Os novos cálculos do piso mínimo de frete foram divulgados na quinta-feira 18 pela ANTT. Desde então, as reações de caminhoneiros autônomos têm sido as mais variadas. Muita gente ficou decepcionada com os novos valores, que, no geral, são mais baixos que os anteriores. Outros já estão tão desalentados com a falta de cargas que respeitam a legislação que nem se preocuparam com a mudança. Outros, porém, começam a falar em greve de caminhoneiros, programada para o dia 22, segunda-feira.
Quem está organizando?
Assim como o movimento de maio de 2018 e os seguintes, a organização se dá, majoritariamente, por Whatsapp, e não há líderes definidos. O UOL, em reportagem deste sábado, tentou identificar possíveis organizadores entre os administradores dos grupos criados para discutir a possível paralização dia 22. Entretanto, ninguém se apresentou como líder.
Entre os líderes das últimas manifestações, muitos também não concordam com os novos cálculos, como Junior Almeida, do Sindicam de Ourinhos, que questiona os cálculos e o fim da cobrança do retorno quando o motorista tem poucas chances de conseguir um frete para voltar a sua base. Carlos Litti, do Sinditac de Ijuí/RS, também afirmou que o resultado ficou aquém no esperado. Ambos falaram que a categoria está falando em greve, mas nenhum dos dois se posicionou em relação a uma paralisação já no dia 22.
Junior, inclusive, disse em transmissão no Facebook que passará o final de semana em reuniões para ter um posicionamento na segunda-feira e, quem sabe, falar em mobilizações a partir do dia 23. Afirmou ainda que além do piso mínimo de frete da ANTT, existem outras questões a serem discutidas, como pontos de parada, aposentadoria especial, etc.
Ministro da Infraestrutura
Assim que os novos cálculos foram divulgados, muitos caminhoneiros e organizações já buscaram alternativas para mudar os valores. Wallace Landin, conhecido como Chorão, afirmou ainda na quinta-feira que deve conversar com o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para tratar do assunto. Junior também mencionou, em transmissão no Facebook, que tem reunião agendada na próxima semana.
Não se sabe o que seria discutido na reunião, mas Chorão, em sua postagem, disse que o ministro afirmou ter sido pego de surpresa pela nova tabela. Vale ressaltar que, desde o começo das audiências públicas, a data para lançamento da nova versão já estava definida.
Vai ou não vai ter greve afinal?
Difícil ter certeza, mas dia 22 está muito próximo e organizar uma greve leva tempo. É necessário levantar pautas, interlocutores e avisar o setor, por isso, é pouco provável que haja paralisação já nesta segunda. O que não impede que a situação mude nos dias posteriores e o movimento ganhe força. Ainda assim, muitos motoristas hoje são contra, afirmando que a greve anterior trouxe prejuízos e que empresas passaram a comprar mais caminhões, dificultando ainda mais a vida do autônomo.
Com o governo aberto a conversar, exatamente para evitar uma nova paralisação, também se afasta a possibilidade de grande adesão a um novo movimento. Por outro lado, muitos se dizem cansados de dialogar com o governo e se veem traídos por ele.
A categoria está dividida quanto a fazer ou não uma greve, mas o descontentamento com a situação atual é consenso.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.
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