A Agência Nacional de Transportes (ANTT) falou em possível greve de caminhoneiros caso ocorra um aumento na tarifa de importação de pneus de 16% para 35%.
Durante audiência na Comissão de Viação de Transportes na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (10), o superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário da agência, José Aires Amaral Filho, disse que a medida poderia causar sucateamento do setor.
Esta é a primeira vez que a agência se manifesta sobre o assunto. “Quando a gente olha a realidade da categoria, vemos que eles vêm sofrendo com o aumento dos custos dos insumos. O principal fator da greve em 2018 foi insumos, o óleo diesel”, disse.
Começo da discussão da importação de pneus
Segundo um estudo realizado pela LCA Consultoria Econômica para a ANIP (Associação Nacional da Indústria de pneumáticos) o Brasil se tornou alvo de concorrência desleal na distribuição de pneus importados. O produto externo entra no país com preço até 69% menor que o praticado no mercado internacional.
Segundo levantamento da consultoria, em 2023, o quilo do pneu importado era comercializado internacionalmente a US$ 5,7 o kg. No Brasil, o produto está chegando ao país por US$ 3,2 o kg. Nos EUA, o valor de ingresso de pneus importados de passeio estava balizado em U$ 5,8 o kg e, na França, a US$ 6,5 o kg. O estudo também verificou o custo do pneu de carga importado em alguns mercados de referência.
Veja a matéria completa aqui: Pneus podem ficar mais caros por conta da briga de importadores e fabricantes
Os autônomos serão os mais afetados com o aumento da tarifa
O agronegócio é responsável por um quinto de todo o transporte rodoviário do país, segundo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Com influência da agropecuária, o transporte rodoviário respondeu por um quarto (25,6%) da receita bruta gerada pelas empresas de serviços no Centro-Oeste em 2021, segundo a Pesquisa Anual de Serviços 2021 (PAS 2021), divulgada em 31 de agosto pelo IBGE.
De acordo com a ANTT, 94% dos 747 mil transportadores registrados no país possuem até três veículos e não conseguiriam transferir os custos de um eventual aumento dos preços dos pneus para o frete.
Filho disse que a preocupação da agência é especialmente com os transportadores autônomos. “Sabemos que cabe ao Parlamento e ao Governo decidir, mas todos esses fatores devem ser analisados”, disse.
Última greve em 2018 por conta do óleo diesel
Everaldo Bastos, representante da Fetrabens (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo) também lembrou da última greve da categoria.
Ele disse que o caminhoneiro só consegue comprar pneus novos porque os valores estão mais baixos com a concorrência dos importados. “Aumentar o custo para o caminhoneiro é pedir uma nova greve. Os caminhoneiros pararam por causa de 20 centavos no óleo diesel e nossos associados já estão pressionando para não haver aumento dos pneus”, disse.
A ANIP, associação que representa empresas produtoras de pneus, defende o aumento da tarifa de importação alegando prejuízos com o aumento das importações nos últimos anos. Caso isso ocorra, o preço dos pneus de veículos de transporte e de passeio devem subir entre 20% e 25%.
Um estudo da Guimarães Consultoria aponta também que haverá impacto na elevação de gastos de 6% para o setor de transporte rodoviário. O levantamento mostra que haverá redução de 8% na compra de pneus de passeio e 3,2% no de cargas, causando riscos na segurança de transporte no país.
Veja também: Caminhão é apreendido por estar equipado com 21 pneus sem condições de uso
Por Thaís Corrêa, matéria adaptada do Globo Rural
Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.
Agora mais isso!