Já é notório que está faltando caminhoneiro nas estradas do Brasil. Porém, também é nítido que quando há uma vaga boa, ela não deve ser desperdiçada.
Pensando assim, o Portal Pé na Estrada preparou algumas dicas para você não perder aquela oportunidade na hora da entrevista.
O assunto veio à tona no primeiro Fórum Pé na Estrada e discutido entre os participantes. Uma vez que apesar da falta de motoristas, há pouca retenção de interessando.
Dica de quem entende sobre vagas
Jéssica Martins, analista de RH, da Carsten, empresa especializada no transporte e logística de cargas, explica que há empresas que são muito rígidas com o condutor.
Já, por outro lado, há motoristas que não estão dispostos a se atualizar ou se dedicar a uma empresa.
“São aqueles que mudam de uma empresa para a outra por pequenos reajustes e que acabam ficando sem um lugar para fazer carreira”, aconselha ela, que olha para os colaboradores de 18 filiais, quase 700 motoristas.
Porém, há outra questão: Como reter tanta gente boa?
“A nossa maior dificuldade é pensar em como motivar ou reter talentos. O que nós estamos fazendo de diferente para isso? Pensando assim, conseguimos, por exemplo, fazer com que os nossos motoristas tenham capacitação dentro da empresa”, explica.
Segundo a especialista em RH, a ideia foi implantada depois que foi identificado motoristas iniciantes munidos apenas da habilitação, ou seja, sem experiência na estrada.
São duas semanas de aulas, entre teóricas e práticas, sendo todas dentro do ambiente de trabalho. “As aulas ensinam desde a maneira de desengatar e engatar uma carreta, até como trabalhar no dia-a-dia com um caminhão”, acrescenta.
Especialização é importante para reter talentos
A ideia faz sentido, uma vez que boa parte dos motoristas para nas categorias iniciais por falta de incentivo ou por não querer arcar com treinamentos, ou cursos de especializações.
Outro projeto para manter os colaboradores em casa feito pela Carsten é o do agregamento. “Ou seja, a gente dá a opção para os motoristas virarem nossos agregados.
Criamos um contrato e durante cinco anos, mais ou menos, ele compra o caminhão pago com uma pequena parcela do salário”, finaliza, destacando que é uma forma de transformar novos empreendedores parceiros.
Como encontrar o emprego dos sonhos?
Segundo a RH, uma enxurrada de currículos chegam à unidade. “A gente recebe uma média de 70 a 80 CV, mas poucos eu consigo captar”.
Outro problema apontado por ela é que desse montante, boa parte não aparece na entrevista ou primeira conversa, ou outra parte acaba não finalizando os testes.
“É muito importante que o candidato se mostre interessado e que conheça o nosso processo, entenda a nossa casa, porque é onde vai ser a casa dele. No teste prático, por exemplo, com nosso instrutor, precisamos saber se ele sabe o manuseio ou até mesmo usar um freio motor”, acrescenta.
Dica de quem implementou ranking de méritos
O presidente do grupo Braspress, Urubatan Helou, lembra que pensou em trazer um simulador de direção para treinar os motoristas.
Porém, na época em que pensou trazer a solução, o seu filho questionou: por que transformar em game o aprendizado de direção?
“Ao invés de investir em um equipamento sofisticado, importado e caro, por que não criar uma meta com métricas justas e com premiações para incentivar os nossos motoristas?”

Diferença do simulador para a pista
Ou seja, na visão do empresário, o simulador não serve para ensinar o cidadão dirigir, ele serve para aperfeiçoar e tirar vícios.
O que resolve no caso da Braspress é a telemetria com méritos, pois ela calcula força, curva de torque, arranque, freada e outros índices que qualificam os profissionais.
“Nós temos hoje três simuladores, dois simuladores montados, que percorrem o Brasil, e um simulador fixo na matriz. E através da telemetria, através dessas métricas, que nós começamos a fazer um ranqueamento de motoristas com plano de carreira”.
Com isso, ele finaliza que o caminhoneiro começa no pátio, vai para distribuição urbana, passando para distribuição, depois sobre para a carreta e bitrem.
Professora do Mackenzie tem 10 dicas
Miriam Rodrigues, professora de Gestão de Pessoas no curso de Administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é fundamental mostrar profissionalismo e trabalhar em equipe.
Ela separou 10 dicas que podem fazer a diferença na hora da procura de uma vaga:
- Mantenha a documentação em dia: tenha sempre atualizados documentos como CNH (Carteira Nacional de Habilitação), certificados de cursos obrigatórios (transporte escolar, cargas indivisíveis, entre outros), exames médicos e antecedentes criminais. Isso demonstra organização e responsabilidade.
- Cuide da sua apresentação pessoal: a imagem é sempre importante! Estar limpo, bem-vestido e com postura profissional transmite confiança e respeito.
- Seja pontual e comprometido: a pontualidade é essencial em um setor que depende de horários e logística. Chegar no horário e cumprir prazos mostra que você leva o trabalho a sério.
- Conheça bem as rotas e tecnologias de navegação: familiaridade com GPS, aplicativos de trânsito e conhecimento geográfico da região são diferenciais importantes para motoristas e entregadores.
- Atenção à segurança: demonstre conhecimento sobre normas de segurança no trânsito, direção defensiva e cuidados com o veículo. Isso mostra que você valoriza a vida e os bens transportados.
- Invista em seu desenvolvimento: cursos de direção defensiva, primeiros socorros, mecânica básica e atendimento ao cliente são valorizados.
- Educação e respeito: o bom relacionamento interpessoal com clientes e colegas é essencial, especialmente em funções que envolvem contato direto com o público ou equipes de logística.
- Disponibilidade e flexibilidade: muitas vagas exigem turnos variados, viagens ou plantões. Mostrar disposição para se adaptar às necessidades da empresa é um ponto positivo.
- Cuide da saúde física e mental: profissionais do transporte enfrentam jornadas longas e estressantes.
- Seja claro e confiante nas entrevistas: fale sobre suas experiências, cursos realizados, situações que demonstram sua responsabilidade e capacidade de resolver problemas. Seja honesto e objetivo.
Por fim, o Portal Pé na Estrada, por exemplo, tem uma área exclusiva para vagas abertas e motoristas. O espaço é ideal para identificar melhor as oportunidades.

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.