A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou nesta quarta-feira, 06, os resultados do mês de setembro da indústria automobilística. Em geral, os números continuam em queda, muito em função da crise global de semicondutores. O segmento de caminhões, que seguia em alta, apresentou índices de produção e licenciamento abaixo do mês de agosto, mas teve o seu melhor setembro desde 2013.
No último balanço da Anfavea, os caminhões apresentaram seus melhores resultados para um mês de agosto também desde 2013. Foram 15 mil unidades fabricadas e 13 mil comercializadas. Já no atual balanço, de setembro, a produção teve 13,8 mil unidades, que representa uma redução de 7,7% se comparado ao mês anterior. No mercado interno, foram 11,6 mil unidades licenciadas, queda de 10,2%.
Apesar da redução, segmento de caminhões é o que se destaca na indústria automobilística
Apesar dos números recentes não terem superado o mês de agosto, o segmento de caminhões continua crescendo no mercado. Segundo a Anfavea, em relação ao mercado interno, este foi o melhor setembro desde 2013 e é o melhor acumulado (entre janeiro e setembro, no caso) desde 2014.
O gráfico mostra que o segmento de caminhões no mercado interno, contando de janeiro a setembro deste ano, foi bem superior em relação ao mesmo período de anos anteriores. Soma-se 95,3 mil unidades licenciadas até setembro de 2021, aumento de 51,8% se comparado a 2020.
Os ônibus, segmento mais afetado pela pandemia, mantém seus números estáveis, apesar do mês de setembro também ficar abaixo de agosto. De acordo com a Anfavea, é o pior mês de setembro para o segmento desde 2016 com apenas 900 unidades licenciadas, mas o melhor acumulado desde 2019, com 10,9 mil licenciamentos no total.
Já em relação aos autoveículos (carros e motos), este foi o pior setembro desde 2005. As 1.577 milhão unidades vendidas entre janeiro e setembro deste ano não conseguiu superar os índices do mesmo período em anos de pré-pandemia. Em relação a 2020, houve um aumento de 14,8% nas unidades licenciadas.
Na produção, o cenário do mercado interno se repete e dá destaque para os pesados, com um aumento de mais de 100% se comparado ao acumulado de janeiro a setembro deste ano para o de 2020.
A falta de semicondutores, materiais usados em todos os componentes eletrônicos que equipam os veículos, afeta principalmente a fabricação de autoveículos. Mesmo assim, a produção de motos e carros foi superior ao mês de agosto, com 173,3 mil unidades, aumento de 5,6%.
Projeções incertas até o final do ano
A atual crise de fornecimento dos semicondutores tem impactado a fabricação de veículos no mundo todo. Calcula-se que a indústria automotiva global perderá de 7 a 9 milhões de veículos produzidos em 2021, retornando a níveis de 2020. A falta de insumos, aliada ao aumento de custos e dificuldades logísticas, também tem afetado diretamente a produção do setor no Brasil.
Com isso, a Anfavea refez suas projeções para a venda e produção de veículos para 2021. De acordo com a associação, as vendas de novos veículos este ano podem variar de 2,038 a 2,118 milhão, ou seja, com cenários de queda de 1% a crescimento de 3% na comparação com 2020.
Já a produção deverá variar entre 2,129 e 2,219 milhão, o que representará um aumento de 6% a 10% quando comparado com o ano anterior. As exportações, ficarão em um intervalo de 357 mil a 377 mil unidades, alta de 10% a 16%.
“Nunca havíamos tido tanta dificuldade em enxergar o cenário em curto prazo na indústria automotiva. As incertezas para garantir a produção de veículos é grande com a crise de fornecimento global. Estamos presenciando uma procura por parte dos consumidores para compra de novos produtos, mas não temos unidades para atender à demanda”, explicou Luiz Carlos Moraes, Presidente da Anfavea.
Por Wellington Nascimento com informações de Anfavea