sexta-feira, dezembro 5, 2025

70% das transportadoras já tiveram prejuízos por conta do clima

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Mais de 70% das transportadoras já tiveram prejuízos por eventos climáticos, revela um estudo da Confederação Nacional do Transporte. Pela pesquisa, “Sondagem CNT de Resiliência Climática do Setor de Transporte”, 70,6% das empresas sofreram perdas financeiras decorrentes de eventos climáticos nos últimos cinco anos. Outro dado é que quase um quarto das empresas identificadas ultrapassou R$ 1 milhão em prejuízos, e 9,9% reportaram danos superiores a R$ 5 milhões. 

Sondagem CNT de Resiliência Climática do Setor de Transporte

O levantamento mostra que 74,6% das empresas sofreram impactos operacionais como:

  1. Interrupções no fluxo de transporte;
  2. Necessidade de mudança de rotas;
  3. Falta de insumos para trabalhar;
  4. Demissão de funcionários.  

O levantamento ouviu 317 empresários de diferentes modos de transporte de todas as regiões do país. A publicação demonstra que o conceito de resiliência climática, no transporte, se traduz na capacidade da infraestrutura resistir, adaptar-se e recuperar-se diante de enchentes, secas, deslizamentos, vendavais, ondas de calor e outros eventos adversos, que tem se tornado cada vez mais frequentes.

A pesquisa foi apresentada na COP30 e pode ser baixada por meio do link: Sondagem CNT de Resiliência Climática do Setor de Transporte.

Apenas em 2024, por exemplo, o Brasil registrou 170 bloqueios em 79 rodovias da região Sul; enfrentou secas severas em mais de 1,3 mil municípios do país; incêndios florestais no Centro-Oeste; mais de 250 mil estabelecimentos ficaram sem energia na região Sudeste em função de tempestades e, na Região Norte, uma estiagem histórica nos rios Negro e Solimões isolou comunidades na Amazônia e comprometeu o abastecimento regional.

Conforme a diretora executiva da CNT, Fernanda Rezende, os dados mostram que: mudanças climáticas deixaram de ser uma projeção e impactam nas empresas de transporte.

“O estudo reforça que as mudanças climáticas já fazem parte da realidade do transporte brasileiro. Por isto, é preciso investir, com urgência, em infraestrutura resiliente, planejamento estratégico e capacidade de resposta rápida, para que o setor continue operando com segurança e eficiência, mesmo diante de eventos climáticos extremos”, afirma.

O que fazer para que 70% não sejam prejudicadas?

O estudo destaca a necessidade de estratégias de adaptação. No modo rodoviário, que representa 84,5% das empresas ouvidas, as temperaturas elevadas provocam trincas e deformações no asfalto, enquanto chuvas intensas e enchentes comprometem pontes, túneis e rodovias. As enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, por exemplo, destruíram trechos de rodovias e a CNT estimou que seriam necessários investimentos superiores a R$ 18,9 bilhões para recuperação da malha rodoviária.

No transporte aquaviário, a estiagem na Amazônia reduziu drasticamente os níveis de água nos rios. As vias economicamente navegáveis perdem a sua capacidade de deslocamento, afetando a movimentação das embarcações. Isso gerou um impacto negativo na região Norte do país, que depende altamente do transporte fluvial.

Para dimensionar o risco de impacto, a região hidrográfica amazônica concentra cerca de 16.200 quilômetros de vias navegáveis. Elas representam mais de 80% da malha hidroviária brasileira.

Consequências climáticas 

A CNT ressalta que os efeitos das mudanças climáticas elevam os custos de operação. Das empresas que tiveram prejuízos financeiros, 63,4% reportaram despesas adicionais com reparos e manutenção de ativos e 47,9% com armazenamento comprometido, atrasos logísticos e perda de prazos. Para agravar ainda mais a situação, das empresas que tiveram que recorrer a medidas financeiras, 76,9% precisaram utilizar recursos próprios para lidar com os prejuízos, e apenas 7,7% receberam algum tipo de auxílio governamental.

 

Jornalista do Pé na Estrada, Rodrigo Samy

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.

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