Terminou na última sexta-feira, 19, a paralisação de caminhoneiros autônomos e microempresários ligados ao transporte de grãos nas regiões de Sinop e Sorriso, no Mato Grosso. A reivindicação dos grupos era o reajuste no valor do frete. O cenário foi muito parecido com a paralisação no Porto de Santos, no começo do mês (veja mais clicando aqui).
Desde 8 de novembro, autônomos, médios e grandes empresários resolveram parar de trabalhar na região. O movimento afetou diretamente o escoamento da produção na BR-163, que dá acesso ao Porto de Miritituba.
De acordo com Sônia Falcheto, microempresária e moradora da região de Sinop por mais de 10 anos, o preço do frete na região ficou insustentável. “O diesel representa 65% do frete, em Sinop chega estar R$ 5,75 a R$ 5,90 o litro do S10. O frete está insustentável, está sobrando zero para o caminhão”, disse.
O que ficou acordado na reunião?
A negociação entre as partes e as empresas do agronegócio terminou com o aumento no preço do frete, além de promessa de aumento da fiscalização do piso mínimo pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) na região. De acordo com Falcheto, houve alta de R$ 15 a R$ 35 reais no preço do frete por tonelada.
Ainda segundo a microempresária, caminhoneiros carregavam na região de Sinop por R$ 140 a R$ 155 o valor do frete em um raio de 50 a 60 km. Com o acordo, o mínimo de frete que o autônomo deveria receber pela viagem na mesma distância é de R$ 195. Os primeiros fretes após o acordo saíram na faixa de R$ 180, entretanto, segundo a empresária, os valores têm subido e já chegam ao combinado de R$ 195.
Na região de Sorriso, o valor do frete antigamente era por volta de R$ 155 a R$ 162 no raio de 50 a 60 km. Logo depois da reunião, o mínimo de frete passou a ser de R$ 192 pela mesma distância. Para distâncias acima de 60 km, usa-se o piso mínimo da ANTT.
Assim como aconteceu na reunião entre transportadoras e autônomos no Porto de Santos, apesar do aumento no valor do frete, o acordo foi abaixo do esperado. Segundo Falcheto, o preço proposto inicialmente por autônomos e microempresários era por volta de R$ 200 a R$ 205 no raio de até 60 km. Em alguns pontos da região este valor consegue ser alcançado, principalmente em transportadoras que não precisam de agenciamento. Até por isso, a empresária considera como positiva a paralisação.
Retorno aos poucos
Mesmo com o acordo, empresas como Martelli, Comando Diesel e Transoeste não operam com 100% de seus caminhões. O retorno ao trabalho está sendo feito aos poucos. No entanto, Falcheto afirma que para a safra do ano que vem, haverá uma nova negociação para valores do frete e faz um alerta para os possíveis aumentos do preço do diesel. “Se subir o óleo e não subir o frete, a gente para de novo”, termina.
Por Wellington Nascimento