Caminhoneiros brasileiros que trabalham entre a fronteira do Brasil com o Paraguai, em Foz do Iguaçu, no Paraná e Cidade del Leste, afirmam enfrentar dificuldades para voltar ao Brasil pela Ponte Internacional da Amizade.
Em 18 de março, a fronteira foi fechada para paraguaios e estrangeiros. Apesar disso, o transporte de cargas não foi proibido e motoristas seguiram trabalhando mesmo com a pandemia.
Em entrevista à RPC, eles contaram que têm passado dias sem poder voltar ao Brasil e em locais sem infraestrutura. No relato, eles afirmam estarem parados na rua, sem apoio e que alguns deles enfrentam falta de comida.
Longe de postos de combustíveis ou restaurantes, os caminhoneiros são obrigados a ficar perto dos caminhões para evitar a ação de criminosos.
De acordo com os caminheiros, o problema da demora começou quando fronteira foi fechada, mas, nas últimas semanas, a espera aumentou bastante.
Demora
Segundo o G1, o caminhoneiro Natalino buscou explicações pela demora das filas e foi informado que a lentidão é provocada por causa da falta de operadores do scanner da Receita Federal.
O equipamento é usado para identificar mercadorias escondidas entre produtos legalizados ou em fundos falsos.
De acordo com a Receita Federal, o problema não está na fiscalização. O órgão diz que o equipamento é rápido. Em cerca de um minuto o scanner analisa os veículos. A demora estaria do outro lado da fronteira.
“Nós temos verificado que o problema é do outro lado. A gente tem feito imagens aqui diárias. A ponte fica vazia a maior parte do tempo e, de repente, por causa do Paraguai, às vezes, há sobrecarga de veículo”, disse o chefe da divisão de bagagens da Receita federal, Cezar Viana, ao G1.
A Marinha do Paraguai, responsável pela fiscalização no outro lado da fronteira, afirma que parte da demora na liberação dos caminhões se deve a fila de veículos para passar no scanner a Receita Federal brasileira, chegando, em alguns casos, a oito quilômetros.
Além do reforço na fiscalização dos veículos em razão da Covid-19 e ao controle migratório mais rigoroso.
Economia
A demora também prejudica as transportadoras, que levam mais tempo para poder transportar outra carga.
“O custo fica para a transportadora. O motorista que é comissionado vai passar fome, pois os R$ 200 da comissão dele, ele come tudo em uma viagem. O que vai levar para a família em casa? Nada”, afirma o empresário Jair Biff.
Para Tarso Mombelli, que é dono de uma transportadora, o prejuízo tem sido para todos, pois a situação gerou um caos.
De acordo com a Associação Brasileira de Transportes Internacionais (ABTI), há um temor sobre a falta de caminhões disponíveis para continuar o transporte entre os dois países.
“A nossa preocupação, nesse sentido, é de que logo não tenhamos mais caminhoneiros para poder mandar carregados no Paraguai. Então a balança comercial, tanto do Paraguai quanto a do Brasil, será afetada”, disse a gerente da ABTI, Gladys Vinci.
Adaptado de G1