Rodrigo Samy, com informações da Agência Câmara de Notícias

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