Na segunda-feira, 8, autônomos e representantes de transportadoras chegaram a um acordo para colocar fim à paralisação de caminhoneiros no Porto de Santos. O consenso entre as duas partes foi feito em reunião na sede do Sindicato dos Operários e Trabalhadores Portuários do Porto de Santos (Sintraport).
No entanto, a reunião foi longe de ser tranquila. Em pouco mais de quatro horas de tentativas de acordo entre os lados, houve muita gritaria e discussões no sindicato. Transmitimos ao vivo no Facebook do Pé na Estrada o momento em que autônomos e transportadoras selaram o acordo. Para assistir, clique aqui.
A principal reivindicação de caminhoneiros autônomos presentes era em relação ao valor do frete para viagens tiro curto, de até 300 km de distância do porto. Por exemplo, viagens de Santos para São Paulo, Osasco e Guarulhos. De acordo com representantes do sindicato, a tabela do piso de mínimo de frete tem uma defasagem quando se trata dessa modalidade.
O acordo e o fim da greve
Após muitas negociações, ficou definido que para viagens tiro curto, haverá um reajuste de 10% sobre o piso mínimo de frete. Para viagens de média e longa distância, fica valendo os valores do piso da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Veja aqui como calcular o seu piso mínimo.
Além disso, o acordo prevê margem de R$ 250 para caminhoneiros que carregam de Santos a Guarujá ou vice-versa. Quem trabalha com transporte de produtos químicos terá um adicional fixado de 30%. Todas essas mudanças valem para cavalo simples de até 25 toneladas, independentemente da quantidade de eixos.
O pagamento do pedágio e da estadia ocorrerá conforme previsto em lei. Portanto, deverão ser pagos separadamente dos valores acordados.
Sendo assim, após o acordo entre as partes, caminhoneiros declararam o fim da paralisação no porto. Todas as decisões foram documentadas por uma advogada do sindicato. Ao final da reunião, autônomos e representantes de transportadoras assinaram o documento. No total, 68 empresas participaram do acordo.
Caminhoneiros celebraram o acordo, mas prometem nova reunião
Apesar da decisão final, o acordo foi fechado abaixo da pedida inicial dos caminhoneiros. Os autônomos queriam um reajuste de 30% sobre o piso mínimo de frete para viagens de tiro curto, além de margem de R$ 300, mas as transportadoras afirmaram que não conseguiriam atender esse pedido no momento.
Mesmo assim, representantes do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos da Baixada Santista (Sindicam) consideraram a reunião entre autônomos e transportadoras positiva. Isso porque, segundo eles, nunca houve um diálogo entre as partes anteriormente.
O presidente do Sindicam, Luciano Santos de Carvalho, comentou ao Pé na Estrada que antes do acordo, empresas pagavam o que queriam para os motoristas. Agora, com o acordo, há valores e margens definidos em contrato.
Conforme representantes, haverá uma nova reunião daqui 30 dias. Os dois grupos irão debater um reajuste de 20% no valor do frete para tiro curto.
Paralisação afeta a produção de veículos
A paralisação de caminhoneiros no Porto de Santos teve início em 1º de novembro e já durava uma semana. Assim, parte da operação no porto trabalhava com restrições.
A Santos Port Authority (SPA), responsável pela gestão do porto, seguiu afirmando ao longo de toda a semana que as operações no local estavam normais. Uma das últimas notas dizia: “o acesso ao Porto de Santos fluiu normalmente durante esse período (paralisação), sem retenção ao tráfego nem concentração de caminhões parados”.
Entretanto, a mobilização já atingia sim as operações, pelo menos foi o que informou, na própria segunda-feira, 8, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que afirmou que a paralisação do porto afetou a produção de veículos. O movimento dificultou o descarregamento de navios e, dessa forma, o transporte dessas peças para as montadoras.
Veja o balanço de outubro da Anfavea
O movimento também não foi noticiado pelos grandes veículos de mídia. Já a Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou durante toda a semana a manifestação. A PRF chegou a enviar 200 policiais para formar um corredor de segurança e auxiliar o transporte local para as áreas externas do porto. Para ver mais detalhes, clique aqui.
A PRF teve reuniões com as empresas do porto onde garantiu estar fazendo tudo que era de seu alcance. Além disso, publicou notícias atrelando a greve caminhoneiros a atos criminosos. Uma das matérias trazia o título: Porto de Santos: PRF prende indivíduo armado próximo ao movimento grevista. Embora no título a polícia sugira uma conexão entre as duas coisas, ainda não houve investigação e não é possível estabelecer essa relação.
A cobertura completa da reunião que colocou fim à paralisação dos caminhoneiros em Santos você acompanha neste domingo, às 7h, no SBT.
Por Wellington Nascimento