Todos sabem que hoje o volume de carros circulando é maior que os caminhões, mas você sabia que nem sempre foi assim?
A indústria de veículos teve vários comportamentos ao longo dos seus quase 70 anos e isso refletiu no Transporte Rodoviário de Cargas, tanto em tecnologias, como nos modelos de entregas.
A Indústria de veículos ao longo dos anos
Em 1957, quando começaram a ser oficialmente computados os veículos fabricados no país, após a indústria brasileira surgir oficialmente um ano antes, os caminhões representavam mais de 50% da fabricação total de veículos, passando dos carros, que eram cerca de 30% do total.
Nessa época, segundo os registros, o caminhão mais fabricado era o Mercedes-Benz L-312, conhecido como “Torpedo”. Embora, o primeiro caminhão montado no Brasil tenha sido o FNM D-7300, a partir de 1949.

Já em 1958, o cenário começa a mudar com os carros quase chegando no patamar dos caminhões, mas o que mais chamou atenção mesmo foi o crescimento de quase 500% no seguimento de comerciais leves.
O que era 1.588 veículos fabricados, passou a ser 9.503, graças a utilitária Chevrolet 3100, apelidada de “Martha Rocha” e também conhecida como “Brasil”, segundo alguns arquivos.
Virada dos carros na indústria
Com o crescimento de veículos, a virada da quantidade de carros em relação aos caminhões foi em 1959.
Nesse ano, os carros passaram a ter 41% da indústria, enquanto os caminhões ficaram com 38%.

E depois disso, com o aumento da quantidade de veículos aos longo dos anos e novas tecnologias, os carros nunca mais perderam o primeiro lugar.
Sendo assim, a disputa ao longo dos anos foi pelo segundo lugar. Essa briga era entre os caminhões e os comerciais leves.
Virada dos comerciais leves
Os Comerciais leves, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), são veículos projetados para o transporte simultâneo ou alternativo de pessoas e cargas, com Peso Bruto Total de até 3,5 toneladas.
Essa categoria inclui uma diversidade de veículos entre picapes, furgões, vans de passageiros e outros.
Logo, os Comerciais Leves conseguiram passar os caminhões em 1961 com a Kombi, uma utilitária que poderia trabalhar tanto no transporte de passageiros, quanto no de cargas.

No ano seguinte, teve uma leve recuperação dos caminhões. Nos outros anos houve disputas acirradas nos dois segmentos, mas ficando sempre a fatia maior para os Comerciais leves, com exceção apenas em 1977.
Como é o mercado hoje
Embora, as tecnologias tenham crescido e novos modelos tenham surgido no segmento, como novas picapes, ao que se deve o crescimento desse setor no transporte de cargas?
No ano passado, esse setor representou quase 20% do total de veículos fabricados, enquanto, os caminhões ficaram na faixa dos 6%.

Dentre os vários motivos, na escolha de aquisição de um Comercial Leve para uma transportadora, por exemplo, está a facilidade na locomoção em centros urbanos.
Já que um Veículo Urbano de Carga, uma das opções mais usadas, é isento de restrições que caminhões enfrentam.
Na cidade de São Paulo, os VUCs podem circular na Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões, mas ainda precisam obedecer ao rodízio municipal.
Contudo, os comerciais leves continuam a crescer, especialmente por conta da facilidade de operação em áreas urbanas.
Hoje, eles desempenham um papel fundamental no transporte de cargas, refletindo um mercado mais dinâmico e ágil em entregas.
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Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.