A palestra sobre inovação e tecnologia da Imersão – Caminhoneiro que Lucra – foi conduzida por Cláudio Castro, presidente da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE). Na apresentação, o executivo mostrou as novidades sobre eletrificação, combustíveis e direção autônoma. A primeira boa provocação feita aos participantes foi: Como será o transporte em 2100?
Apesar de muito distante, ela será marcada por uma profunda integração entre tecnologia, sustentabilidade e eficiência.
Como será o transporte em 2100?
As operações logísticas devem funcionar em uma rede totalmente integrada, com multimodalidade fluida, permitindo que cargas transitem de forma automática entre diferentes modais: rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo.
O eixo central desse sistema todo será a conectividade com veículos, estradas e centros de distribuição, trocando informações em tempo real para otimizar rotas e reduzir custos.
Já a propulsão ultra-eficiente e as emissões zero serão realidade, impulsionadas por motores elétricos, hidrogênio e outras fontes limpas de energia.
Caminhoneiro vai sumir com o transporte de 2100?
Os veículos, cada vez mais modulares e aerodinâmicos, formarão comboios digitais, conectados por sistemas inteligentes que permitirão o deslocamento coordenado e seguro.
Nesse cenário, o caminhoneiro deixará de ser apenas o condutor do veículo para se tornar um gestor da tecnologia, responsável por supervisionar sistemas autônomos e garantir a eficiência das operações logísticas.
ADAS e tecnologias mais próximas?
Diferente das conexões mais longínquas, atualmente, o engenheiro da SAE Brasil destacou os Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista (ADAS) representam uma das maiores evoluções da segurança veicular.
Com o uso de câmeras, sensores e inteligência artificial, essas tecnologias ajudam a prevenir acidentes, proteger vidas e tornar a condução mais confortável e eficiente. Nos caminhões modernos, por exemplo, o ADAS atua como um verdadeiro copiloto eletrônico, sempre atento ao ambiente e às condições do motorista.
Entre os principais recursos estão o Alerta de Desvio de Faixa, que avisa quando o veículo sai involuntariamente da pista, e o Sinal de Parada de Emergência, que aciona as luzes automaticamente em frenagens bruscas para alertar os outros motoristas. O Assistente Ativo de Permanência em Faixa vai além: ele corrige levemente o volante para manter o caminhão centralizado, aumentando a segurança em viagens longas.
A visibilidade também é reforçada com o Alerta de Ponto Cego, que detecta veículos escondidos nas laterais, e com o sistema de Detecção de Pedestres e Ciclistas na Partida, capaz de evitar atropelamentos em baixas velocidades. Já a Câmera e o Sensor de Ré facilitam manobras em locais apertados.
Outros recursos ajudam a manter o controle e o bom desempenho do veículo. O Assistente de Velocidade Inteligente reconhece placas e limites de velocidade, ajustando a condução de forma segura.
O Etilômetro de Ignição impede que o motor seja ligado caso o motorista apresente álcool no hálito, enquanto o Sistema de Monitoramento da Pressão dos Pneus avisa sobre calibragens incorretas, evitando desgaste e economizando combustível.
Pensando também na saúde e atenção do condutor, o Monitoramento de Fadiga do Motorista identifica sinais de cansaço e recomenda pausas, e o Alerta Avançado de Distração detecta quando o motorista desvia o olhar da estrada.
Para completar, o Gravador de Eventos (tacógrafo digital) registra imagens e dados da condução, auxiliando na análise de incidentes e treinamentos futuros.
Para finalizar, Castro recordou o que ele disse no 1º Fórum Pé na Estrada, sobre os caminhões autônomos.
Segundo ele, existe, sim, vários estudos, alguns veículos já rodando no mundo com o sistema chamado de direção autônoma, ou seja, onde toda a parte de direção, aceleração e frenagem é 100% autônomo.
Castro diz que, existe mais de dois milhões de veículos rodando nas estradas brasileiras. Com isso, a indústria brasileira está produzindo cerca de um pouco mais de 120 mil veículos por ano. Ou seja, segundo ele, para trocar toda essa frota, precisaria de pelo menos 20 anos de produção.
Considerando esse primeiro ponto importante, Castro ressalta que, exceto algumas aplicações bem específicas, como mineração e agricultura, onde esses veículos estão em ambientes confinados, ou seja, não estão em vias públicas, os motoristas não serão substituídos em breve.
Ele explica que, em nenhum lugar do mundo, há caminhões em série trabalhando dessa forma.
Castro explica que o Brasil está bem longe de ter uma direção 100% autônoma. Existe uma escala de 0 a 5 que determina exatamente o nível dessa direção autônoma. O zero é totalmente manual, ou seja, o motorista faz tudo, não existe nada eletrônico, já o cinco não é necessário tomar nenhuma decisão.
Ele explica que quando se chega na escala três, que não se tem ainda no Brasil, é onde o veículo consegue trafegar durante algum tempo em algumas regiões sem precisar do motorista.
Ele faz uma analogia da tecnologia presente nos veículos Tesla que funciona em algumas regiões onde é possível deixá-lo totalmente autônomo, mas de vez em quando é possível colocar a mão no volante.

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.