segunda-feira, novembro 25, 2024

Das cinco possíveis prioridades do governo em infraestrutura logística, quatro são obras de ferrovias

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A revista Carta Capital elencou 5 obras de infraestrutura logística que foram apontadas por especialistas como possíveis prioridades do governo eleito. 

Ferrogrão

A Ferrogrão é um projeto que prevê a criação de 933 quilômetros de ferrovias, com intuito de conectar os munícipios de Sinop (MT) a Itaituba (PA). Isso facilitaria o acesso dos produtores mato-grossenses aos portos do norte do país e diminuiria o tráfego de caminhões pela BR-163. Esses fatores contribuiriam para o escoamento de grãos, em especial a soja, a exportação desses produtos e o barateamento do frete.

Para avançar no projeto, criado em 2012, será necessário o investimento de R$ 31 bilhões de reais. Além disso, o plano precisará passar pela aprovação do Supremo Tribunal Federal. Isso porque o STF barrou o projeto após uma ação do PSOL, que argumentava que a ferrovia atravessaria o Parque Nacional do Jamanxim, afetando os povos indígenas da Bacia do Xingu, no Pará. 

Apesar de receber críticas dos ambientalistas, o governador do Mato Grosso e Renan Calheiros Filho, Ministro dos Transportes, são a favor da obra. O julgamento do caso pelo STF está marcado para o dia 31 de maio. Até lá, é possível que o Renan discuta o tema com o Ministério do Meio Ambiente.

Acessos ao Porto de Santos

Um dos problemas relacionado a infraestrutura logística do Brasil é a condição das rodovias que dão acesso ao Porto de Santos, considerado o maior terminal Portuário da América Latina e motivo de queixa por parte dos caminhoneiros.

Outra questão, apontada pelos especialistas, é que nesse porto os navios transportam menos carga do que poderiam para conseguir transitar pelo local. A solução, nesse caso, seria o aprofundamento do canal marítimo. Para isso, essa obra necessitaria de investimentos na ordem de R$ 1,4 bilhão em recursos públicos, segundo estimativa da antiga gestão do Ministério da Infraestrutura, de Tarcísio de Freitas.

Para o político, que atualmente é governador do estado de São Paulo, o caminho para a melhoria seria a privatização do porto. Contudo, o Ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, é resistente à proposta. 

Ferrovias de integração do Centro-Oeste

Trata-se de um projeto, criado no segundo mandato do governo Lula, que prevê a construção de 1.641 quilômetros de extensão abrangendo três trechos entre Goiás, Mato Grosso e Rondônia. A Confederação Nacional da Agricultura cobrou a implantação dessa malha como prioritária. Segundo o governo, avanços com as obras já vêm ocorrendo, como a aquisição de oito mil toneladas de trilhos. 

Ainda de acordo com Renan Filho, a conclusão dos estudos relacionados a essa malha ferroviária foi incluída no plano de 100 dias e existe a possibilidade de concessão da obra. A previsão de investimentos dessa ferrovia é de R$ 2,73 bilhões. 

Ferrovia Norte-Sul 

Essa ferrovia está em construção há 30 anos e o Ministério dos Transportes colocou como prioridade o avanço nas obras do trecho de 280 quilômetros entre Ouro Verde de Goiás e Rio Verde, munícipios de Goiás.

A extensão total dessa malha é de quatro mil quilômetros passando por todas as regiões brasileiras. De acordo com um dos especialistas, a obra é prioritária por conta do potencial de conexão nacional. 

Ferrovia Transnordestina

A Transnordestina começou a ser construída em 2006 com previsão de término em 4 anos. Em 2017 sofreu restrições por decisão do Tribunal de Contas da União por questões judiciais. A malha se apresenta como uma possibilidade de desenvolvimento para o nordeste, pois atravessará 81 municípios, passando pelos portos de Pecém (CE) e Suape (PE).

No total, serão 1.753 quilômetros de extensão, sendo que, atualmente, metade da obra está concluída. Para avançar na construção são necessários R$ 8,9 bilhões em investimentos.

Com relação ao andamento da ferrovia, o trecho de ligação do Ceará está previsto para ser concluído em 2025. Além disso, no plano de 100 dias foi incluída uma visita às obras pelo então ministro dos transportes.

Das cinco possíveis prioridades do governo em infraestrutura logística, quatro são obras de ferrovias
Apenas nove a cada 100 metros de rodovias pavimentadas estão em boas condições de trafegar no Brasil

Ferrovias X rodovias: Quais são as reais prioridades do Brasil?

De acordo com os especialistas entrevistados pela Carta Capital, existe um cenário favorável para obras relacionadas ao escoamento da produção agrícola. No entanto, as prioridades citadas acima estão voltadas, em sua maioria, para construção de ferrovias. Nada se falou em prioridades relacionadas às rodovias, que favoreceriam, justamente, o tráfego de carga por caminhões.

Levando em consideração que o Brasil é um país transcontinental, investimentos nos diversos modais são imprescindíveis para aumentar a competitividade logística. No entanto, chama atenção que dentro das prioridades apontadas não sejam citadas melhorias e/ou construção de rodovias.

Por conta da má condição das estradas, o Brasil perde em competitividade, ocupando a 93ª posição no ranking entre 141 países do mundo. Bem abaixo de outros países sul-americanos como Chile, 16ª, e Argentina, 47ª posição, conforme pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes).

O transporte rodoviário é responsável por 64% do escoamento de carga. Entretanto, apenas 12% das vias são pavimentadas, sendo que a cada 100 metros de rodovia pavimentada, apenas 9 metros estão em boas condições para trafegar, de acordo com a Confederação.

Investimentos necessários

Em janeiro deste ano, o Ministério do Transportes, desmembrado do antigo Ministério da Infraestrutura, divulgou um investimento de R$ 1,7 bilhão em obras de infraestrutura ligado ao plano de 100 dias, que contempla ações consideradas prioritárias pela pasta.

O recurso será destinado para execução de obras em 12 das principais rodovias do país e para entrega de 861 quilômetros de estradas construídas, revitalizadas e sinalizadas até abril de 2023.

No contexto geral, o investimento previsto para o plano 100 dias não chega nem perto do valor estimado para essas obras consideradas prioritárias pelos especialistas da Carta Capital, que somam mais de R$ 40 bilhões. Já quando falamos em rodovias, segundo a CNT, seriam necessários R$ 72 bilhões para recuperação das vias e R$ 94,93 bilhões para solucionar problemas de pavimento.

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Por Jacqueline Maria da Silva com informações da Carta Capital e CNT

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