O governo do estado de São Paulo anunciou nessa terça-feira, 20, que os trabalhadores do transporte público serão vacinados contra a covid-19 a partir de maio.
No dia 11, será iniciada a imunização dos trabalhadores do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Tomarão a vacina operadores de trem de todas as idades, funcionários da área da segurança, manutenção e limpeza, além de agentes de estação na linha de frente com 47 anos ou mais.
Uma semana depois, 18, será a vez dos motoristas e cobradores de ônibus do transporte coletivo municipal e intermunicipal receberem a primeira dose da vacina.
A inclusão dessa categoria como prioridade no cronograma de vacinação do estado foi uma reivindicação do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) que ameaçavam fazer uma greve a partir das 0h de ontem.
Em nota, o sindicato alega que a vacinação para esses funcionários é urgente, já que os trabalhadores do transporte público estão expostos à doença por não pararem desde o início da pandemia.
A categoria de caminhoneiros foi a que mais teve aumento de mortes dentre aquelas que não puderam parar na pandemia. Continue lendo para saber mais.
Com a inclusão de metroviários, ferroviários, motoristas e cobradores de ônibus no plano São Paulo de vacinação, serão vacinados cerca de 175 mil trabalhadores do transporte público, de acordo com o governo.
O governador de São Paulo, João Dória, também incluiu como grupos prioritários para a vacinação pessoas com Síndrome de Down, pacientes renais em tratamento de diálise e transplantados em uso de imunossupressores, todos na faixa entre 18 e 59 anos. Além disso, a imunização para quem tem 64 anos foi antecipada para a próxima sexta-feira, 23.
A ameaça de greve dos funcionários do transporte público
O Sindmotoristas havia convocado uma paralisação da categoria em seu site oficial na segunda-feira. Porém, em uma reunião que aconteceu à noite com representantes do governador João Dória, o governo cedeu ao pedido da entidade e decidiu que motoristas e cobradores de ônibus seriam incluídos no grupo prioritário de vacinação contra a covid-19.
Um manifesto estava previsto para acontecer às 8h dessa terça em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo) e seguiria em carreata até à Prefeitura.
Funcionários do metrô e da CPTM também foram chamados pelo sindicato para aderirem a greve, mas a categoria suspendeu o ato uma vez que Dória já tinha anunciado no último sábado, 17, que esses trabalhadores já iam fazer parte do plano de vacinação do estado. A informação é do Estadão.
Preocupação com a vacina para caminhoneiros
Um levantamento feito pelo jornal espanhol EL País entre janeiro e fevereiro de 2020, período pré-pandemia, e janeiro e fevereiro de 2021, um dos piores meses da pandemia, mostra que caminhoneiros são os trabalhadores que mais tiveram desligamentos por morte em empregos formais. Veja no gráfico abaixo:
O gráfico aponta que trabalhadores formais que não puderam ficar em casa em nenhum momento da pandemia exercem atividades que mais registraram aumento de óbitos no Brasil. Entre janeiro e fevereiro de 2020 e de 2021, caminhoneiros tiveram 220 mortes a mais, número bem superior se comparado a categoria que teve o segundo maior aumento de mortes no período, que são os porteiros de edifícios, com 130 vidas perdidas.
O setor de transporte concentra o maior número absoluto de mortes. Além do alto índice de mortes de caminhoneiros, motoristas de ônibus morreram 62% mais no período. Pessoas que trabalham em depósitos e na administração das empresas desse setor também foram incluídas na pesquisa.
Apesar de não ser possível definir se a causa das mortes foi exatamente por covid-19, a morte dessas pessoas pode ter sido por outras questões decorrentes da existência da doença, como a falta de vagas em um hospital em caso de urgência, por exemplo.
Os dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) ligados ao Ministério da Economia não contam as mortes de trabalhadores autônomos ou de microempresários individuais. Sendo assim, os óbitos de caminhoneiros autônomos não estão contabilizados, o que poderia aumentar ainda mais o número de mortes da categoria no gráfico.
Caminhoneiros foram incluídos no grupo prioritário da vacinação desde janeiro deste ano, após uma ameaça de greve da categoria. No entanto, não foi definida até hoje uma data para os estradeiros receberem a primeira da dose da vacina. O Ministério da Saúde contabiliza que mais de 1,24 milhão de caminhoneiros sejam imunizados.
Veja também: São Paulo vacina caminhoneiros que entregam oxigênios em hospitais
Por Wellington Nascimento