terça-feira, dezembro 3, 2024

Caminhoneiro com câncer tem tratamento negado pelo SUS

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Pedágio caro, diesel alto, frete baixo, tudo isso virou problema menor para Fernando Pitanga. Caminhoneiro desde a adolescência, Pitanga ficou conhecido pelo pessoal do trecho ao vencer a edição de 2010 do Melhor Motorista de Caminhão do Brasil, competição promovida pela Scania. O concurso mudou sua vida. Deixou de ser motorista empregado e passou a autônomo porém, em 2016, aos 41 anos, sua vida mudou novamente. O diagnóstico de melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele, interrompeu os planos de quitar o caminhão.

Fernando retirou o câncer em 2017 entretanto, ele voltou. O caminhoneiro descobriu a metástase este ano, no fígado e pulmão. Neste estágio não é possível operar e tanto quimio quando radioterapia são ineficazes. Existe porém um recurso relativamente novo disponível, a imunoterapia, contudo o tratamento foi negado pelo SUS.

caminhoneiro tem tratamento de câncer negado pelo SUS

Imunoterapia e burocracia

 

O tratamento já era considerado primeira linha nos EUA e Europa há algum tempo, mas no Brasil, apenas em junho de 2017 conseguiu liberação na Anvisa. Entretanto, o SUS ainda não o inclui entre os medicamentos distribuídos a população. Ou seja, quem precisa dele, ou consegue por seu plano de saúde, ou compra por conta própria. Fernando, como a maior parte dos caminhoneiros autônomos, não tem plano de saúde. Tem menos ainda condições de comprar sozinho, já que cada dose custa quase R$ 18mil e é preciso tomar uma a cada 15 dias.

A família busca na justiça o direito de receber o remédio de forma gratuita (você pode ajudar assinando a petição neste link), mas o tempo continua passando e Fernando talvez não aguente esperar tanto por uma resposta. Amigos e outros companheiros da estrada também estão fazendo uma vaquinha para começar o tratamento, o que daria a ele mais tempo para esperar pela justiça. Se quiser ajudar com qualquer valor, as doações estão sendo recebidas neste link.

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Fernando Pitanga e família

INSS

 

Além do remédio negado pelo SUS, o caminhoneiro ainda teve o benefício do auxílio doença negado pelo INSS. A perícia entendeu que Pitanga não tinha impedimentos e o liberou para trabalhar. Como precisava da renda, o motorista continuou a dirigir, o que agravou seu quadro.

A família entrou na justiça e ganhou a causa, mas o INSS ainda não fez os pagamentos. Agora Fernando já não consegue trabalhar, e uma família que fez a sua parte pagando a previdência em épocas de saúde, agora precisa se virar, pois não conta com a contrapartida do Estado.

 

Personagem de livro

 

Fernando Pitanga também abriu as portas de sua boleia para a jornalista Paula Toco. A viagem pelo Nordeste a bordo de um caminhão tanque deu origem ao livro “E se eles sumirem?”, um diário de bordo que conta o dia a dia do caminhoneiro, com os problemas e também o lado positivo da profissão. O livro está a venda no site eseelessumirem.com, e toda a renda agora é voltada para o tratamento de Fernando.

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Com a jornalista Paula Toco no lançamento do livro “E se eles sumirem?”

 

Por Paula Toco

Jornalista Paula Toco sentada em banco do motorista de caminhão pesado

Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.

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