Você que trabalha no dia-a-dia do trecho, cortando as estradas do país ao longo do ano, certamente já se deparou com pontes de madeira ou concreto em condições estruturais precárias, não é mesmo?
A má conservação destas estruturas é um problema crônico do sistema rodoviário brasileiro, sendo um dos fatores fundamentais para o atraso de entregas, problemas nos veículos, entre outras questões que prejudicam o estradeiro.
Nesse sentido, a Diretoria Colegiada do DNIT aprovou o Álbum de Projetos-Tipo de Pontes Semipermanentes, projeto que mostra como devem ser construídas as novas estruturas em substituição a pontes de madeira ou em condições precárias de conservação. São pontes que vão permanecer nos locais por um período de tempo, até a implantação da estrutura definitiva.
O que apresenta o álbum do DNIT?
Elaborado sob a coordenação do Instituto de Pesquisas em Transporte (IPR/DNIT), o álbum abrange algumas soluções de pontes semipermanentes de uma faixa de tráfego.
Logo, serão contempladas soluções de tabuleiros em vigas mistas (concreto e aço) e em concreto protendido, materiais com maior vida útil em comparação à madeira. Dessa forma, os custos com manutenção são menores, sendo o custo do ciclo de vida das novas pontes inferior ao custo de instalação e manutenção das pontes de madeira para o mesmo período.
De acordo com o DNIT, o tempo de interdição necessário para a realização das atividades de manutenção em pontes de madeira deverá ser menor. Em geral, são realizadas interdições totais, podendo durar dias, o que afeta o usuário da rodovia. Com as pontes previstas no Álbum, as ações de manutenção serão menos constantes e quase sempre poderão ser realizadas sem a interdição da estrutura para o tráfego.
Para cada uma das soluções são previstos tabuleiros de 10 metros, 15 metros e 20 metros, que poderão ser combinados para transpor vãos de maior comprimento, mediante a utilização de apoios intermediários, também previstos no álbum.
Por fim, vale destacar que o álbum traz todo detalhamento e a memória de cálculo para a superestrutura, apoios intermediários e encontros, necessitando apenas a elaboração do projeto de fundações, disciplina que não foi incluída em função da variabilidade natural do solo de uma região para outra.
As condições das pontes no Brasil
Segundo informações da última Pesquisa CNT de Rodovias realizada em 2021, os trechos geridos por concessionárias apresentam melhor conservação em estruturas de pontes e viadutos, do que as rodovias públicas.
Nesse sentido, o estudo aponta que em relação às rodovias concedidas, foi identificado que em 66,0% da extensão há pelo menos uma ponte (15.607 quilômetros). Dessa extensão, 45,0% (7.026 quilômetros) das pontes ou viadutos possuem acostamento.
As proteções de cabeceira e proteções laterais estão presentes na maior parte
destas infraestruturas identificadas em rodovias concedidas: 86,2% (13.451
quilômetros) com proteção de cabeceira e 97,2% (15.176 quilômetros) com proteção
lateral.
Em contrapartida, as condições das pontes são inferiores nas rodovias públicas. Dentre as
pontes e/ou viadutos identificados, em 48,4% (41.383 quilômetros) da extensão, 81,7% (33.825 quilômetros) não possuem acostamento; 36,0% não possuem proteção de cabeceira; e 16,5% não têm proteção lateral.
Aqui no Pé Na Estrada, já apresentamos em diversas oportunidades as condições de pontes em alguns estados do país. No ano passado, Pedro Trucão conversou com um estradeiro que já passou por dificuldades em pontes de madeira com estrutura precária. Veja no vídeo abaixo.
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Por Daniel Santana com informações do DNIT e da CNT