Hoje, dia 5 de novembro, é o 5º dia da mobilização de caminhoneiros no Porto de Santos. Nos demais pontos do Brasil, as liminares do governo impediram o fechamento de vias e, com isso, enfraqueceram o possível movimento. Entretanto, mesmo sem fechar rodovias, motoristas autônomos seguem de braços cruzados no maior porto da América Latina.
Queda no movimento do Porto
Em nota oficial nesta manhã de sexta-feira, a gestão do Porto informou que: “o acesso ao Porto de Santos flui normalmente nesta sexta-feira (5), não havendo qualquer retenção ao tráfego nem concentração de caminhões parados. As operações que estiveram com alguma interferência até esta quinta (4) estão sendo retomadas e toda a segurança será garantida. Cerca de 30 pessoas permanecem em manifestação nas imediações do Porto, sem impedir o acesso de veículos.”
Por outro lado, Marcelinho, um dos caminhoneiros parados nos arredores do porto, afirmou à nossa reportagem que nenhum autônomo está rodando. Ele nos enviou imagens da concentração de motoristas e afirmou que, apesar das investidas da PRF, ainda assim os autônomos só voltam ao trabalho quando tiverem algum tipo de resposta quanto às pautas levantadas.
Importância do autônomo
Vale ressaltar que, embora as transportadoras tenham crescido muito em diversos segmentos, o chamado ‘vira’, ou seja, a movimentação em volta do porto, é feita majoritariamente por caminhoneiros autônomos. A lei pode impedi-los de fechar vias, mas não pode obrigá-los a trabalhar, por isso a queda no transporte da região.
Outro grupo de autônomos segue mobilizado na região de Ijuí/RS. Eles estão agrupados no trevo da BR-285 com a ERS-342. O movimento ali agora já é bem menor, ao contrário do começo da semana. Entretanto, segundo Carlos Litti, diretor da CNTTL, eles seguem mobilizados em apoio aos caminhoneiros no Porto de Santos. Ou seja, movimento gaúcho só deve se desmobilizar quando os motoristas na baixada santista fizerem o mesmo.
Tentativas de divulgação
Até agora, o movimento não tem chamado atenção da grande mídia, então, para mostrar que seguem mobilizados no Porto de Santos e angariar apoio, os caminhoneiros devem sair em passeada na tarde desta sexta-feira. Ao mesmo tempo, circula também pelos grupos de Whatsapp um chamamento para demais caminhoneiros e outras classes de motoristas profissionais juntarem-se aos autônomos no sábado pela manhã. Em síntese, uma carreata estaria marcada para sair do Sambódromo em direção à baixada santista. A nota, entretanto, não faz referência a quem seriam os organizadores.
Pauta
A pauta, em suma, segue a mesma, o preço do diesel. Essa é a principal reclamação, já que os sucessivos aumentos na bomba não são repassados ao frete. Ao mesmo tempo, a lei do Piso Mínimo segue sem data de votação no STF e, com isso, grande parte das empresas não cumpre a legislação, levando o caminhoneiro autônomo e até as transportadoras à situação difícil vivida atualmente.
“Mais de 70% do frete vai no diesel hoje. E o pedágio, que é lei, as empresas também não pagam. Aí isso também sai do nosso frete.” Marcelo Aparecido Santos da Paz, QRA Marcelinho. Caminhoneiro parado no Porto de Santos.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.