Visando a conscientização de motoristas e pedestres para reduzir acidentes de trânsito, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e o Serviço Social do Transporte/ Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest Senat) apresentaram nesta terça-feira, 27, a campanha Maio Amarelo 2021, com o tema “Respeito e responsabilidade: pratique no trânsito”.
O evento aconteceu na sede do Sistema CNT, em Brasília, e em parte online, e reuniu diversas autoridades relacionadas à segurança do trânsito. O objetivo do movimento é estimular a participação de governo, entidades, população e empresas para se unirem pela causa do trânsito.
Quem idealiza a ação é o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). O diretor-presidente da entidade, José Aurélio Ramalho, alertou que os números de acidentes de trânsito parecem os de uma pandemia, mas que para tratar o problema a melhor saída é a conscientização. “A vacina está dentro da cabeça dos motoristas”, disse o diretor.
Já o presidente da CNT, Vander Costa, lembrou que a mensagem do Maio Amarelo não vale somente o próximo mês, mas sim para todo o ano de 2021.
Apesar da redução do número de mortes causadas por acidentes de trânsito no Brasil, o índice continua muito alto. Em 2011, quando foi criada a Década de Ação pela Segurança no Trânsito pela Organização das Nações Unidas (ONU), o país somava somente naquele ano mais de 43 mil vidas perdidas no trânsito.
Ao final da década, em 2020, o número caiu para 30 mil mortes, uma queda de 30%, mas longe da meta estabelecida pela ONU que era reduzir em 50% o número de óbitos de motoristas e pedestres.
O mês de maio usado para a campanha é justamente por causa do mês em que foi criada a Década de Ação pela Segurança. Já o amarelo simboliza atenção e também a sinalização e advertência no trânsito.
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Críticas as mudanças do Código de Trânsito Brasileiro
Convidado do evento, o Senador Fabiano Contarato – Rede/ES, que já foi delegado de Delitos de Trânsito por mais de dez anos e também diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES), criticou as mudanças do novo Código de Trânsito relacionadas à validade e a pontuação da CNH.
Com a alteração da validade da CNH de 5 para 10 anos para condutores de até 49 anos, Contarato não concorda com a ideia de que os exames médicos também dobrem a sua validade:
“Trabalhei diretamente dentro do Departamento Médico Legal e nós sabemos que o aspecto biopsicológico de um ser humano ele é alterado, principalmente em uma pandemia. Você tem problema de acuidade visual, de coordenação motora, de hipertensão, de AVC (Acidente Vascular Cerebral), problemas cardíacos, depressão e você botar uma validade de um exame médico por 10 anos eu acho isso que vai na contramão do que pretendia o Código de Trânsito que é um trânsito com condições seguras”, finalizou o senador.
Para ele, além dessa questão, vai ser quase impossível os motoristas terem a habilitação suspensa pela quantidade de pontos, o que beneficiará maus condutores:
“Temos 60 milhões de motoristas em que nem 2% desses motoristas alcançavam a pontuação de 20 pontos para ter a carteira suspensa. E o Governo Federal encaminha o projeto alterando isso para 40 pontos. Nós sabemos que quando o motorista está na iminência de atingir os 40 pontos, ou seja, 39 pontos, ele faz um curso de reciclagem que pode ser feito online para ter o apagamento desses pontos. Ou seja, ele vai poder ter quase 70 pontos na carteira”.
Quando a nova lei de trânsito foi aprovada em outubro do ano passado, o ex-delegado votou contra o projeto. O novo código está em vigor desde de 12 de abril.
Por Wellington Nascimento