A edição de 20 anos da Pesquisa CNT de Rodovias não trouxe nenhum presente em 2016. Como o pessoal do trecho bem sabe, a situação das estradas brasileiras está precária. Dos nossos mais de um milhão e setecentos mil quilômetros de rodovias, apenas 12% estão asfaltadas. Dessas, a CNT percorreu 103 mil quilômetros para fazer o estudo. O que se encontrou foi 58,2% das vias com problemas. Dentre essas, quais são as piores rodovias do Brasil?
Uma coisa que se percebe é que o maior problema de nossas vias é a geometria, ou seja, o desenho da via, se ela está duplicada, se possui acostamento e faixas adicionais de subida, se tem curvas perigosas e outras características. Até vias concessionadas deixam a desejar nesse quesito. Como a maior parte de nossas estradas foram construídas na década de 1970, elas foram feitas para outra realidade, outra quantidade de veículos, outros tamanhos de caminhões. Infelizmente a adequação para as necessidades atuais, quando acontece, é de forma lenta.
Quais são as piores rodovias do Brasil em 2016?
De forma geral, as piores vias estão na Região Norte, principalmente no Acre e Amazonas. Outra característica em comum é a gestão pública. Todas as top 10 estão na mão do estado.
10a – Belém PA – Guaraí TO
BR 222, PA 150, PA 151, PA 252, PA 287, PA 447, PA 475, PA 483, TO 336
9a – Barracão PR – Cascavel PR
BR 163, PR 163/ BR 163, PR 182/ BR 163, PR 582/ BR 163
8a – Marabá PA – Wanderlândia TO
BR 153, BR 230, PA 153/ BR 153
7a – Brasília DF – Palmas TO
BR 010, DF 345/ BR 010, GO 118, GO 118/BR 010, TO 010, TO 050, TO 050/BR 010, TO 342
6a – Teresina PI – Barreiras BA
BR 020, BR 135, BR 235, BR 343, PI 140, PI 141/BR 324, PI 361
5a – São Vicente do Sul RS – Santana do Livramento RS
BR 158, RS 241, RS 640
4a – Rio Verde GO – Iporá GO
GO 174
3a – Marabá PA – Dom Eliseu PA
BR 222
2a – Jataí GO – Piranhas GO
BR 158
1a – Natividade TO – Barreiras BA
BA 460, BA 460/BR 242, TO 040, TO 280
Público x Privado
Enquanto os 10 piores trechos são públicos, os 10 melhores são privados (veja quais são aqui). Claro! Ninguém esperava diferente. O triste é pagar pedágio e rodar em vias regulares, com trincas no asfalto, sem acostamento, sem segurança. Infelizmente podemos ver muito disso no ranking.
Mesmo rodovias muito criticadas como a Régis Bittencourt (26a posição) e a Fernão Dias (24a posição) receberam classificação boa e ótima, respectivamente, em seus pavimentos. Se o asfalto na Fernão foi considerado ótimo, imagine como é a situação da BA 099, SE 318, trecho entre Salvador BA e Estância SE que ficou apenas na 52a posição do ranking, ou o da BR 376 entre Arapongas PR e Curitiba PR, que ficou nas 63a e 64a posições. É complicado pagar e não encontrar excelência na prestação do serviço.
Por outro lado, algumas vias públicas ficaram melhor posicionadas que várias concessionadas, como é o caso da BR 101 entre Curitiba e Porto Alegre, que ficou em 20a e a BR 343 entre Piripiri e Parnaíba no Piauí, que ficou em 21a.
Custos de rodar em rodovias ruins
O pessoal do trecho já sabe, rodovia ruim rasga pneu, quebra molas, desgasta peças, solta porcas e tantas outras coisas. Elas também obrigam o motorista a rodar mais devagar e isso aumenta o consumo de combustível. Segundo a CNT, apenas em 2016, os transportadores do Brasil perderam R$ 2,34 bilhões só com diesel gasto a mais por conta do pavimento ruim. Pra se ter uma ideia do quanto de poluição extra isso joga na natureza, seria necessário plantar 12,69 milhões de árvores, que levariam 20 anos para compensar esse desperdício.
Isso sem falar no dinheiro, já que o diesel é o maior custo de um caminhão. Segundo a pesquisa, quanto pior é o asfalto, mais alto é o custo da operação, chegando a quase dobrar em rodovias consideradas péssimas.
E mesmo em vias concedidas, o motorista ainda perde dinheiro, já que muitas estão longe de serem ótimas. Ou seja, ele gasta no pedágio e depois gasta de novo com os custos mais altos pelas condições precárias das vias.
Segundo o relatório, para que as estradas do Brasil atingissem um bom nível de qualidade, seria necessário um investimento de quase R$ 300 bilhões. Mas as verbas liberadas pelo governo não chegam nem perto disso. E o pior, mesmo do que é liberado, muito nem chega a ser usado.
E enquanto o governo brinca de investir em infraestrutura, a economia do Brasil fica menos competitiva e muitos estradeiros perdem suas vidas em nossas estradas precárias.
Para ver a pesquisa completa, clique aqui.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.
[…] Quem roda diariamente pelas estradas do país sabe: infelizmente, grande parte das rodovias do Brasil são conhecidas por sua má qualidade. Não é segredo que entre o ranking das piores rodovias do país, as de gestão pública aparecem em peso. Na lista dos 10 piores trechos do Brasil, todos são públicos. […]
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[…] Tanto a quantidade quanto a qualidade das rodovias pavimentadas formam um abismo que separa as rodovias brasileiras das de outros países. Além de ter uma quantidade menor de estradas, o Brasil possui 61,8% delas dentro das classificações regular, ruim ou péssima. Por aqui, as piores ligações rodoviárias são de gestão pública. […]