sexta-feira, novembro 22, 2024

Presidente da Anfavea faz balanço e aponta desafios para próxima gestão

MercadoPresidente da Anfavea faz balanço e aponta desafios para próxima gestão

Durante a Agrishow 2022, encontramos Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) desde 2019. Em entrevista ao Pé Na Estrada, ele falou sobre os desafios e marcos da sua gestão de três anos que termina em abril deste ano. Confira.

Balanço e desafios para a próxima gestão

Pé Na Estrada: Como avalia sua gestão?

Luiz Carlos Moraes: Foram três anos bem desafiadores, porque preparamos um plano de trabalho e foi preciso adaptar devido a pandemia. Concessionárias e DETRANs fechados, fábricas paradas, aquele medo da pandemia nas montadoras, aquele desafio. 

Logo em seguida tivemos que tocar as fabricas, faltou capital de giro para as pequena e médias empresas. Foi preciso negociar os acordos com os trabalhadores, reduzir as jornadas de trabalho. Esse foi um trabalho que fizemos junto com o governo e com outros setores. 

Na sequência veio a falta de componentes, aço, borracha, resinas plásticas e depois veio a falta dos semicondutores que ainda afeta o nosso setor. São grandes problemas que temos enfrentado nesse setor ao longo desses dois anos. Agora teve a guerra que também trouxe outras consequências na cadeia logística. 

Contudo, nós também aproveitamos esse tempo para produzir respiradores, essa acho que foi uma grande ação, produzimos máscaras, cedemos veículos para atender à sociedade naquele momento crítico da pandemia.

De maneira geral conseguimos desenvolver um trabalho em conjunto para tentar diminuir o impacto para as nossas empresas, para os nossos clientes, para esse pessoal da estrada. Conseguimos manter na pandemia o atendimento de manutenção e também oferecer produtos mais modernos, mais eficientes também. Apesar de tudo isso, estamos aqui na Agrishow mostrando produtos para os nossos clientes.

Outra contribuição que nossa gestão conseguiu concluir e entregar foi o estudo da descarbonização, como que fica com essas novas tecnologias a questão das emissões dos gases e a redução dos poluentes locais. 

Nós temos muitos estudos que mostram alternativas que poderão ser adotadas pelo governo brasileiro olhando não para o próximo ano, mas daqui 10, 15 anos. Então um a grande contribuição para o debate de uma política pública prevendo a descarbonização aqui no Brasil também. 

Marcos da gestão de Luiz Carlos Moraes

Pé Na Estrada: Um grupo de trabalho foi criado com o tema da descarbonização. Para os caminhões especificamente, quais os desdobramentos?

Luiz Carlos Moraes: Para caminhões, o nosso conhecimento agora indica que é possível eletrificação para aplicações urbanas, para um caminhão que roda 100 km por dia, que volta para a garagem e abastece, no outro dia ele roda.

Para distribuição urbana, comércio eletrônico é uma aplicação interessante e viável porque você não precisa de um a infraestrutura tão sofisticada, consegue fazer a infraestrutura de abastecimento na própria transportadora.

Da mesma forma para ônibus urbano que roda a 250, 280 km por dia. Logo, ele pode rodar com aquela carga, voltar para a garagem do operador à noite para carregar a bateria e assim por diante. 

Para longa distância, ainda acreditamos que o diesel é mais representativo, mas a gente tem que pensar na descarbonização. Por isso, além as montadoras estão aprimorando suas tecnologias para trazer, além da segurança para o veículo, a redução de consumo para a queda dos custos para a transportadora e o caminhoneiro.

O biodiesel, o HVO (Óleo Vegetal Hidrogenado) que é o diesel verde, também é uma alternativa que vai trazer eficiência para o transporte de longa distância e também ajudar na descarbonização. Estamos preocupados com as futuras gerações, como nós podemos ter um meio ambiente mais adequado, porque caminhão roda muito por mês, então precisamos pensar nesse modal também. 

Resumindo, para curta distância enxergamos a eletrificação, com produtos já sendo comercializados no Brasil e para média e longa distância, estamos trabalhando com HVO como uma alternativa bastante boa para poder ajudar na descarbonização. 

Pé Na Estrada: Sobre o Renovar, existe uma expectativa para a chegada da regulamentação? Porque havia previsão de que seria publicada até final de abril.

Luiz Carlos Moraes: Foi um grande avanço da nossa gestão de trabalhar com o governo nos últimos três anos. Na realidade nós trabalhamos esse tema há mais de 15 anos, mas nesses três anos, nós tivemos um esforço concentrado e criamos esse programa que é o Renovar, que foi divulgado por meio da medida provisória. 

Como você falou, aguardamos o detalhamento, pois ajuda a operacionalizar esse programa. Estamos conversando com o governo num sentido de liberar o mais rápido possível essa regulamentação para que os agentes que vão operar montadoras, concessionárias e os próprios caminhoneiros que estejam interessados em entregar seu caminhão se sintam estimulados a isso. 

Que o caminhoneiro seja incentivado a entregar seu veículo que está desatulizalizado, que consome e polui mais, que é mais inseguro, para que possamos dar o tratamento adequado. Além disso, ele poder ter acesso também a um veículo seminovo com melhores condições, mais econômico, menos poluente ou se ele desejar, se ele puder ter um caminhão zero quilômetro, essa é a lógica do programa. 

A intenção do Renovar não é vender caminhão novo, isso é uma consequência, o objetivo real é retirar de circulação os caminhões muito antigos que não são eficientes e possibilitar a esse transportador ou motorista ter um equipamento mais moderno e mais adequado para o trabalho dele. 

Pé Na Estrada: Já que estamos na feira [Agrishow], o que o programa Renovar traz para o agronegócio?

Luiz Carlos Moraes: Aqui no agronegócio, todas as montadoras trouxeram caminhões desenvolvidos para a aplicação no agro, com características especificas para ajudar na agricultura, no transporte de grãos, e também caminhões de apoio ao setor.

São vários modelos aqui, inclusive tem já semiautônomos, caminhões movidos a biometano, gás, ou seja, muita tecnologia para esse setor, que é pujante da economia brasileira e que as montadoras olham com muita atenção porque está crescendo muito no Brasil.

O país vai fechar ao redor de 270 milhões de toneladas em grão, que é um número bastante interessante, e vai gerar novos negócios. Por isso, as montadoras estão aqui também com esse olhar, de trazer soluções de tecnologia que reduzam o custo de produção do agricultor, que ofereçam um caminhão mais eficiente, mais tecnológico . No final é eficiência para a agricultura e isso significa maior resultado para o nosso cliente aqui no setor agro. 

Por Jacqueline Maria da Silva 

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