Quando o assunto é pesagem, todo motorista tem algum relato para contar. No mês passado, uma declaração do ministro da Infraestrutura sobre o fim da pesagem por eixo dividiu opiniões dentro do setor de transportes.
Durante o seminário virtual “O Futuro da Infraestrutura”, promovido pelo banco Santander, o ministro Tarcísio de Freitas disse ser a favor do fim da pesagem por eixo, mudando sua posição anterior, já que o ministro havia se posicionado contra a medida em outras ocasiões.
“Está na hora de fazermos uma mudança e acabarmos com a pesagem por eixo, passando a pesar o peso bruto total [do veículo carregado com a carga]”, declarou durante o seminário.
O que dizem os motoristas
Muitos caminhoneiros que acompanham o Pé na Estrada comemoraram a declaração do ministro da Infraestrutura.
“Ufa! Até que enfim uma boa notícia, tomara que se concretize!”, comentou o parceiro Clóvis Brito em nossa página no Facebook.
Motoristas relatam que pesagens em balanças diferentes frequentemente apresentam resultados diferentes. Essa é uma das dificuldades em criar um consenso sobre o peso do conjunto todo.
“[Considerar o peso total] seria o correto, até porque cada balança alega uma coisa pesa e um jeito. Tem vez que em uma só viagem, você passa por determinadas balanças, uma da excesso de peso e a outra não”, relata o parceiro Claudio Cavalcante.
A questão da diferença de uma balança para outra é um argumento usado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo e Região, o Setcesp, representando empresários do ramo.
Questionado, o Setcesp se posicionou a favor da pesagem por peso bruto total, e alertou sobre a falta de padronização da aferição das balanças.
“Além disso, o excesso de peso por eixo, pode ser causado por uma série de fatores, que fogem do controle dos transportadores, como por exemplo: a movimentação da carga, tanto na carga fracionada quanto na carga a granel, ocorre com muita frequência, desta forma a pesagem por peso bruto total seria mais coerente”, afirma o presidente do Conselho Superior e de Administração do Setcesp, Tayguara Helou.
ABCR
Sobre o assunto, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) defende que “não há como se obter o peso bruto total (PBT) do caminhão ou composição do veículo de carga (CVC) com rapidez e eficiência a não ser pesando cada eixo para se obter o peso total”.
Questionada sobre o fim da pesagem por eixo, a associação se refere a medida como um retrocesso. “O que pode ser revisto são as penalidades impostas por excesso de peso por eixos. Essas seriam aplicadas no caso de descumprimento do limite do PBT”, responde em nota destinada à imprensa.
Pesagem em movimento
A ABCR também declarou em nota que defende a pesagem em movimento, uma alternativa para que a pesagem seja feita com menos custos e menos tempo.
Em 2019, um novo sistema de pesagem começou a ser testado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), incluindo dois modelos para a fiscalização.
Um deles era a pesagem em movimento, que usa sensores e desobriga o motorista a passar no posto. Outra alternativa era a fiscalização remota, em que o agente fiscal não está presente fisicamente no local. Ambas não consideram o peso total do caminhão e sim o peso por eixo.
O repórter Jaime Alves falou sobre o assunto em uma matéria do Pé na Estrada. Relembre:
Em movimento, a pesagem seria contínua, 24 horas por dia. Não haveria mais balanças fechadas, como acontece hoje.
Inclusive, devido a pandemia da covid-19, as balanças em rodovias federais estão fechadas desde março. O intuito é evitar retenções e pontos de contato entre os profissionais do transporte de cargas.
A medida que paralisou a atividade das balanças tem 90 dias de duração e valerá até o dia 23 de junho. Apesar da medida, a fiscalização não foi suspensa e é feita no momento do embarque.
Por Pietra Alcântara
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