Em sua transmissão semanal, realizada ontem, 16, Bolsonaro tocou em um dos assuntos mais polêmicos do ano, o preço do combustível. Pressionado pelos constantes aumentos decorrentes da política indexada ao mercado internacional, o presidente falou na possibilidade de mudar a política de preços da Petrobras.
“O pessoal reclama do preço da gasolina, R$ 5, e me culpam. Atiram para cima de mim o tempo todo. O preço do combustível é feito lá pela Petrobras, que tem a sua política de preço. Leva-se em conta o preço do barril de petróleo lá fora, bem como a variação do dólar. Lógico que, se a gente puder rever isso aí sem prejuízo para a empresa, não tem problema nenhum. Às vezes a política pode ter algum equívoco.”
A fala dá margem para interpretar-se que Bolsonaro poderia intervir na petroleira, mas com a cautela necessária para não agitar o mercado. E de fato o mercado não se alardeou com a fala do Presidente. As ações da Petrobras começaram o dia com leve alta e depois registraram leve queda, mas sem movimentações bruscas.
O petróleo e a inflação
Se Bolsonaro vai mexer na política de preços da Petrobras ou não, ainda não se sabe, mas o que se sabe é que a alta dos combustíveis em geral está fazendo pressão na inflação, o que, em um momento de baixa atividade econômica, pode afetar ainda mais a recuperação esperada para o País. A inflação do mês de março, por exemplo, foi de 0,75%, a maior desde 2015. O maior fator dessa alta foi exatamente a alta dos combustíveis, seguido por alimentos e bebidas.
O Presidente afirmou ainda que existe outra forma de o preço do combustível cair e então passou a palavra para Bento Albuquerque, Ministro de Minas e Energia, explicar qual forma é essa.
“Quando nós tivermos maior produção. Quando nós não formos dependentes do petróleo. Porque nós ainda importamos uma grande quantidade de diesel, gasolina e etanol.”
Esse aumento de produção foi exatamente um dos temas de debate de autônomos em sessão na Câmara do Deputados em Brasília. Segundo os motoristas, a Petrobras, ao invés de investir em aumento de produção, vende refinarias, o que não trará redução de preço.
Diesel e Cartão Caminhoneiro
Durante a Transmissão, Bolsonaro falou ainda a respeito do Cartão Caminhoneiro. Passando a palavra novamente a Albuquerque.
“Uma boa notícia é que hoje a Petrobras anunciou que no próximo dia 20 de maio vai iniciar os testes com o Cartão do Caminhoneiro. Cartão esse que possibilitará mais segurança, facilidade, flexibilidade e garantir o preço do combustível como forma de cartão pré-pago por até 30 dias.”
O ministro afirmou ainda que os testes começam dia 20/05 nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Até dia 25/06 a medida deve chegar a todo o Brasil. A ação foi feita com foco no motorista autônomo, mas também é válida para empresas.
Autônomos, por sua vez, também reclamaram do Cartão na Câmara dos deputados. O questionamento é, quem pode ficar com dinheiro parado 30 dias em um cartão, quem tem o capital para isso, empresas ou autônomos?
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.
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