A Mercedes-Benz apresentou, no Congresso SAE Brasil 2025, uma versão sustentável do caminhão pesado Axor. O veículo, baseado nos modelos 2038 4×2 e 2545 6×2, está equipado com um motor capaz de operar exclusivamente com biodiesel, sem mistura de diesel derivado de petróleo.
Entre os itens sustentáveis, destacam-se os estofados dos bancos e o tanque de Arla 32, produzido com plástico verde derivado da cana-de-açúcar. O diferencial desse material está no fato de ser um tipo de polietileno de alta densidade (HDPE) que, ao contrário do plástico convencional, absorve gás carbônico (CO₂) da atmosfera durante sua produção.

Cada tonelada do composto representa uma redução líquida nas emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, o novo material mantém as mesmas propriedades químicas, físicas e de desempenho do HDPE tradicional, podendo ser aplicado nas mesmas ferramentas e moldes industriais sem necessidade de ajustes ou novos testes.
Mercedes Axor com motor B100 e itens recicláveis não está a venda
O conceito do Axor com materiais recicláveis ainda não está disponível comercialmente, mas sinaliza o caminho da Mercedes-Benz rumo à descarbonização de seus produtos.
Outra iniciativa de destaque no evento foi a Toyota Hilux movida a biometano, uma releitura do protótipo exibido na Agrishow 2025.
“A trajetória da Toyota é marcada pelo pioneirismo no desenvolvimento de novas tecnologias. Fomos os primeiros nos híbridos e híbridos flex, e agora reafirmamos nosso compromisso com uma mobilidade mais sustentável com o protótipo da Hilux a biometano”, afirma Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil.

Hilux usa cilindros na caçamba. No futuro, vão para outro lugar
A picape utiliza o mesmo motor 2.8 turbo diesel da Hilux, porém adaptado para funcionar com gás. As principais alterações incluem novo cabeçote e pistões, adição de bobinas e velas, e um corpo de borboleta para a mistura de ar e biometano.
Os testes indicaram redução de até 80% nas emissões de carbono em relação à versão a diesel. Inicialmente, os cilindros de gás ficam na caçamba, mas o layout final deve ser otimizado para preservar a capacidade de carga.
Sustentabilidade nas fábricas e nas estradas
Além da Mercedes-Benz e da Toyota, outras montadoras também mostraram avanços em sustentabilidade. A Scania, por exemplo, apresentou na Fenatran 2024 um projeto de para-choques fabricados com garrafas PET recicladas. A estimativa é que, considerando uma produção anual de 30 mil veículos, cerca de 1,5 milhão de garrafas PET deixem de ir para o lixo.
Já a Volvo, por exemplo, firmou parceria com uma transportadora de Juiz de Fora (MG) para utilizar biodiesel B100 produzido a partir de óleo de cozinha reciclado.
O modelo de economia circular, que reaproveita integralmente a matéria-prima, reduz as emissões de CO₂ e ajuda a minimizar os impactos ambientais.
O projeto inclui dez caminhões Volvo FH B100 Flex em operação e resultará na instalação de uma usina de biodiesel e de um posto de abastecimento dentro do terreno da transportadora, que ocupa uma área de 75 mil m². A capacidade inicial de produção será de 30 mil litros de biocombustível por mês.


Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.