Embora os motoristas de fato estejam insatisfeitos com o aumento do preço do diesel que não é repassado ao frete, a adesão à greve do dia 25 de julho ainda é incerta em diversas regiões. Muitos motoristas afirmam que a paralisação de 2018 beneficiou mais os empresários que os autônomos, outros se mostram céticos com benefícios vindos de uma mobilização.
O que dizem os sindicatos e confederações?
O CNTRC, Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, é uma das instituições que está convocando a greve. Segundo seu presidente, Plínio Dias, as reivindicações já foram entregues ao governo, que não respondeu ou atendeu aos pleitos.
Em entrevista ao Poder 360, Plínio afirmou: “O ministro deveria sentar e conversar com a gente. Ninguém quer guerra com ele. A pauta não é politicagem, é o transporte. Se tivéssemos uma boa conversa, não iríamos parar o país, mas o ministro não quer falar, não reconhece a entidade”.
Outra entidade que apoia a paralisação é a CNTTL, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística. Carlos Litti, representante da confederação, afirmou em entrevista ao InfoMoney que eles orientam a participação de autônomos e inclusive de quem trabalha regime CLT. Além disso, destacou em outra entrevista que, para quem tem caminhões mais antigos, o custo do diesel já chega a 60% do frete. Litti compara a situação a de um trabalhador comum. Seria como se um trabalhador gastasse 60% de seu salário com o transporte para o trabalho.
No entanto, outras entidades de peso no setor ainda não declararam apoio, mas também não se colocaram contra uma nova paralisação. É o caso da CNTA, Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, que afirmou ao Pé na Estrada: “A prerrogativa e legalidade de se realizar uma paralisação é um direito do caminhoneiro e formalizada através de assembleia nos sindicatos. Até o presente momento, não temos conhecimento de tal iniciativa por parte de sindicatos ligados ao sistema da nossa Confederação.”
A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, Abrava, através de seu presidente, Wallace Landim, conhecido como Chorão, informou à nossa reportagem que, embora a situação não esteja fácil, a Associação precisa agir com responsabilidade: “Nós estamos sim a beira do abismo. Um movimento errado acaba de matar a categoria”. Ele afirma também que não concorda que a categoria levante sozinha a bandeira do problema dos combustíveis, que essa deveria ser uma demanda de diversos setores da sociedade. Entretanto, ele também afirma: “Realmente não tá fácil não. Tá caminhando para uma possibilidade sim.”
Adesão à greve é incerta entre motoristas também
Em diversos grupos de caminhoneiros no Whatsapp e Facebook consultados pela reportagem, as opiniões variam muito:
Eu sou a favor hoje amanhã e sempre
Eu sou contra pois se parar daí vamos quebrar de verdade, como vamos pagar a prestação o seguro as manutenções? Eu tenho contas fixas todo o mês. Daí tô ferrado
Em meus 40 anos de profissão nunca vi uma greve dar certo
Eu apoio. Já passou do tempo. Já era pra ter parado tudo há muito tempo. O óleo aqui pra nos na Bahia já tá custando 4,99
Preço do diesel
O preço do diesel sempre é a grande questão nas mobilizações da categoria. Foi assim em 2015, quando o preço nem era alinhado ao barril do petróleo ainda. Foi assim em 2018, quando o valor do diesel estava abaixo de R$ 3,00. E tem sido assim nas ameaças de greve desde então.
A questão é que o valor do diesel deveria ser coberto pelo frete e o medo de muitos é, se baixar o combustível, o frete baixar junto. Não é à toa que, dentre as pautas de reivindicação, estão a constitucionalidade da lei do piso mínimo, que está parada no STF há anos, o aumento da fiscalização e punição às empresas que não cumprem essa lei e o fim da paridade do diesel com o preço do barril de petróleo no mercado internacional.
Veja também: Nordeste e Sudeste lideram altas do preço do diesel no país
E aí, vai ou não ter greve?
Embora a adesão à greve ainda seja incerta e o movimento não pareça tão forte quanto em 2018, as condições estão cada vez mais parecidas com as daquele ano. As dificuldades de autônomos e agora também de empresas começam a dar sinais de esgotamento, por isso, uma greve pode mesmo estar se avizinhando.
Não é possível ter certeza se ela vai acontecer ou se será agora, dia 25, dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, ou num futuro próximo, mas o fato é que a situação do transporte é grave.
Em 2018, o então governo de Michel Temer demorou para entender a gravidade da situação e para tomar providências uma vez que a greve estava instalada. O atual governo tem uma relação mais próxima com a categoria, entretanto, isso não assegura que novas paralisações não voltem a acontecer.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.
Não vai ter greve. A classe está desunida. Já deveriam ter parado a muito tempo. Não há nenhum político engajado no movimento, por isso não há investimento na paralisação.
Como que a greve vai dar certo, se a primeira coisa que o povo faz, é correr para os postos de combustíveis e encher o tanque dos carros? Correr para os mercados e encher as dispensas de alimentos. Precisamos do povo brasileiro, para a greve dar certo e isso , não vai acontecer nunca, pois é cada um olhando somente para o seu umbigo, infelizmente. Galera, sou caminhoneiro e amo a minha profissão, mas é muita gente, querendo fazer nome em cima da nossa classe. Minha opinião.