Após melhorias substanciais no projeto de concessão da BR-381/MG, o martelo foi batido para o leilão de um dos trechos de rodovia com maior número de acidentes do país.
Com oferta de desconto sobre a tarifa básica de pedágio de 0,94%, a 4UM FIP em Infraestrutura de Responsabilidade Ltda saiu como vencedora do certame e vai assumir a administração da rodovia por 30 anos ao longo do trecho de 296,3 km de extensão, entre Belo Horizonte e Governador Valadares.
Veja quem ganhou o leilão de uma das rodovias mais perigosas do Brasil, a BR-381
Estão previstos R$ 9,34 bilhões de investimentos na rodovia, somando captação e serviços operacionais.
O governo destacou o sucesso do leilão da BR-381/MG reforçando que a concessão será fundamental para solucionar um problema histórico.
Ao comentar o resultado do leilão, o presidente da 4UM Investimentos, Leonardo Boguszewski, falou do compromisso do consórcio com o empreendimento.
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“Quero firmar aqui um compromisso. Eu sou um cidadão paranaense, a 4UM é paranaense, mas sou fã do povo mineiro e a gente quer é, a partir de agora, fazer com a BR-381 seja chamada de rodovia da vida e vamos dedicar trabalho sério para que isso se concretize ao longo dos próximos anos. Então contem conosco, pois o que pudermos fazer de melhor pelo povo de Minas Gerais, para termos a BR-381 do jeito que ela merece, nós faremos”.
Demorou, mas saiu do papel a concorrência
A 4UM Investimentos venceu a disputa ao apresentar a proposta de desconto com a menor tarifa de pedágio, critério do leilão, com aporte financeiro vinculado à concessão.
Isto é, a classificação como a melhor proposta econômica que apresentasse o maior valor de desconto sobre a tarifa básica de pedágio. Este requisito buscou garantir tarifas mais justas aos usuários, aliadas à sustentabilidade do contrato de concessão.
Além da 4UM Investimentos, a disputa desta quinta-feira recebeu a carta proposta do consórcio Opportunity Dinâmico FIP Multiestratégia Investimentos no Exterior. Os dois grupos são estreantes em leilões de infraestrutura.
Quem também disputou o leilão
Ambos os consórcios que participaram do leilão têm no comando grupos de investimentos. Opportunity Dinâmico FIP de Multiestratégia e Investimento no Exterior fez oferta de desconto sobre a tarifa básica de pedágio de 0,10%, sem contraproposta.
O Grupo Opportunity, controlador da Monte Rodovia, responsável pelas concessionárias Bahia Norte (CBN), na Bahia, e Rota do Atlântico (CRA) e Rota dos Coqueiros (CRC), em Pernambuco, que juntas somam 182 quilômetros. A Opportunity também opera no Porto de Santos, em São Paulo, por meio da empresa Santos Brasil.
Conheça a empresa vencedora do leilão da BR-381
Já a 4UM Investimentos reúne ações das empresas MLC, Aterpa e Senpar e, com a vitória, estreia no segmento de infraestrutura. O consórcio tem sede em Curitiba e soma mais de R$ 7 bilhões sob sua responsabilidade.
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Especializada em investimentos de longo prazo, a 4UM concluiu a estruturação de um fundo em participações para atuar em leilões de rodovias. Entre os cotistas desse fundo, estão as famílias Malucelli, Salazar, Federmann e Backheuser, acionistas das empresas MLC, Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia.
Ao todo, foram quatro tentativas até o sucesso do leilão. As duas primeiras ocorreram na gestão anterior, em 2021 e 2022, quando o certame foi suspenso por falta de interessados.
Na última, em 2023, o projeto da gestão anterior foi novamente apresentado com pequenos ajustesNa última, em 2023, o projeto da gestão anterior foi novamente apresentado com pequenos ajustes, mas não recebeu propostas.
Projeto remodelado para atender às necessidades
Para assegurar o sucesso deste certame, o Ministério do Transporte remodelou o projeto adotando critérios como menor tarifa, associada a curva de aporte proporcional ao Capex, o investimento captado previsto. Também houve alteração nos valores de Capex, que passou de 6,03 bilhões para R$ 5,58 bilhões (R$ 2,7 bilhões VPL), e de Opex, (investimento em serviços operacionais), ficando em R$ 3,75 bilhões (R$ 920 bilhões VPL) no lugar dos R$ 4,06 bilhões da proposta anterior.
Outro aspecto crucial foi a decisão do Ministério dos Transportes de assumir as obras de duplicação de 31,4 quilômetros, no trecho que vai da capital Belo Horizonte a Caeté, na região metropolitana da capital mineira. Esta área foi alvo de acordos judiciais para desapropriação de terrenos às margens da faixa de domínio da estrada.
A BR-381/MG é um importante corredor logístico para o escoamento de produtos industriais. Atravessa o Vale do Aço, no interior de Minas Gerais, além de interligar os estados de Minas, São Paulo e Espírito Santo, o que resulta em um intenso fluxo de caminhões e ônibus, além de carros leves.
O trecho da concessão abrange 13 cidades mineiras às margens da estrada e outras tantas que dependem indiretamente dela, resultando em um tráfego médio de 24.733 veículos ao dia. A expectativa é de que a concessão beneficie 3,7 milhões de pessoas que vivem na região e promova 80.879 empregos diretos e indiretos.
O que será feito durante a concessão
Mediante concessão, a 4Um FIP em Infraestrutura de Responsabilidade Ltda. ficará responsável por conduzir obras estruturantes e conservar a manutenção da BR-381/MG, elevando os padrões de segurança para quem trafega por esta estrada. O trecho sob administração tem início em Belo Horizonte/MG, no entroncamento com a BR-262/MG (sentido Sabará) até o entroncamento com a BR-116/MG (Governador Valadares/MG).
O projeto inclui a duplicação de 106 quilômetros de rodovia. Inaugurada no início da década de 1960, a BR-381/MG é um importante corredor logístico e de escoamento de produtos industriais.
De maneira semelhante, serão construídos 83 quilômetros de faixas adicionais, 51 correções de traçado, áreas de escape, Pontos de Parada e Descanso (PPD) para caminhoneiros e 23 passarelas para a travessia de pedestres.
Também serão instalados áreas de escape, pontos de atendimento ao usuário com o Centro de Controle de Operações (CCO) e Bases do Serviço Operacional (BSO) para apoio das equipes de atendimento médico de emergência, mecânico e demais incidentes na via.
Rodrigo Samy, com informações do Ministério dos Transportes
Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha com repórter e editor do Portal Pé na Estrada.