As notícias de melhora do PIB e expectativas positivas para a economia brasileira têm se refletido no mercado de pesados, com forte alta nas vendas de caminhões e ônibus. Segundo dados da Anfavea, Associação Nacional de Fabricantes de veículos Automotores, o mês de maio fechou com alta de quase 140% nas vendas em comparação com maio de 2020. Se considerarmos o acumulado dos 5 primeiros meses do ano, o crescimento em 2021 foi de 63,8%. Foram 47.359 unidades de caminhões vendidas entre janeiro e maio deste ano contra 28.906 em 2020.
Desempenho por segmento
O crescimento nas vendas de caminhões veio de todos os segmentos. Entre os semileves, os licenciamentos passaram de 1.511 nos cinco primeiros meses de 2020 para 2.645 no mesmo período de 2021. Um crescimento de 75%.
Entre os leves, as vendas passaram de 3.058 unidades para 4.483 unidades. Isso representa um aumento de 46,6% para o acumulado do ano. Já entre os médios, as vendas de janeiro a abril somaram 2.631 unidades no ano passado e 3.924 unidades este ano. Um aumento de 49,3%. Entre os semipesados, os números passaram de 7.302 para 11.631 unidades. Um incremento de 59,5% nas vendas. Entre os pesados, os licenciamentos passaram de 14.404 para 24.634 unidades, um crescimento de 71%.
As exportações cresceram ainda mais, saindo de 3.612 unidades em 2020 para 8.963 no mesmo período de 2021, um incremento de 148%.
Ônibus
O mercado de ônibus, que tem sofrido mais que os outros na pandemia, também obteve números positivos. As vendas saíram de 4.647 unidades nos cinco primeiros meses de 2020 para 6.112 unidades em 2021. Isso representa um crescimento de 31,5%.
As exportações de ônibus passaram de 1.345 unidades em 2020 para 1.548 unidades em 2021, um incremento de 15,1%.
As vendas de caminhões e ônibus já ultrapassaram os números pré-pandemia.
Falta de semicondutores
Semicondutores são componentes que servem para processar, armazenar e transmitir dados. Eles são utilizados em diversos tipos de indústrias, na automotiva, eles são usados no motor (ignição, avanço, injeção, sensores, pós-tratamento etc.), sistemas de segurança, conforto e entretenimento. Um veículo chega a ter até 600 semicondutores em seus sistemas.
Em função da pandemia e do fechamento temporário de diversas fábricas desse componente na Ásia, há uma falta mundial do produto, que afeta a produção de veículos no Brasil.
Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, a situação atual revela um desafio que a indústria brasileira terá que transpor.
“Estados Unidos e países da Europa captaram o sinal de alerta e já estão desenvolvendo políticas industriais no sentido de produzir localmente esses componentes eletrônicos, que são a base de toda a revolução tecnológica do 5G, internet das coisas, automação e outras já em curso. O setor automotivo e outras indústrias dependem cada vez mais desses insumos para dar um passo além em termos tecnológicos, atraindo para o país investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, e na esteira disso gerando conhecimento técnico, acadêmico e empregos de altíssima qualidade. Já estamos atrasados, o que exige urgência e grande visão de futuro por parte dos nossos dirigentes.”
A expectativa é que a situação volte a normalidade apenas no início de 2022.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.