Pela 20^a vez a CNT lançou a Pesquisa CNT de Rodovias, versão 2016. A CNT ainda divulgou quais são as melhores rodovias do Brasil, e as piores. Mas neste aniversário de 20 anos não teve presente, bem o oposto, o estudo mostrou que mais da metade das vias apresentam problemas. Isso considerando apenas estradas pavimentadas. Imagine a situação se o estudo contasse também as de terra.

No gráfico abaixo percebe-se que a geometria da via, ou seja, o desenho, a quantidade de curvas perigosas dentre outros aspectos, é o fator mais preocupante.

A verdade é que o resultado não trouxe surpresas, os melhores trechos são concessionados e estão na região Sudeste.

O Top 10 melhores rodovias

E seguindo os critérios de pavimentação, sinalização e geometria da via, os melhores trechos identificados pelo estudo são:

10^o – Catanduva SP – Taquaritinga SP – Ribeirão Preto SP

SP-322 / BR 265, SP 323, SP 330/ BR 050, SP 351

09^o – Tietê SP – Jundiaí SP

SP 300

08^o – Araraquara SP – São Carlos SP – Franca SP – Itirapuã

SP 255, SP 318, SP 334, SP 345

07^o – São Paulo SP – Itaí SP – Espírito Santo do Turvo SP

SP 255, SP 280/ BR 374

06^o – Ribeirão Preto SP – Borborema SP

SP 330/ BR 050, SP 333

05^o – Barretos SP – Bueno de Andrade SP

SP 326/ BR 364

04^o – São Paulo SP – Taubaté SP

SP 070

03^o – São Paulo SP – Uberaba MG

BR 050, SP 330

02^o – Bauru SP – Itarapina SP

SP 225/ BR 369

01^o – São Paulo SP – Limeira SP

SP 310/ BR 364, SP 348

Rodovias públicas x privadas

Não são só as 10 primeiras posições que estão com as rodovias pedagiadas. Infelizmente o governo, seja federal, estadual ou municipal, mostra que rodovia não é sua prioridade. Isso porque a primeira rodovia pública da lista ocupa somente a 20^a posição e foi considerada uma via boa, e não ótima como as posições anteriores. O trecho liga Curitiba PR a Porto Alegre RS e passa pelas vias BR 101, BR 280, BR 290 e BR 376. Outro trecho considerado bom foi a da BR 343 entre Piripiri e Parnaíba no Piauí.

Na outra ponta da lista, se o grupo CCR detém as primeiras posições, fica também com as últimas. A BR 376, que é pedagiada, mantida pela CCR Rodo Norte, foi considerada regular, ficando apenas nas 63^a e 64^a posições do ranking e obtendo as piores colocações entre rodovias pedagiadas. O resultado se deu principalmente por conta da geometria da via. 

Estrada boa x segurança

O Pé na Estrada fez uma matéria completa sobre o estudo CNT que você assiste aqui. Mas uma coisa que é necessário ter atenção é que rodovia boa é também onde acontecem mais acidentes, menos graves, é verdade, mas em maior quantidade. Provavelmente porque o pessoal fica confiante e acelera mais. Outro problema são os que vão pra estrada sem rever a manutenção dos veículos. Ao gravar a matéria na rodovia eleita a melhor do País, o Pé na Estrada flagrou um acidente que infelizmente vitimou um caminhoneiro. O motivo, provavelmente, foi problema de manutenção no outro veículo. Estrada boa não faz milagre.

Outra questão é o risco de assaltos e roubo de cargas. O Sudeste, e principalmente São Paulo, concentra quase 90% dos casos de roubo de carga. O que mostra que qualidade da via não dispensa policiamento e políticas públicas de segurança. Veja esta matéria sobre roubos de cargas que mostra como o Brasil é um dos países mais arriscados do mundo para carga.

Estradas ruins x estradas boa

Agora para o dia a dia do motorista e para o custo da operação, rodar por estradas boas faz toda a diferença. Segundo a CNT, as estradas ruins geram um gasto extra de R$ 2,34 bilhões só de diesel, sem contar manutenção e tempo perdido. E a medida que piora o pavimento, maior é o custo extra. Ainda segundo a instituição, seriam necessários R$ 292,5 bilhões de investimentos para recuperar a malha deficiente do Brasil. Porém os investimentos do governo não chegam a um décimo desse valor.

Veja mais informações sobre o custo das estradas ruins e saiba quais são as pioras rodovias do Brasil clicando aqui.

Por Paula Toco

Paula Toco

Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.