sexta-feira, novembro 22, 2024

Situação de caminhoneiros está difícil, mas adesão à greve ainda é incerta

ManifestaçõesSituação de caminhoneiros está difícil, mas adesão à greve ainda é incerta

Embora os motoristas de fato estejam insatisfeitos com o aumento do preço do diesel que não é repassado ao frete, a adesão à greve do dia 25 de julho ainda é incerta em diversas regiões. Muitos motoristas afirmam que a paralisação de 2018 beneficiou mais os empresários que os autônomos, outros se mostram céticos com benefícios vindos de uma mobilização.

O que dizem os sindicatos e confederações?

O CNTRC, Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, é uma das instituições que está convocando a greve. Segundo seu presidente, Plínio Dias, as reivindicações já foram entregues ao governo, que não respondeu ou atendeu aos pleitos.

Em entrevista ao Poder 360, Plínio afirmou: “O ministro deveria sentar e conversar com a gente. Ninguém quer guerra com ele. A pauta não é politicagem, é o transporte. Se tivéssemos uma boa conversa, não iríamos parar o país, mas o ministro não quer falar, não reconhece a entidade”.

Outra entidade que apoia a paralisação é a CNTTL, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística. Carlos Litti, representante da confederação, afirmou em entrevista ao InfoMoney que eles orientam a participação de autônomos e inclusive de quem trabalha regime CLT. Além disso, destacou em outra entrevista que, para quem tem caminhões mais antigos, o custo do diesel já chega a 60% do frete. Litti compara a situação a de um trabalhador comum. Seria como se um trabalhador gastasse 60% de seu salário com o transporte para o trabalho.

No entanto, outras entidades de peso no setor ainda não declararam apoio, mas também não se colocaram contra uma nova paralisação. É o caso da CNTA, Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, que afirmou ao Pé na Estrada: “A prerrogativa e legalidade de se realizar uma paralisação é um direito do caminhoneiro e formalizada através de assembleia nos sindicatos.  Até o presente momento, não temos conhecimento de tal iniciativa por parte de sindicatos ligados ao sistema da nossa Confederação.”

A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, Abrava, através de seu presidente, Wallace Landim, conhecido como Chorão, informou à nossa reportagem que, embora a situação não esteja fácil, a Associação precisa agir com responsabilidade: “Nós estamos sim a beira do abismo. Um movimento errado acaba de matar a categoria”. Ele afirma também que não concorda que a categoria levante sozinha a bandeira do problema dos combustíveis, que essa deveria ser uma demanda de diversos setores da sociedade. Entretanto, ele também afirma: “Realmente não tá fácil não. Tá caminhando para uma possibilidade sim.”

Adesão à greve é incerta entre motoristas também

Em diversos grupos de caminhoneiros no Whatsapp e Facebook consultados pela reportagem, as opiniões variam muito:

Eu sou a favor hoje amanhã e sempre

Eu sou contra pois se parar daí vamos quebrar de verdade, como vamos pagar a prestação o seguro as manutenções? Eu tenho contas fixas todo o mês. Daí tô ferrado

Em meus 40 anos de profissão nunca vi uma greve dar certo

Eu apoio. Já passou do tempo. Já era pra ter parado tudo há muito tempo. O óleo aqui pra nos na Bahia já tá custando 4,99

Preço do diesel

Toten mostra preços do diesel em posto
Imagem: Grupo de Whatsapp BR 101 os qualificados do Nordeste

O preço do diesel sempre é a grande questão nas mobilizações da categoria. Foi assim em 2015, quando o preço nem era alinhado ao barril do petróleo ainda. Foi assim em 2018, quando o valor do diesel estava abaixo de R$ 3,00. E tem sido assim nas ameaças de greve desde então.

A questão é que o valor do diesel deveria ser coberto pelo frete e o medo de muitos é, se baixar o combustível, o frete baixar junto. Não é à toa que, dentre as pautas de reivindicação, estão a constitucionalidade da lei do piso mínimo, que está parada no STF há anos, o aumento da fiscalização e punição às empresas que não cumprem essa lei e o fim da paridade do diesel com o preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Veja também: Nordeste e Sudeste lideram altas do preço do diesel no país

E aí, vai ou não ter greve?

Embora a adesão à greve ainda seja incerta e o movimento não pareça tão forte quanto em 2018, as condições estão cada vez mais parecidas com as daquele ano. As dificuldades de autônomos e agora também de empresas começam a dar sinais de esgotamento, por isso, uma greve pode mesmo estar se avizinhando.

Não é possível ter certeza se ela vai acontecer ou se será agora, dia 25, dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, ou num futuro próximo, mas o fato é que a situação do transporte é grave.

Em 2018, o então governo de Michel Temer demorou para entender a gravidade da situação e para tomar providências uma vez que a greve estava instalada. O atual governo tem uma relação mais próxima com a categoria, entretanto, isso não assegura que novas paralisações não voltem a acontecer.

Por Paula Toco

 

Jornalista Paula Toco sentada em banco do motorista de caminhão pesado

Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.

2 COMENTÁRIOS

  1. Não vai ter greve. A classe está desunida. Já deveriam ter parado a muito tempo. Não há nenhum político engajado no movimento, por isso não há investimento na paralisação.

  2. Como que a greve vai dar certo, se a primeira coisa que o povo faz, é correr para os postos de combustíveis e encher o tanque dos carros? Correr para os mercados e encher as dispensas de alimentos. Precisamos do povo brasileiro, para a greve dar certo e isso , não vai acontecer nunca, pois é cada um olhando somente para o seu umbigo, infelizmente. Galera, sou caminhoneiro e amo a minha profissão, mas é muita gente, querendo fazer nome em cima da nossa classe. Minha opinião.

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