Na manhã desta terça-feira a Petrobras anunciou o fim da política de preços de combustíveis conhecida como paridade internacional, ou seja, baseada no preço do petróleo no mercado internacional e influenciada pelo câmbio. Em outras palavras, o valor do dólar em relação ao Real e o preço do barril de petróleo no mundo não serão mais os principais guias para o preço interno de diesel e gasolina.
A política de paridade internacional
A famosa PPI, política de paridade internacional, foi adotada em 2016 durante o governo do presidente Michel Temer. Naquele momento, a Petrobras enfrentava vários problemas após os escândalos da Operação Lava Jato.
Embora a nova política tenha ajudado a empresa a sair de resultados negativos para uma das companhias mais gera lucro para seus acionistas no mundo, a mudança também elevou o preço dos combustíveis de forma geral. Isso aconteceu porque o petróleo foi subindo de forma constante de U$ 46,44 em novembro de 2016 (logo após a mudança) para U$ 80,47 em outubro de 2018.
Com a nova política, toda essa mudança era repassada automaticamente para o consumidor brasileiro, gerando aumentos constantes e instabilidade principalmente no transporte. Não por acaso, foi nesse período que aconteceu a greve dos caminhoneiros, que parou o país por mais de uma semana.
O preço do barril de petróleo caiu depois disso, mas voltou a subir em 2020 após o baque inicial da pandemia. Com isso, os preços voltaram a disparar no Brasil, causando grande insatisfação na população.
A variação era tão frequente que o governo foi obrigado a mudar a política do preço mínimo de frete, diminuindo o gatilho do diesel de 10 para 5%.
Com o fim da paridade internacional, esse cenário de mudanças constantes de preço tende a sumir.
Como serão então definidos os preços dos combustíveis?
Segundo o comunicado publicado hoje pela Petrobras serão dois fatores considerados para a composição do preço: “(a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras.”
Segundo a empresa: “O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.”
Com certeza a companhia já imagina que diversos questionamentos sobre a saúde financeira da empresa vão surgir, lembrando o passado não tão distante quando ela foi palco de escândalos de corrupção. Provavelmente já antecipando uma resposta a isso, o comunicado diz: “A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com a sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando a sua atuação em equilíbrio com o mercado, ao passo que entrega aos seus clientes maior previsibilidade por meio da contenção de picos súbitos de volatilidade.”
Por fim, a Petrobras fecha o comunicado com suas novas premissas, são elas:
– Preços competitivos por polo de venda;
– Participação ótima da Petrobras no mercado;
– Otimização dos seus ativos de refino;
– Rentabilidade de maneira sustentável.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.