O mercado de contratações já viu dias melhores. Ainda sim, a expectativa para 2018 é positiva e espera-se que haja uma retomada não só da economia, mas também das vagas para motoristas de caminhão no Brasil. Ao redor do mundo, a situação para os estradeiros não é tão diferente. Os EUA enfrenta falta de caminhoneiros – que será o maior desafio para o país, segundo uma pesquisa. A instabilidade da profissão faz com que muitos mudem de área, como aconteceu por lá em 2014. Nesse ano, o preço do petróleo ruiu em 2014 e abalou as operações de perfuração de poços na enorme formação de xisto da Bacia de Permian, no Texas, os caminhoneiros sofreram demissões em massa.
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Três anos depois, com a recuperação da cotação do barril e a da produção em Permian, as empresas que exploram petróleo querem os caminhoneiros de volta. Mas o sentimento não é recíproco. O sofrimento de 2014 não foi esquecido pelos motoristas, obrigados a procurar trabalho em outros setores. Não só isso, eles temem que as empresas vão pagar pouco quando voltarem a contratar.
A falta de caminhoneiros ameaça limitar o aumento da produção. A escassez é mais grave no extremo oeste de Permian, na região conhecida como Bacia de Delaware, onde as empresas que exploram petróleo de xisto voltaram em peso, graças à disparada do preço do produto. Permian tem quase 200.000 quilômetros quadrados e os poços da Bacia de Delaware são de difícil acesso. Assim, a necessidade de caminhões para transportar o petróleo por estradas primitivas é maior do que em locais centrais.
“Conseguimos vender caminhões para transportadoras de petróleo”, disse Wade Black, vendedor da Premier Truck Group em Amarillo, cidade do Texas ao norte da Bacia de Delaware. “Mas não há ninguém para dirigir.”
A produção diária pode atingir 2,79 milhões de barris em janeiro, 30 por cento a mais do que um ano antes, segundo a última projeção do governo americano. Com a expansão em Permian, a produção total de petróleo nos EUA pode ultrapassar 10 milhões de barris diários em junho, potencialmente superando a da Arábia Saudita.
Aproximadamente 3.000 caminhoneiros estão transportando petróleo em Permian. Antes do colapso da cotação do barril, em 2014, o número de profissionais variava de 2.000 a 2.500, de acordo com o presidente do Conselho da Força de Trabalho da Bacia de Permian, Willie Taylor.
No entanto, ele calcula que as empresas precisam contratar mais 3.000 motoristas. Esses profissionais são demandados especialmente na Bacia de Delaware, onde a produção está em rápida expansão e se tornou o segundo maior trecho de Permian. Já são 2.000 caminhões operando apenas em Delaware, cada um capaz de transportar aproximadamente 180 barris de petróleo, de acordo com Joey Lee, gerente geral da Premium Truck of Odessa.
Mais dinheiro
Então qual é o problema? Os motoristas temem não receber muito, uma vez que a maioria das empresas ainda opera com austeridade porque os preços estão abaixo do pico observado em 2014, de acordo com Lee.
Motoristas de caminhões que transportam petróleo atualmente têm salário anual na casa de US$ 100.000 ? 10 por cento a 20 por cento menos do que recebiam em 2014 e 2015, informou Joseph Triepke, fundador da empresa de pesquisas especializada em campos petrolíferos InfillThinking. Esses motoristas costumam ganhar mais porque têm conhecimentos especializados e necessários para transportar uma substância perigosa como o petróleo.
Adaptado de Bloomberg