A discórdia é antiga. As gerenciadoras defendem que precisam consultar o perfil do motorista para não correr o risco de entregar carga para integrantes de quadrilhas de roubo de caminhão ou para estradeiros em qualquer situação irregular. Os motoristas reclamam que se eles são impedidos de trabalhar por conta do nome sujo, não terão como limpá-lo.
As gerenciadoras de risco defendem o uso do perfil do motorista, “Ele é uma ferramenta das gerenciadoras para coibir o roubo de cargas.”, afirma o presidente da Gristec, Cyro Buonavoglia. Segundo ele, muitas quadrilhas tentam infiltrar motoristas nas empresas para facilitar o roubo. Diz também que não se pode entregar uma carga para um motorista com CNH vencida, ou caminhão com mandado de busca e apreensão, ou até motoristas com mandado de prisão.
Mas muitos motoristas em situações diferentes dessas também eram barrados e considerando a grande quantidade de reclamações recebidas e a dificuldade de conseguir um contato com as gerenciadoras, o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo, o Sindicam, entrou com uma série de reclamações no Ministério Público. “Nós tínhamos dificuldade de falar com algumas gerenciadoras. Eles alegavam que não falavam com caminhoneiro nem com sindicato, só falavam com o cliente que é a transportadora. Aí então nós entramos com algumas ações no Ministério Público do Trabalho e daí surgiu a Câmara.”, afirma um dos diretores do Sindicam, Bernabé Rodrigues (Gastão).
A Câmara funcionará da seguinte forma, o estradeiro que for barrado por uma gerenciadora e se sentir prejudicado com isso pode procurar o Sindicam, fornecendo nome, endereço, telefone, CPF (principalmente), nome da gerenciadora e contando sua história. O Sindicato conversa com a gerenciadora e, segundo ambos os lados, geralmente esse primeiro contato já é o suficiente. Quando não, eles se reúnem em uma câmara para discutir o caso. Se mesmo assim não chegarem a um acordo, só aí é encaminhado para o Ministério Público.
Por enquanto apenas doze gerenciadoras participam da Câmara (veja quais são abaixo). Com as demais o caso é levado diretamente ao MP, processo mais demorado e oneroso.
Qualquer estradeiro do país pode procurar o Sindicam para receber esse auxílio, mesmo que seja de fora do estado de SP ou que não seja filiado. O motorista pode ir pessoalmente ao Sindicam, que fica a Rua Heróis da FEB, número 09, Parque Novo Mundo, São Paulo/ SP, ou entrar em contato pelo telefone 11 2954 4622. Você pode encontrar mais informações no site do Sindicam, http://www.sindicamsp.org.br/index.php , ou assistir a matéria sobre o assunto no programa Pé na Estrada do dia 19/12/2010. Gerenciadoras de Risco que fazem parte da Câmara de Conciliação: 1- Advance Gerenciamento de Riscos Ltda. 2- Angellira Rastreamento Satelital Ltda. 3- Buonny Projetos e Serviços de Riscos Securitários Ltda. 4- Consult Sistemas Integrados de Logística e Gerenciamento de Riscos Ltda, 5- Golden Service Eletrônica Ltda.-ME 6- Multisat Sistema de Gerenciamento de Riscos Ltda. (Grupo Apisul) 7- GV Gerenciamento de Riscos Ltda. 8- NGO Assessoria e Consultoria em Gerenciamento de Riscos Ltda. 9- Opentech Sistemas de Gerenciamenton de Riscos S/A. 10- GPS Logística e Gerenciamento de Riscos Ltda. (Grupo Pamcary) 11- Monytor Consultoria e Monitoramento Ltda. 12- Rodobens Corretora e Administradora de Seguros Ltda. |
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.