O estado geral das rodovias concedidas classificadas como ruins ou péssimas caiu 61,6% de 2024 para este ano. Ainda assim, o prejuízo ao transportador que circula pela malha rodoviária brasileira chega a cerca de R$ 7,2 bilhões. Os dados são da Pesquisa CNT de Rodovias, realizada anualmente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que avaliou 114.197 quilômetros de rodovias pavimentadas federais e os principais trechos estaduais.
O levantamento, financiado pelo SEST SENAT, indica aumento da extensão de trechos em condições boas ou ótimas e redução das vias classificadas como ruins ou péssimas, mas também revela que ainda há necessidade de investimentos significativos para uma melhora consistente da infraestrutura rodoviária no país.

Norte e Nordeste ainda lideram as rodovias ruins
De acordo com o estudo, 37,9% da extensão pesquisada (43.301 km) está em condições ótimas ou boas, ante 33,0% em 2024 (36.814 km), um avanço de quase 5 pontos percentuais (p.p.). Já os trechos avaliados como ruins ou péssimos caíram de 26,6% (29.776 km) para 19,1% (21.804 km), uma redução de 7,5 p.p.. A categoria regular manteve proporção semelhante, com 43,0% (49.092 km) neste ano, frente a 40,4% (45.263 km) em 2024.
A classificação do Estado Geral considera três características principais da malha rodoviária: pavimento, sinalização e geometria da via. São avaliadas variáveis como condições do pavimento, sinalização, acostamento, curvas e pontes.

Quando se observa o ranking das piores rodovias, as regiões Norte e Nordeste lideram. Entre os estados com maior presença de trechos ruins ou péssimos estão Acre, Pernambuco, Tocantins, Paraíba e Maranhão. Há ainda ocorrências pontuais no Sul do país. Em comum, essas vias são majoritariamente estaduais e de administração pública, o que evidencia o impacto da limitação de recursos na manutenção dessas rodovias.

Já as melhores rodovias concentram-se no Sudeste, com exceção de um trecho da BR-050, que corta a região Centro-Oeste. O levantamento aponta estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, onde predominam rodovias sob concessão privada, além de um trecho sob gestão pública.

Prejuízo no bolso do transportador
A qualidade da rodovia impacta diretamente o bolso do transportador, além da segurança e do conforto dos usuários. A pesquisa revela redução significativa dos trechos ruins tanto em rodovias concedidas quanto em rodovias públicas. Nas rodovias concedidas, apenas 618 km receberam essa classificação em 2025, ante 1.609 km em 2024 — uma queda de 61,6%. Já nas rodovias públicas, a redução foi de 23,3%, passando de 21.630 km para 16.594 km.
Apesar da melhora, os prejuízos permanecem elevados. Segundo o estudo, quanto pior a condição da via, maior o consumo de combustível, o desgaste dos veículos e o tempo de deslocamento. Considerando trechos classificados como bom, regular, ruim ou péssimo, estima-se que a qualidade do pavimento eleve, em média, 31,2% os custos operacionais do transporte rodoviário no Brasil.
Nas rodovias sob gestão pública, 64,4% apresentam algum problema no pavimento, resultando em aumento médio de até 35,8% nos custos operacionais. Já nas rodovias concedidas, 34,4% apresentam algum tipo de irregularidade, o que gera um aumento médio de até 18,4% nos custos em comparação com pavimentos classificados como ótimos.
A má qualidade do pavimento gera um desperdício anual estimado em R$ 7,2 bilhões apenas com o consumo adicional de diesel, equivalente a cerca de 1,2 bilhão de litros. Esse valor seria suficiente para financiar soluções de baixo carbono, como a aquisição de caminhões elétricos, a produção de combustíveis renováveis e ações de reflorestamento.
Rodovia ruim gera acidentes e gasto público
Na segurança viária, o impacto da infraestrutura deficiente é ainda mais grave. Entre janeiro de 2016 e julho de 2025, foram registrados 697.435 acidentes nas rodovias federais monitoradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), com custo econômico acumulado estimado em R$ 149,67 bilhões. O valor inclui atendimentos de emergência, perdas de cargas, danos aos veículos e impactos sociais.
Um ponto positivo foi a redução no número de pontos críticos, que passaram de 2.446 em 2024 para 2.144 em 2025, indicando melhora gradual na segurança viária. A maioria das ocorrências ainda está relacionada a buracos de grande proporção, mas houve queda também em registros de erosões, quedas de barreira e outros problemas graves, reforçando que os investimentos recentes começam a gerar resultados positivos na conservação das rodovias brasileiras.
Para acessar a pesquisa completa, basta clicar >>> aqui.

Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.