Buracos, ondulações, fissuras, trincas. Infelizmente esses defeitos são encontrados em mais da metade das rodovias pavimentadas brasileiras, como comentamos na matéria 5 piores rodovias pedagiadas do Brasil – clique aqui para ler. Essa foi a conclusão de um estudo da CNT, que avaliou as condições das rodovias do Brasil nos últimos 13 anos. O estudo também teve como objetivo responder a uma importante questão: por que as rodovias pavimentadas do Brasil não duram?
O estudo mostrou que por aqui as metodologias usadas estão ultrapassadas, quando comparadas aos métodos de construção e reparação de rodovias em outros países. Também há pouco investimento em obras e falha no gerenciamento, na fiscalização e na manutenção das estradas.
Confira abaixo os principais pontos abrangidos pela pesquisa da CNT que nos mostram porque as rodovias pavimentadas do país duram tão pouco.
Uso de métodos antigos demais
A última revisão técnica nas rodovias pavimentadas brasileiras foi feita em 1960, em contraste com países como os EUA, que possui a maior malha rodoviária do mundo e teve sua última revisão em 2015. Esse fator é tão negativo pois a falta de revisões técnicas atualizadas impede o uso de novas técnicas para o conserto das estradas, além de impedir que sejam usados novos conhecimentos sobre dimensionamento, novos materiais e a consideração de novos tipos de veículo e da composição do tráfego nos dias de hoje. Pense como a tecnologia avançou desde 1960! Fica difícil manter a qualidade das rodovias se os métodos usados para pavimentação se baseiam em informações desatualizadas.
Sem revisões que considerem o atual estado das rodovias, é impossível atualizar os métodos de conservação dos pavimentos. Isso gera prejuízo para a estrada em si, que acaba tendo menor durabilidade, mas também acarreta o aumento do custo das obras, uma vez que desde a última revisão técnica, surgiram tecnologias e materiais mais eficientes.
Não considerar as diferenças climáticas em cada região
Os projetos de pavimentação das rodovias do país também pecam ao não considerarem as diferentes condições climáticas encontradas em cada região. Para que esses fatores sejam considerados, é preciso que haja estudos específicos quanto ao comportamento dos materiais para pavimentação sob as diferentes condições climáticas do Brasil, que variam muito de acordo com o local. O estudo da CNT comparou o método brasileiro ao adotado por Portugal, que apesar de ter uma extensão territorial 95% menor que a do Brasil, incorpora em seus estudos três faixas climáticas para o país, adaptando os métodos de pavimentação ao ambiente climático de cada região.
Falta de rigor técnico e fiscalização
Muitas obras são realizadas sem que algumas normas técnicas sejam levadas em consideração, o que faz com que sejam entregues fora dos padrões de qualidade. Isso exige novos gastos para correção de defeitos, que podem corresponder a até 24% do valor total da obra, segundo os dados da CNT. A pesquisa mostra que a razão dessa falha se encontra na falta de fiscalização, que interfere tanto na entrega das obras quanto na fiscalização do trânsito, fazendo passar batido caminhões com sobrepeso, que reduzem a vida útil do pavimento.
Falta de manutenção preventiva
A falta de manutenção preventiva é outro motivo que diminui a vida útil da malha rodoviária brasileira. Como as rodovias são “consertadas” apenas quando apresentam complicações, os gastos são maiores e muitas vezes há a necessidade de refazê-las (o que também não acontece). Isso causa outro problema, que é a realização de manutenção inadequada, uma vez que o estudo registrou casos onde era necessária a manutenção estrutural e foi feita manutenção funcional.
O Brasil precisa investir muito mais
Esses fatores, apontados pelo estudo da CNT explicam por que as rodovias pavimentadas brasileiras não duram. Os dados também indicam soluções que podem contribuir para minimizar dificuldades no transporte de cargas e de passageiros e reduzir o alto custo operacional dos caminhoneiros autônomos e das empresas transportadoras, que aumenta, em média, 24,9% devido às más condições das rodovias. Somente em razão da má qualidade do pavimento, em 2016, o setor de cargas registrou um gasto excedente de 775 milhões de litros de diesel, que provocou um aumento de custos da ordem de R$ 2,34 bilhões.
Para o presidente da CNT, Clésio Andrade, a situação das rodovias reflete diretamente na qualidade do transporte rodoviário no país, que ainda sim é o principal para a economia brasileira. Pelas rodovias trafegam cerca de 90% dos passageiros e 60% das cargas brasileiras. “Sem uma malha rodoviária de qualidade e proporcional à demanda do país, a economia brasileira terá dificuldades de crescer de forma dinâmica e na rapidez de que o país necessita”, alerta. Segundo ele, além de melhorar a qualidade das rodovias, o Brasil precisa fazer fortes investimentos em transporte e logística para ampliar e diversificar a matriz de transporte do Brasil.
Portanto, não é possível apontar apenas uma única causa para o estado das rodovias ou uma única ação que irá solucionar seus problemas, visto que esses são, muitas vezes, estruturais. Pense em uma rodovia construída com planejamento falho, baseada em uma revisão feita quase 60 anos atrás que considera os veículos e as tecnologias disponíveis da época, aliados à falta de investimentos e de boas políticas para que as condições das rodovias sejam ao menos mantidas. Agora multiplique pela quantidade de rodovias que existem no Brasil. Qual o resultado? Estradas que duram menos do que deveriam, gastos além do necessário e rodovias “remendadas” que causam prejuízo ao estradeiro.
Se quiser ver o estudo na íntegra, clique aqui.
Por Pietra Alcântara com informações da CNT
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