Viver na estrada tem suas vantagens, mas se o motorista não se manter atento, corre o risco de prejudicar a própria saúde. Ficar sentado por muitas horas e falta de exercício deixam os caminhoneiros propensos a obesidade, que hoje afeta mais da metade da população brasileira. Já o excesso de ruídos a longo prazo pode prejudicar a audição do estradeiro. Mas você sabia que os ruídos do trânsito aumentam o risco de obesidade dos motoristas?
Assista: Saúde do caminhoneiro brasileiro e obesidade
É o que constatou um estudo realizado pelo Instituto de Barcelona para a Saúde Global (ISGlobal), que identificou que pessoas expostas aos ruídos do trânsito têm maior risco de serem obesas.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, um tráfego pesado emite em média 80 decibéis – unidade usada para medir a intensidade ou volume de sons – enquanto que um automóvel a 20 metros de distância produz um barulho de 70 decibéis.
“Observamos que um aumento de dez decibéis no nível médio de ruído foi associado a um risco 17% maior de obesidade. Nosso estudo contribui com evidências adicionais para apoiar a hipótese de que o ruído relacionado ao trânsito afeta a obesidade porque os resultados obtidos em uma população diferente foram os mesmos relatados pelos autores de estudos anteriores”, explica Maria Foraster, autora do estudo e pesquisadora do ISGlobal.
A pesquisa avaliou mais de 3 mil pessoas, em 10 anos, levando em consideração medidas como o peso dos participantes, altura, índice de massa corporal, circunferência da cintura e gordura abdominal. Foi avaliado também o efeito da poluição sonora causada por aeronaves e linhas de trem, associado a um risco maior de sobrepeso em longas exposições, não chegando à obesidade.
“Este estudo não permite concluir com certeza qual foi a ligação entre o excesso de barulho e a obesidade. Mas acreditamos que isso ocorra por causa de um prejuízo do sono. Vários estudos anteriores já mostravam que pessoas que dormem mal, tem mais risco de desenvolver a obesidade”, conta Walmir Coutinho, diretor do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
O barulho gera estresse e afeta o sono, além de alterar os níveis de hormônios e aumentar a pressão sanguínea. Entre outros efeitos, os distúrbios do sono desregulam o metabolismo da glicose e alteram o apetite. A longo prazo, tais efeitos podem evoluir para alterações psicológicas crônicas.
Com informações do Jornal Extra