Na última quinta-feira (15), os fabricantes nacionais de pneus defenderam o fim da medida imposta pelo governo federal, que zerou o imposto de importação do produto voltado ao transporte de carga no início do ano, afirmando que, além de gerar vantagem desleal para produtores de fora do país e perda de arrecadação interna, a medida não colabora para reduzir custos para os caminhoneiros autônomos.
Dados sobre a importação de pneus
A ANIP, Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, apresentou dados afirmando que em maio o Brasil registrou a maior importação de pneus dos últimos 10 anos, 274 mil. O volume representa uma alta de 74,5% em relação à média mensal, desde 2017.
Em janeiro, pressionado pelas ameaças de greve por parte dos caminhoneiros, o governo reduziu de 16% para zero o imposto de importação de pneus de veículos de carga, afirmando que a medida tinha como principal objetivo, ajudar a diminuir custos do transporte rodoviário no país.
Mas pelas contas da entidade, apesar do preço dos importados ser menor, eles acabam acarretando em custos maiores para os caminhoneiros uma vez que estes pneus precisam ser trocados com mais frequência diante das condições brasileiras de tráfego.
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O prejuízo causado, segundo a ANIP
“O custo adicional num caminhão que usa 18 pneus vai ser de 56 mil reais em relação ao uso do pneu nacional”, disse à jornalistas o presidente da Anip, Klaus Curt Muller. Segundo ele, enquanto o pneu nacional permite ser reformado até duas vezes ao longo de um intervalo de 300 mil quilômetros, a reforma de um importado pode ser feita apenas uma vez no mesmo intervalo e, em até 30% dos casos, ele não pode ser reformado.
Segundo informações da entidade, de janeiro a junho, a perda de arrecadação com o imposto zerado de importação de pneus de carga soma 117 milhões de reais. A Anip também reclama que a medida foi publicada sem o estabelecimento de um prazo para ser revertida.
“Quando se tem medida que é para sanar problema econômico, esse problema tem um período para ser resolvido…isso é clássico, mas com um prazo estabelecido”, afirma Muller. “A intenção do governo de abrir a importação para ajudar caminhoneiro vai contra ele e atrapalha…A medida beneficia apenas os importadores”, ressaltou.
O executivo também afirmou que os fabricantes nacionais estão investindo mais para aumentar a oferta, abalada pelos desequilíbrios gerados pela Covid-19, e estão até trazendo por avião borracha natural para cumprirem com volumes de entregas de pneus contratados para segmentos que estão altamente demandantes atualmente, como os de implementos rodoviários.
“Precisamos, para continuarmos investindo, fazer com que o imposto volte a 16%. Se não, a solução para os próximos anos é importar pneu e aí vamos desligando linhas de produção de pneus de carga”, disse.
O que propõe a entidade?
Muller afirmou que a Anip enviou ao governo sugestões para a reversão da medida e para o uso dos recursos que estão sendo perdidos com a desoneração, que seria financiar um programa de crédito para aquisição de pneus, nacionais ou importados, que cumpram com regras ambientais de destinação após o uso, na forma de um cartão do BNDES. Nesse sentido, o foco seriam os caminhoneiros autônomos.
O objetivo seria viabilizar a compra de pneus a prazo com taxas mais baixas ou até mesmo sem o pagamento de juros. Muller argumenta que o dinheiro viria da arrecadação gerada pela volta do imposto.
De acordo com ele, as importadoras também podem se beneficiar, porém, teriam de cumprir com as mesmas regras impostas às fabricantes locais, inclusive as ligadas ao meio-ambiente.
Por Daniel Santana com informações do Portal NTC
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