Uma das infrações mais comuns no trânsito segundo uma pesquisa da Arteris é o excesso de velocidade. Na tentativa de diminuir a prática, muitos países, inclusive o Brasil, além de fazer campanhas, usam detectores de velocidade para indicar aos motoristas que estão acima do permitido. Mas será que estamos prontos para um trânsito sem radares?
Esse assunto tem sido muito debatido nos últimos dias, devido à decisão do presidente Bolsonaro de acabar com os radares móveis em rodovias estaduais. O presidente afirma que o objetivo da medida é acabar com a “indústria da multa”.
A decisão retira apenas os radares móveis, os fixos continuam. Apenas rodovias federais serão afetadas, nas estaduais não há mudanças. Ainda assim, as estatísticas dessas rodovias podem preocupar.
Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que, em média, 1 multa é aplicada por hora a cada 400 km de rodovias federais.
Em 2017, foram cerca de 3 milhões de multas aplicadas nas rodovias sob responsabilidade da PRF. Considerando que a PRF fiscaliza 70.000 km de rodovias e que devemos considerar 140 mil km no total, devido aos dois sentidos das vias, dividimos 3 milhões por 140 mil km e encontramos 21,5 multas por quilômetro de rodovia federal.
Divididas por 365 dias por ano, são registradas em média 0,06 multas por dia por quilômetro fiscalizado de rodovia federal, ou seja, 0,0025 por hora.
Isso significa média de 1 multa por hora a cada 400 km de rodovias federais fiscalizadas. Apenas numa rodovia como a Presidente Dutra, fiscalizada pela PRF nos seus 402 quilômetros, trafegam, segundo a concessionária responsável pelo trecho, cerca de 850 mil veículos por dia.
Escolha do motorista
Atualmente o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking dos países com maiores índices de morte no trânsito, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atrás apenas da Índia, China, EUA e Rússia. As informações são da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), os acidentes de trânsito no Brasil são responsáveis por deixar 400 mil pessoas com algum tipo de sequela. Além disso, cerca de 60% dos leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) são preenchidos por acidentados.
Mesmo com os radares, muitos motoristas escolhem dirigir acima da velocidade permitida, causando fatalidades. Acidentes de trânsito são um problema no Brasil e no mundo, muitos deles causados pelo excesso de velocidade nas vias.
Uma pesquisa da Arteris sobre comportamento do motorista revela que 40,7% dos entrevistados admitem exceder os limites de velocidade e, para esses, as três principais desculpas apresentadas foram a pressa (28,7%), os limites de velocidade baixos (13,4%) e a falta de atenção (11,3%).
Esse tipo de atitude reforça a tese de que é preciso investir em ações de sensibilização e de educação no trânsito para que, de fato, as estatísticas mudem.
O que fica é a pergunta: será que diminuir a fiscalização é o caminho? A resposta virá com tempo, porém, as eventuais vidas perdidas no trânsito em razão do excesso de velocidade não vão voltar.
Por Pietra Alcântara com informações do Estradas
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