Durante a COP30, o Brasil, por meio do Ministério dos Transportes, assinou um acordo polêmico. Ele promete eliminar todos os caminhões biodiesel e biocombustíveis vendidos no país. A proposta faz parte da adesão do Brasil a uma coalizão internacional, a Drive to Zero.
O ponto central da discussão é que o memorando, assinado na COP30, exclui de fato os biocombustíveis como solução de longo prazo para a descarbonização.
Entenda o acordo que tira biodiesel e biocombustível
A decisão também vai diretamente contra a própria Cúpula do Clima, que pediu aos países para quadruplicarem a produção global de combustíveis sustentáveis (incluindo biocombustíveis) até 2035.
A adesão pegou de surpresa o setor de biometano e biogás no Brasil, que tem visto um crescimento notável como substituto promissor do diesel. Recentemente, o Pé na Estrada fez uma publicação sobre a adesão do biometano nas trasportadoras. O resultado é satisfatório para o embarcador e para o transportador.
Outra solução que o Pé na Estrada mostrou é a do biodiesel 100% limpo. O mesmo que abasteceu dois veículos da Mercedes-Benz com destino a COP30 para comprovar a emissão zero.
Até que ponto vale a assinatura que tira os caminhões?
Apesar da assinatura do memorando não ser “deliberativo” (não cria lei automaticamente), o ato é um forte sinal de intenção que orienta as futuras políticas e investimentos de descarbonização do transporte pesado.
Ao focar apenas em baterias elétricas e hidrogênio, o Brasil sinaliza um possível desvio de foco e recursos, ignorando uma cadeia produtiva de biocombustíveis já estabelecida e em expansão.
Adesão e recuo de tratado em plena COP30
O Ministério dos Transportes cancelou a adesão do Brasil ao Memorando de Entendimento sobre Emissão Zero para Veículos Pesados e Médios, iniciativa internacional conhecida como Drive to Zero e coordenada pela Colômbia. O documento havia sido assinado por 41 países durante a COP30, em Belém.
Segundo a pasta, a saída ocorreu após divergências de interpretação sobre o propósito do memorando.
O cancelamento veio menos de um dia depois da assinatura estabelecer a eliminação, até 2040, de caminhões e ônibus movidos a biocombustíveis, classificado como tecnologia em desacordo com programas defendidos pelo governo, como o Combustível do Futuro e o Mover.
A adesão, foi conduzida diretamente pelo Ministério dos Transportes, sem participação do Itamaraty, responsável por coordenar os compromissos internacionais do país na área de clima e energia.
Assinado em 11 de novembro, o documento previa que todos os veículos pesados vendidos pelos países participantes fossem livres de emissões de gases de efeito estufa até 2040, com meta intermediária de 30% de unidades limpas em 2030. A forma de contabilização das emissões considerava apenas os gases lançados pelos escapamentos, o que limitava o cumprimento das metas a tecnologias como veículos elétricos a bateria ou movidos a hidrogênio verde e deixava de fora.
(Atualizada em 18/11/2025)


Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.
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