quarta-feira, novembro 27, 2024

Os constantes e intermináveis problemas na Fernão Dias

NotíciasOs constantes e intermináveis problemas na Fernão Dias

“Estrada ruim que você paga pedágio pra andar e tem problemas é a Fernão Dias. A Fernão é a mesma coisa que você rodar em estrada de chão, você vem ‘socando’ de lá até aqui. É buraco, é trepidação. O acostamento também é muito ruim. A Fernão, com certeza piorou”. Esse relato foi feito pelo caminhoneiro Érico (QRA: Negão) em janeiro deste ano para a nossa equipe, em matéria sobre a piora das rodovias brasileiras em 2022.

Infelizmente, os motoristas de caminhão que precisam trafegar pela Fernão Dias (BR-381) enfrentam diversos problemas nas pistas devido às más condições do asfalto em muitos trechos. Com as inúmeras reclamações recebidas pelo Pé Na Estrada através das nossas redes sociais, fomos até a rodovia para conferir a situação desta importante via do país.

“Esses problemas me deixam triste pois eu gosto de andar na Fernão”

Com 25 anos de profissão, Jerry Ribeiro (QRA: Rodô) trafega pela Fernão Dias desde suas primeiras viagens no trecho. Natural de Milagres, cidade do interior da Bahia, o estradeiro relembra com saudades quando a rodovia oferecia um asfalto de qualidade. Porém, ao longo do tempo, ele destaca que as condições vem piorando devido ao aumento de desgaste e outros problemas.

“Esses problemas me deixam triste pois eu gosto de andar na Fernão”
Jerry Ribeiro (QRA: Rodô). Imagem: PNE

“Hoje a Fernão Dias não está oferecendo condições de você trafegar com qualidade devido a trepidações, cabeceiras de ponte, buracos opostos, que é quando é feito o recapeamento porém não fica nivelado ao asfalto e fica acima do asfalto, tipo um buraco ao contrário.”

Avaliações recentes da Fernão Dias

Segundo informações da Arteris, concessionária responsável pela administração da Fernão Dias, a rodovia que liga as cidades de Contagem/MG e Guarulhos/SP, possui um tráfego hoje é composto por 37,1% de veículos comerciais e 62,9% de veículos de passeio, recebendo cerca de 250 mil veículos por dia e atendendo aproximadamente 16,6 milhões de habitantes.

De acordo com a mais recente Pesquisa CNT de Rodovias, publicada em 2022, a qualidade do pavimento da Fernão Dias foi avaliada como regular, tanto no trecho paulista, quanto no mineiro, onde a Confederação analisou 941 quilômetros da BR-381 sendo 94 no estado de São Paulo até a divisa com Extrema (MG) e 847 quilômetros em Minas Gerais.

Vale destacar que em solo mineiro, outros trechos adjacentes da BR-381 também foram avaliadas como se fossem parte da Fernão Dias, diferentemente do que acontece em São Paulo. Dessa forma, a avaliação pode não ser precisamente sobre a Fernão em alguns trechos.

“Sendo concessionada deveria ter uma manutenção melhor na pista. Eles cobram esses pedágios mas a gente não vê melhoria nenhuma. Quando tem acidente tem situação que você fica no mínimo quatro, cinco horas parado na pista porque fecha. Parece que eles não têm uma autonomia para arrumar e solucionar o problema, não têm rota de escape pra ajudar as pessoas que estão paradas no trânsito pra te liberar. Em uma situação eu fiquei parado mais de 10 horas aqui na Fernão Dias.”, afirma Wilson Franco (QRA: Wilsinho).

Avaliações recentes da Fernão Dias
As condições irregulares do asfalto acabam prejudicando os estradeiros. Imagem: PNE

“Estrada ruim, motorista fadigado. E os pontos de parada?”

Wilson levantou um ponto ao longo de nossa conversa, que se refere à construção de pontos de parada e descanso na BR-381. O estradeiro argumenta que a má qualidade encontrada em diversos trechos da Fernão traz maior desgaste ao caminhoneiro, que já se cansa devido às longas viagens. Ele também destaca a insegurança encontrada em alguns pontos da via:

“A Fernão Dias é um dos (pedágios) mais baratos por onde a gente roda, porém pode melhorar mais as condições da rodovia, dando uma atenção maior ao caminhoneiro, porque onde você dorme, onde você fica, é perigoso. Você não dorme tranquilo porque tem gente roubando no posto, rouba farol de colega meu, rouba farol, entra na cabine e machuca motorista, leva pertences”, destaca.

“Estrada ruim, motorista fadigado. E os pontos de parada?”
Devido aos problemas na pista, os condutores necessitam ter maior atenção para desviar de buracos. Imagem: PNE

O estradeiro Jerry também destaca a fadiga gerada pelos problemas de asfalto no trecho e afirma que não apenas a Fernão, mas também outras rodovias como a Presidente Dutra e a Anhanguera deveriam oferecer maior suporte para descanso e conforto dos caminhoneiros.

“E o que diz a Arteris?”

Em nota enviada ao Pé Na Estrada, a Arteris, concessionária responsável pela administração da rodovia, aponta que há a realização de obras constantes nas vias, afirmando ainda ser “a maior investidora federal em infraestrutura viária no Brasil da última década”. A concessionária ainda nos informou que realizará obras pontuais para recapear o asfalto antes dos períodos de chuva. Confira a nota:

“A Arteris Fernão Dias informa que os investimentos em obras e serviços de conservação da BR-381 seguem sendo realizados pela concessionária. Recentemente, a concessionária intensificou os trabalhos de manutenção na rodovia e aumentou o número de colaboradores que atuam em campo ao longo de 562,1 quilômetros de trechos concedidos. Atualmente, são 13 equipes de manutenção específicas para atuar na conservação e recuperação do pavimento, que contam com 258 colaboradores e 209 equipamentos, inclusive com máquinas pesadas, e quatro usinas de asfalto destinados a esse tipo de trabalho em diferentes pontos da rodovia. No início do próximo mês, a empresa mobilizará mais quatro equipes na força-tarefa de tapa-buracos a fim de agilizar o atendimento às demandas durante o período de chuva”.

Também questionamos a concessionária sobre as áreas de descanso, ponto citado pelos estradeiros nas entrevistas como uma necessidade para a categoria. Sobre o assunto, a Arteris nos informou que não prevê a construção dos espaços pois as áreas não estão dentro do atual contrato de concessão da Fernão Dias. Veja a resposta da empresa:

“Em relação às áreas de descanso para caminhoneiros, não há previsão de execução dessas obras no contrato de concessão da BR-381. Cabe ressaltar que, desde 2008, a concessionária investiu mais de R$3,4 bilhões na rodovia federal, o que inclui serviços de conservação e manutenção do pavimento e instalação de sinalização e 600.000 metros de dispositivos de segurança, como defensas metálicas e barreiras de concreto, medidas importantes para salvar vidas”.

Veja Também: Carreteiro fala sobre situação da Fernão Dias – Papo de Boleia

Por Daniel Santana com informações da CNT e da Arteris

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