sexta-feira, novembro 22, 2024

Mercedes-Benz aposta na melhora do mercado de ônibus e vê mudança de lógica com a chegada dos elétricos

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Praticamente todos os setores sofreram as consequências da pandemia de Covid-19, alguns mais, outros menos. O mercado de ônibus foi, com certeza, um dos que mais sofreu. Com a população parando de circular, seja a trabalho ou lazer, a cadeia do transporte coletivo viu suas vendas descerem a quase zero, mas a Mercedes-Benz aposta na melhora do setor de ônibus e acredita que a chegada dos veículos elétricos vai trazer mudança na lógica de comercialização desse produto.

Desafios e oportunidades

“A pandemia foi o maior desafio da história do ônibus, mas 2022 deve ser melhor”, é o que afirma Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

Walter Barbosa - diretor vendas e marketing Mercedes-Benz do Brasil
Walter Barbosa – diretor vendas e marketing Mercedes-Benz do Brasil

Desafios

Walter aponta que o ano ainda traz desafios, como o aumento de custos. Só o diesel subiu 100% em relação a janeiro de 2021. O preço do aço aumentou 125% no mesmo período. Isso sem contar todos os outros aumentos, como pneus e peças no geral. Além disso, o mercado ainda enfrenta escassez de semicondutores. Aliás, segundo o executivo, não é apenas uma falta de semicondutores, é um descompasso geral e mundial na cadeia logística. Tanto é que, mesmo com diversos pedidos, o poder de entrega das empresas está aquém do necessário.

Outro fator que pesa no resultado é a taxa de juros, que era de 2% em janeiro do ano passado e agora já está em 13,25% ao ano. Isso encarece os financiamentos e acaba sendo um dificultador. Além disso, a disponibilidade de crédito no mercado ainda está baixa. E para completar, a pandemia ainda não acabou, então a demanda de passageiros ainda está menor que em 2019.

Oportunidades

Apesar desses fatores, Walter vê vários pontos de oportunidade para o setor. Um deles é a chegada do Euro 6 ano que vem. Com isso, muitos empresários acabam antecipando as compras para esse ano para ainda pegarem a tecnologia antiga.

Outro fator é que estamos em ano de eleição. Em anos assim, vê-se maior renovação das frotas públicas. Além dos programas do governo, a chegada das empresas de ônibus de baixo custo e o aumento do valor para viagens aéreas leva mais gente a viajar de ônibus, o que aumenta a demanda por veículos rodoviários.

Considerando-se todos os itens abordados acima, Walter acredita que o mercado de ônibus deve fechar o ano, no mínimo, com 17 mil unidades vendidas. Entretanto, se as questões logísticas forem resolvidas e as montadoras puderem produzir mais, aí o ano pode fechar com vendas de até 21 mil unidades, algo próximo ao alcançado em 2019, antes da pandemia.

O futuro é elétrico

Mercedes-Benz espera mudança de lógica com ônibus elétricos
Ônibus elétrico Mercedes-Benz em teste no Brasil. Montadora vê mudança de lógica na operação com a chegadas dos ônibus elétricos

A Mercedes-Benz também aposta na eletrificação como futuro para o mercado de ônibus. Entretanto, afirma que, com a chegada desses veículos, muda-se toda a lógica de vendas, compras e uso da frota. Isso porque a montadora entende que não poderá entregar mais apenas o produto, será necessário entregar também as condições de rodagem.

Por exemplo, a marca precisará estudar com o cliente que tamanho de frota ele necessitará, que estrutura de recarregamento será utilizada. Outro estudo é, esse veículo vai andar de dia e carregar de noite ou carregar pela tarde, quando a tarifa de energia é menor, é mais viável?

A Volkswagen Caminhões e Ônibus também já tinha citado essa mudança de ecossistema, mas a Mercedes-Benz aponta também a necessidade de mão de obra especializada para a manutenção desses veículos, que será muito diferente da existente hoje, que mexe como motores a combustão.

Por exemplo, existem muitos circuitos de alta tensão em veículos elétricos. Mexer nesses circuitos é muito mais delicado e pode ser mais perigoso para o mecânico. Aliás, muito se fala sobre o motorista precisar acompanhar a evolução da tecnologia. Aqui se vê que o mecânico também precisará fazer o mesmo.

Ônibus elétrico já é realidade?

A Mercedes-Benz vai atuar no mercado de ônibus elétrico no Brasil com modelo eO500U, que recebeu R$ 100 milhões de investimentos e chega ao Brasil na configuração Padron, 4×2, piso baixo e com autonomia de até 250km no modelo com 4 packs de bateria. Ele vem equipado com dois motores elétricos acoplados ao eixo traseiro, 350 cavalos e pode ser expandido para 6 packs, subindo a autonomia para 300km.

Para atender demandas específicas e fora desse padrão, a Mercedes-Benz vai atuar em parceria com a Eletra. A montadora, inclusive, já entregou diversos chassis para a parceira, que está fazendo a eletrificação. Em seguida, esses veículos vão para a encarroçadora, para depois chegarem ao mercado.

Até novembro deste ano, 10 unidades devem começar a rodar em Salvador. O BRT que liga o ABC paulista a São Paulo deve receber mais 94 unidades, mas ainda sem prazo definido. Ao todo, a Mercedes-Benz vê oportunidade para mais de 3 mil ônibus elétricos no País, distribuídos conforme os mapas abaixo.

mapa do potencial de ônibus elétricos no Brasil
Fonte: Mercedes-Benz do Brasil
mapa de potencial MB para ônibus elétricos
Fonte: Mercedes-Benz do Brasil

Segundo os executivos da montadora, o custo de aquisição de um ônibus elétrico deve ser entre 3 e 3,5 vezes maior que o equivalente a diesel. Entretanto, o custo operacional é menor, o que deve equiparar os dois veículos ao longo dos anos de uso.

A Mercedes-Benz deve revelar mais informações sobre o produto na LatBus, que acontece de 9 a 11 de agosto em São Paulo.

Por Paula Toco

Jornalista Paula Toco sentada em banco do motorista de caminhão pesado

Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.

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